Bill Evans and The Impressionists (ou as saudades que tinha de ouvir música clássica)

Mais uma ida ao Barbican (quem ler estas minhas "crónicas" deve começar a achar que é o meu sítio favorito em Londres... não anda muito longe), desta vez para um concerto um pouco diferente. O espectáculo, algures entre a música clássica e o jazz, juntou um um trio de jazz (Kate Williams Trio) e uma orquestra sinfónica (Guildhall School), numa homenagem ao pianista Bill Evans, mas passando também por obras dos ditos impressionistas franceses, como Ravel, Debussy ou Satie. As obras de um e outros têm, pelos vistos, pontos de contacto. Assim pareceu realmente, porque o conjunto global pareceu bastante homogéneo e definitivamente muito interessante. Gostei muito. Há algo neste tipo de espectáculos de terapêutico. O cérebro esquece-se de tudo o resto e voa para longe, tão longe quanto a imaginação assim permitir... Já tinha saudades.

The Grand Budapest Hotel

Um dos meus realizadores favoritos está de volta (podem espreitar Moonrise Kingdom e The Darjeeling Limited em publicações anteriores). Não vou afirmar novamente o quanto gosto de Wes Anderson e da sua estética de realização (que gosto muito), sob pena de me tornar repetitiva. Faço antecipadamente um mea culpa caso venham a ler esta minha opinião e a não concordar - acho que não consigo ser muito imparcial no que diz respeito aos filmes dele. Já não sei dizer se são bons ou maus, ou pelo menos tenho tido dificuldade em fazê-lo, porque gosto sempre muito. Este The Grand Budapest Hotel não é excepção, embora seja um pouco diferente, ainda assim. Menos focado em relações interpessoais disfuncionais (para mim o tema mais bem abordado por Anderson), com um humor algo negro, a contrastar com o colorido dos cenários. Banda sonora impecável, como de costume. Um rol de actores tão bons e famosos que o espectador até fica confuso. Com Ralph Fiennes num registo algo inesperado. E a certeza (porque não pode ser de outra forma) de que esta gente se há-de divertir imenso a fazer estes filmes. Até fico com inveja. 

(Não falo sobre a história porque não quero em momento algum antecipar o impacto que é ver um filme assim sem expectativas.)

Fim-de-semana de cultura e amizade


Vão lá cerca de 3 semanas desde que recebi a primeira visita "oficial" de 2014. Quero com isto dizer a visita de alguém que veio de outro país para estar comigo. E pronto, talvez para ver Londres também.
Sendo a visitante quem era, outra coisa não se poderia esperar que não um fim-de-semana intensivo, repleto de exposições e com visita aos lugares mais interessantes da capital inglesa. Passamos pela Tate Modern, pela Royal Academy of Arts, pela BFI... Acumulando saber, fotografias e postais! Gostei particularmente da exposição de arquitectura Sensing Shapes, patente na RA. Com instalações que incluem trabalhos de Souto Moura e Siza Vieira, desafia a percepção que temos da arquitectura e da sua funcionalidade. Não quero maçar-vos com demasiados pormenores, mas apenas vos digo que é muito bom ter visitas assim, que nos levam a explorar a cidade em que vivemos, à procura de novos lugares e novas vivências. E que nos fazem quebrar a rotina. Obrigada.

Voices for Cuba ou uma noite de música politizada

O evento estava descrito como "Voices for Cuba: an evening of music and spoken word". Com a minha habitual distracção, não li mais do que isto e foi suficiente para ficar interessada em passar esse serão no Barbican. O que não poderia antever é que esta seria, acima de tudo, uma noite politizada. O evento musical tinha como objectivo alertar para e apoiar a causa de cinco cubanos presos nos Estados Unidos por alegadamente serem espiões ao serviço do governo cubano, infiltrados em organizações anti-cubanas americanas (simplisticamente, parece-me que o caso é mais ou menos este). Os cinco cubanos foram sumariamente julgados e condenados em Miami a penas de duração variável, situação que foi alvo de muitas críticas internacionalmente. Dois foram, entretanto, libertados, por terem servido as suas penas (a condenação data de 2001, se não estou em erro). Os três que continuam presos servem penas bastante superiores, pelo que organizações não-governamentais continuam a lutar pela sua libertação e/ou direito a um julgamento justo.
Claro que eu nada sabia sobre isto. E, mesmo agora, pouco sei. Não gosto de ver situações unilateralmente, tal como não gosto de ter pouca informação em assuntos deste género. Por isso, não vou fazer "juízos de valor", daí esperando que esta breve descrição tenha sido o mais neutra possível.
A música, essa, foi muito agradável. Sinto que, por vezes, me fazem falta esses ritmos mais quentes... o bambolear natural do corpo... estarei com saudades de casa?