Queer - William S. Burroughs

Passados quase três meses de um fenómeno algo estranho em mim, consegui finalmente dedicar-me à leitura de um livro. O escolhido foi este Queer, de William S. Burroughs, escritor pertencente à dita Geração Beat. E foi precisamente o facto de estar ligado a essa geração de escritores da década de 1950 que me fez comprar este livro e embarcar na sua leitura. 
Como o próprio título indica, Queer é um livro sobre homossexualidade (masculina) e a segunda obra literária de Burroughs. Em larga escala baseado na experiência pessoal do autor, este livro segue a vivência de William Lee (alter ego de Burroughs, também personagem principal do anterior Junky) durante os anos 1950, na Cidade do México, e a sua história de amor com um jovem algo apático de nome Eugene Allerton. 
Não é, seguramente, a leitura mais óbvia, mesmo para alguém que muito aprecie a Geração Beat (e não tenho a certeza de ser um desses casos...). No entanto, a introdução por Oliver Harris no início do livro faz uma contextualização tão interessante da obra, incluindo os meandros que rodearam a sua publicação (refira-se que este livro foi escrito em 1952, mas publicado pela primeira vez somente em 1985), que a sua leitura se torna incomparavelmente mais rica. Assim, posso dizer que gostei de ler esta pequena obra de 135 páginas. Foi uma leitura ávida e fácil, ainda que a escrita de Burroughs não me agrade particularmente - um pouco coloquial em demasia, na minha opinião. Não obstante, fico com curiosidade de ler Naked Lunch, essa sim a obra mais emblemática de Burroughs. Não sei se terei estômago para tanto, mas logo veremos.

A vida de Pi

Durante a minha estadia em Lisboa, fui também ver a adaptação cinematográfica de uma obra que muito de impressionou. Estou a falar de A vida de Pi, livro de Yann Martel. Quando soube que a obra estava a ser adaptada ao cinema, fiquei algo surpreendida, porque não é uma história nada óbvia para passar para a grande tela... No entanto, Ang Lee conseguiu, na minha opinião, fazer um óptimo trabalho, quer na transposição da história, quer na gestão de tempo e ritmo dessa mesma história. Como podem ler no que escrevi sobre o livro, grande parte da acção é passada em alto mar, com apenas duas personagens. Logo por aí podem perceber que é provavelmente difícil manter o espectador interessado e contar a história de forma a que as pessoas se mantenham acordadas! Mas o que às vezes é provável, nem sempre se verifica. Claro que Ang Lee optou por fazer um filme muito mais condensado (em relação ao livro) e de certa forma bem menos violento. Porque talvez o objectivo principal fosse dar ênfase àquela que é a grande questão do filme/história: a fé como motor de vida. Nesse aspecto, a adaptação ao grande ecrã de A vida de Pi está virtualmente fiel ao seu original literário. E talvez por isso tenha gostado muito do filme. Está lá tudo, para quem quiser ver. Ou, alternativamente, pode ser "apenas" a história de como um miúdo sobreviveu a um naufrágio em alto mar na companhia de um tigre de Bengala.

Guia para um Final Feliz

O regresso a Lisboa trouxe igualmente o regresso às "saudosas" sessões de cinema. Para uma bela tarde de fim-de-semana, o filme escolhido foi um dos candidatos aos Óscares, este "Guia para um final feliz". Claro que houve desconfiança, tanto em relação ao título (e ao que ele implica) como ao facto de Bradley Cooper, conhecido de filmes como "A Ressaca", ser o actor principal (e estar nomeado para o Óscar de Melhor Actor...). Desconfianças à parte, estamos a falar de uma sessão de cinema de tarde de fim-de-semana.... Mesmo que daqui saísse uma comédia romântica, tudo ficaria bem na mesma.
Digamos que não é exactamente o caso, ou pelo menos não o é a primeira (ou mais) metade do filme. Pat é bipolar e saiu recentemente de uma instituição mental, regressando a casa dos pais, onde tenta reconstruir a vida que tinha antes de ser internado (reconquistar a mulher, o emprego, reencontrar os amigos). É neste período de reajustamento que conhece Tifanny, uma jovem mulher que perdeu recentemente o marido e que luta por fazer adequadamente o seu luto. A relação entre os dois será tudo menos trivial, proporcionando momentos de humor deliciosos. Mas será precisamente esta relação entre eles que permitirá a cada um encontrar o seu lugar na sociedade, o seu "quê" de normalidade dentro da anormalidade que todos partilhamos... Portanto, a primeira parte, em que lidamos com o comportamento desfasado de ambos, é muito boa e interessante. Depois, a partir de determinada altura, sabemos que o filme tem que se encaminhar para o dito final feliz, por isso é só uma questão de como lá vai chegar... Nesse prisma, o filme torna-se completamente previsível (se bem que continuo com a minha opinião que não há nada de mal em finais previsíveis). 
Pessoalmente, gostei do filme. É um filme de esperança, por assim dizer. Li outro dia uma crítica a este filme que exemplifica um pouco a minha opinião. E que diz "Os truques, as rotinas, os “slogans” que Pat encontra para se motivar e para se manter focado, os objectivos que procura atingir, a maneira como quer controlar as suas características negativas deviam ser uma inspiração para todos numa fase em que sentimos que as coisas estão tão mal que ter uma chance de um final feliz, já é muita sorte." (Leonor Capela, P3, Público)

Uma carteira para a minha princesa


Finalmente! O meu primeiro trabalho em feltro (o primeiro de vários, esperemos) foi dedicado à minha sobrinha e consistiu numa carteira para usar a tiracolo, decorada com um gato, na parte da frente, e um peixinho, na parte de trás. Embora a execução não tenha sido demasiado complicada (para as minhas capacidades, perceba-se) e tenha demorado, na prática, três dias, arrastou-se por cerca de dois meses (consequência da minha preguiça). 
Os acabamentos finais foi o que mais trabalho me deu, nomeadamente a parte do fecho, mas estou muito contente com o resultado final - para um primeiro trabalho, acho que ficou bastante bonito. E a princesa parece ter gostado, pelo que o objectivo principal está cumprido. 

Sei Miguel ao vivo na ZDB

Depois de uma temporada a matar saudades da minha bela terra natal, o regresso ao bulício de Lisboa trouxe também o regresso a programas mais "culturais". Assim, na passada semana fui pela segunda vez até à Galeria Zé dos Bois (ZDB), para assistir ao concerto de Sei Miguel Unit Core. Concerto de jazz dessa personagem sobre a qual já havia ouvido falar, mas até então desconhecida para mim. Sei Miguel tocou em forma de quarteto, contando com a presença de Pedro Gomes na guitarra, Fala Mariam no trombone e César Burago nas percussões. Sei Miguel toca o seu habitual trompete (mais corneta que outra coisa qualquer, como ele próprio afirma). Sei Miguel é um verdadeiro entertainer, gosta de fazer introduções às suas composições (o que eu gosto bastante, devo admitir). Mas quando logo no início do concerto nos informa que as composições que irá abordar neste concerto poderão ser apelidadas por vozes mais críticas como música desfragmentada, devo confessar que fiquei um bocadinho de pé atrás (não que me veja como uma voz muito crítica da música...). Apesar de tudo, houve momentos mais ritmados e melódicos, dos quais gostei. Não obstante, foi um concerto altamente idiossincrático, mas que valeu bem a pena. Sair durante a semana, ir até ao Bairro Alto num dia sem enchentes, matar conversa... Acho que me podia facilmente habituar a este estilo de vida.

Golas multicolores


Depois de um início promissor, a conclusão deste gola multicolor demorou muito mais tempo do que eu estava inicialmente à espera. Talvez pelo tipo de ponto utilizado (ponto de arroz duplo), que dá um bocadinho mais de trabalho do que aquilo que estou habituada. Embora o meu "hábito" seja muito recente, como já se devem ter apercebido! Ainda assim, fiquei muito contente com o resultado final, apesar do meu ponto de tricot ainda não ser completamente certinho e ter algumas imperfeições. Hoje dei o toque final, cosendo a gola, e até já a andei a passear, muito orgulhosa!


Numa outra liga de tricot'zices está esta gola que a minha mãe me fez recentemente, em lã multicolor e com um torcido central. Ficou deslumbrante com toda a mescla de cores e super elegante, com os dois botões em pele (recicladíssimos!) para aconchegar perfeitamente o pescoço. 

Um dia também quero fazer coisas assim bonitas e delicadas. Mas, para já, vou treinando as minhas capacidades fazendo umas golas mais simples... Lá chegarei, assim o espero.