Her

Na semana passada houve nova ida ao cinema. A ideia original era ver o Dallas Buyers Club, mas acabamos por ir ver este Her, o mais recente filme de Spike Jonze. A premissa de juntar Jonze na realização e Joaquin Phoenix na interpretação é sem dúvida interessante e promissora, conhecido que é o registo de "estranheza" que ambos partilham.
Nesse respeito, Her não desiludiu. Mas vamos, então, à história. Estamos em 2025. Theodore é um homem calmo a atravessar um doloroso processo de divórcio. Decide comprar um novo sistema operativo, o qual tem capacidades evolutivas e de adaptação ao utilizador. Por iniciativa de Theodore, o seu terá uma voz feminina e escolhe para si próprio o nome de Samantha. Claro que, após esta interacção inicial, ficamos logo a perceber que a relação entre os dois, Theodore e o sistema operativo Samantha, será especial. Mas não faz mal, essa é a ideia principal do filme: um homem que se apaixona e enceta uma relação com o seu sistema operativo.
Ok, claro que é estranho. Mas vamos por partes. Primeiro, o filme em si - a interpretação de Phoenix é muito boa, para ser comedida nos elogios, principalmente se consideramos que ele representa sozinho na grande parte das cenas. Há nele uma fragilidade latente quase irresistível. Depois, a estética - no futuro, tudo é retro, desde a decoração ao vestuário. E terrivelmente colorido. Como se o futuro fosse uma combinação dos anos 1960 com tecnologia de ponta. Por último, e deveras interessante, é a parte de crítica social subjacente ao tema abordado (e aqui tenho que fazer a ressalva de esta ser a minha interpretação muito pessoal do filme) - a falta de comunicação e envolvimento emocional que carateriza as relações humanas de hoje em dia, em detrimento de interacções mais distantes e emocionalmente resguardadas em formato "digital". Apesar de ter à distância de uma mão relações possíveis e com sentido, Theodore "prefere" embarcar numa relação com o seu sistema operativo. E porquê? A meu ver, a resposta é relativamente simples. Porque, no seu sistema operativo, Theodore tem "alguém" que é uma imagem daquilo que ele procura. Adaptado a ele. Sem conflitos, sem voltes de face. E isso é algo que considero muito comum hoje em dia - a cedência ao facilitismo, como se tudo o que custe um bocadinho não valesse a pena o esforço. Eu, como sou da escola contrária, acho isso uma tremenda parvoíce. Mas a ver vamos. O filme, esse, vale muito a pena.

5 comentários:

Anónimo disse...

Olhe, eu venho cá dizer que achei o filme uma trenguice!! Um sistema operativo não tem físico e, ao contrário dos mails que o Tristan envia pra o Luser mail a pedir ratos e a dizer "Sex is not important"... ai que ele é, é! E aquela cena q vai a outra gaja andar no marmelanço com ele em vez do OS não teve jeito. E aquela calçinha puxada até ao umbigo não lembra a ninguém. Já vi o Joaquin com melhores dias,,.
Agora vejo esses filmes todos no www.miradetodo.com.ar. Em streaming e carrega em segundos. Gostei mto mais do Buyers Dallas Club! O Philomena e o Nebraska são bons à sua maneira mas fraquitos pra óscares. Pronto, vou dormir, um bem hajaaaaaaa :) Ass: Marta da Póboa

irRita disse...

Ó Dona Marta da Póboa! :)
Concordo com o que dizes, mas isso não invalida o que eu escrevi (ou pelo menos na minha cabeça). Eu também tenho visto muito filmes em streaming, mas de vez em quando gosto de ir ao escurinho do cinema... tem outra piada! Ainda não vi o Dallas Buyers Club, nem o Nebraska, mas vi o Philomena esta semana e achei querido. Mas não muito mais do que isso.
Olha, são boas horas de ires dormir, não?!?! :D

PS - tu não me digas que o Tristan anda metido nas drogas... "sex is not important"?!?! :D :D :D

Anónimo disse...

Gosto!
Da tua análise, Rita...
Ainda mais agora que não tenho tempo para grande coisa e que há uns quantos filmes a estrear que gostava de ver.
E a tua opinião dá uma grande ajuda para fazer a selecção! Quando vi o trailer fiquei com uma ideia do filme muito próxima do que aqui descreves...
Keep in touch!

Joana Rita

irRita disse...

Boa, Joana, é esse o objectivo. :)
Espero que gostes.

Anónimo disse...

"E isso é algo que considero muito comum hoje em dia - a cedência ao facilitismo, como se tudo o que custe um bocadinho não valesse a pena o esforço. Eu, como sou da escola contrária, acho isso uma tremenda parvoíce."
Não podia estar mais de acordo.
É por isso, e por outras tantas coisas, que gosto de ti.
Beijocas da M.