Gil Scott-Heron, o gigante



O dia 17 de Maio trouxe consigo, até Lisboa, essa lenda que dá pelo nome de Gil Scott-Heron. Primeira passagem do músico de 61 anos por Portugal, incluiu dois concertos: um na Casa da Música, no Porto, e outro na Aula Magna, em Lisboa (ao qual eu assisti).
Embora não conheça extensivamente a obra do senhor, a expectativa era muito. Com mais de 40 anos de actividade na área musical, Scott-Heron é também uma referência do activismo negro nos Estados Unidos da América. O concerto começou com um "diálogo" com o público, nomeadamente sobre os constrangimentos impostos pelo vulcão islandês (yah-yah-oh, segundo ele), e também com referências ao seu passado (como o facto de ter estado desaparecido, que é como quem diz, na prisão). Depois, a luz baixou de intensidade e foi como se tivesse sido transportada para uma outra época. Num passe de magia (bem ao jeito deste blog), estava no século XIX, na altura do nascimento do blues e do jazz, algures nas margens do Mississipi...
A primeira parte do concerto contou apenas com Scott-Heron sentado ao teclado, a tocar músicas mais intimistas (não me perguntem pelo alinhamento!). Depois, entrou a banda: um percussionista, uma teclista e um senhor que tocava harmónica; e o ritmo mudou. Mas a magia continuou.
Acho que não tenho palavras para descrever este concerto. Foi tão bonito que só me apeteceu fechar os olhos e absorver toda aquela música. É um daqueles calores que enche a alma (mais ou menos como a Marta disse). Por isso, é preciso ter lá estado para perceber do que estou a falar.
Houve um momento em que fiquei triste, porque os músicos saíram ao fim de uma hora em palco. Felizmente, voltaram para dois encores que deram quase outro tanto à duração do concerto.
Obrigada, Gil.

Sem comentários: