Este é um livro especial. Foi-me oferecido por um amigo muito querido, por altura do Natal. E é especial porque foi escrito por uma pessoa muito especial para ele. Há aqui uma certa circularidade de argumento, mas é importante explicar como o livro veio parár às minhas mãos e qual eram as minhas expectativas antes de o ler.
A história é bastante interessante: Ethel, jovem ilustradora, vê nos arquivos do amigo Côme sobre crianças deslocadas durante a 2ª Guerra Mundial uma fotografia da sua avó. Até aqui nada de especial (talvez), a não ser pelo facto de a criança na fotografia usar uma cruz ao pescoço. E a avó de Ethel ser judia, e ter transmitido à filha e à neta a sua cultura religiosa. Ethel sente-se de alguma forma traída pela descoberta, e decide tentar perceber o que está por detrás daquela fotografia, a verdadeira história da sua avó (que, ainda viva, sucumbiu à amnésia do Alzheimer).
O livro é muito interessante (aparentemente baseado em acontecimentos da vida da autora Clara) e está definitivamente bem escrito (apesar de ter uma linguagem por vezes desnecessariamente rebuscada; li o livro na versão original, em francês, e embora não tenha sentido dificuldades, percebo que a linguagem utilizada não é a mais comum). Acaba quase por ser uma história de mistério, de investigação à volta de factos desconhecidos. Tentar juntar informação suficiente para encontrar o sentido de uma fotografia. Que consigo carrega o sentido de várias vidas.
Muito interessante, sem dúvida, e teve ainda a mais-valia de me pôr a ler com gosto, com avidez.
Será que cumpro a resolução de ler um livro por mês este ano?...
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