As pessoas são simpáticas e prestáveis, pelo que pude ver até agora. Homens, porque quase ainda não vi por cá mulheres. Eles conduzem, preparam quartos, cozinham... não vejo para já mãos femininas no processo. Será uma sociedade assim tão patriarcal? Fico na dúvida. Até explorar outras andanças.
Dormimos no deserto, em tendas especialmente preparadas para o efeito. Qual acampamento beduíno. Chegamos ao final da tarde, mesmo a tempo de partilhar um chá e ver o pôr-do-sol. Do cimo do penedo, para ter uma vista mais abrangente. É um cenário único. A vastidão é tal que me deixa claustrofóbica. Como se fosse demasiado ar para respirar (será provavelmente mais correcto chamar-lhe agorafobia...). A terra fica ainda mais vermelha, as cores intensificadas pela luz do entardever. As fotografias não fazem justiça ao momento. É preciso gravá-lo na retina. Para mais tarde recordar.
O jantar, na tenda comunal, é maravilhoso. Ou talvez seja da fome! Acabo a devorar dois pratos de salada, baba ganoush, assado de frango (cozinhado à maneira beduína, num forno escavado dentro da areia), arroz - tudo fresquíssimo, cheio de sabor, quase acabo a lamber os dedos. E ainda há espaço para dois pedaços de doce. É oficial: não me reconheço. A privação de sono deve fazer destas coisas. Ou o deserto.
Pouco passa das 20h e preparo-me para dormir. O meu corpo tenta resistir. Talvez seja da escuridão profunda que tanto me perturba. Mas a lua brilha alto e o céu tem mais estrelas do que alguma vez poderei contar. Por isso, Rita, descansa. São horas de assimilar o dia e deixar o corpo descansar. Finalmente.
Deserto de Wadi Rum, visto da nascente de Lawrence da Árabia (mas não a verdadeira) |
Deserto de Wadi Rum |
Deserto de Wadi Rum - o nosso acampamento |
Pôr-do-sol em Wadi Rum |
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