Dizemos adeus a Wadi Rum e ao vermelho do seu deserto para seguirmos viagem, rumo a norte, e ao ponto mais emblemático da Jordânia: Petra. Essa cidade milenar que fascina meio mundo. Ainda na véspera de viajar passava um documentário na televisão sobre as razões pelas quais Petra terá sido abandonada.
Chegamos a Wadi Musa (o Vale de Moisés) depois de uma interessante viagem de táxi, em que o nosso motorista nos comprou batatas fritas e sumo. Que é um povo hospitaleiro, não se pode dizer o contrário! Às vezes um bocado "em cima" de nós, mas preocupados em receber bem. Onde estão as mulheres, continuo sem perceber. Em casa a cuidar dos filhos? Todas elas? É preciso explorar um pouco mais do país para ter uma ideia. Wadi Musa é caótica e pouco interessante. Muito trânsito, muito assédio um pouco por todo o lado: taxistas, comerciantes, restaurantes, é quase impossível andar dois metros sem que nos seja "oferecido" algo. Ao melhor preço, está claro.
O hotel é simpático e simples, mas ainda não é desta que consigo pôr o banho em dia. Apenas um duche para refrescar o corpo, que a água fria não permite maiores aventuras. Depois de instalados e "comidos", vamos procurar Petra. Que encontramos no vale, como seria de esperar (talvez?). Claro que abundam as lojas de souvenirs à entrada e toda uma panóplia de balcões para comprar bilhetes, marcar visitas guiadas, ou simplesmente pedir a palavra-passe da WiFi do local. Nitidamente modernices. A mostrar-nos que Petra não é um sítio para procurar reclusão. Ao seguirmos o caminho que nos conduz à cidade, começamos a encontrar os primeiros indícios da mesma: djinns (ou pedras-deus), uma primeira construção escavada na rocha. Começam os disparos da máquina e o passo vai lento. Um pouco mais à frente, entramos no Siq, esse canyon maravilhoso toldado pelas águas, que nos conduz por curvas e contra-curvas, as quais revelam inscrições nas paredes das rochas, nichos para figuras divinas, arbustos que crescem por entre a aridez cor-de-laranja. Ah, as cores! Que mudam com a luz do dia, qual caleidoscópio natural.
Caminhando pelo Siq, enfrentando as multidões já de regresso (já começa a ser tarde), anseio pelo momento em que desembocará no Tesouro, evocando assim o meu imaginário de criança ao ver Indiana Jones e a Última Cruzada. O momento chega e tem algo de anti-apoteótico (será assim com todo os momentos grandemente ansiados?). A multidão que se acumula na praça, vendedores ambulantes, condutores de carroças que transportam a população mais sénior (maioritariamente), o café ali ao lado... E os flashes. Porquê os flashes? (Alguém deveria explicar às pessoas que não vale de nada utilizar flash para tirar fotografias a média/longa distância.) Ainda que anti-apoteótico, é um momento único. Para me remeter ao silêncio e apenas observar. Absorver. Imaginar.
Como que num sonho, continuamos um pouco mais além, mas rapidamente resolvemos deixar o resto da exploração para amanhã. Petra deixou já uma marca indelével, e é tempo de recolher, até porque mais logo há "Petra by night". Evento muito aconselhado (se bem que um pequeno roubo), que acaba por ser menos do que inicialmente antecipado. Fica a magia de ver as montanhas iluminadas por um quarto crescente encandeante, com velas a iluminar o caminho. E o céu. Um céu maravilhoso, cheio de estrelas. A adicionar à magia do local.
Árvore por entre as rochas do Siq |
Carruagem nas ruas do Siq |
O Tesouro |
O Tesouro à espreita no Siq |
Petra by night |
1 comentário:
Que bom é viajar através das tuas palavras, Cousine!
Aguardo novos episódios e aventuras!
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