Apenas miúdos - Patti Smith



Mais uma prenda de aniversário que viu o "seu tempo" chegar. Depois das férias (sobre as quais ainda não falei por cá, mas deve estar para breve - assim que tiver fotografias!), apeteceu-me ler em português e este primeiro "romance" (digámos antes livro em prosa) de Patti Smith pareceu-me o ideal. Obrigada, Cristina e Pedro, pela oferta.

Devo confessar que não conheço muito de Patti Smith, nem tão pouco fazia ideia de como a sua vida a tinha conduzido até aos dias de hoje. Claro que sei que é uma cantora icónica, com obra seminal no rock'n'roll. Mas pouco mais. Foi assim com grande curiosidade e poucas expectativas que me lancei na leitura deste "Apenas miúdos", obra autobiográfica que retrata a relação que Patti viveu com Robert Mapplethorpe, fotógrafo de renome.
A relação entre os dois aconteceu de forma fortuita, quando ambos tinham cerca de 20 anos, mas durou até à morte de Robert, em 1989. Os processos criativos foram mutuamente influenciados e, enquanto se definem como artistas, definem-se também como pessoas.

Gosto muito de ler biografias. Dá-me a sensação de estar a aprender algo durante o processo de leitura, como se não fosse apenas lazer. Esta é particularmente interessante e comovente, porque mostra como a relação entre duas pessoas pode ser tão genuína e duradoura. Mas não só por isso. É também interessante por mostrar o quão aleatória é a vida, no final das contas. Ao ler sobre o início de vida de Patti Smith, e sobre como ela chegou ao "posto" que ocupa hoje, de estrela de rock, é quase inacreditável como é que uma coisa levou à outra.

Gostava de acreditar que hoje em dia ainda existe esse tipo de espontaneidade e aleatoriedade. Mas acho que não. Tudo é demasiado pensado, racionalizado, escrutinizado - arte incluída. Como diria o nosso amigo Charlie Chaplin:

"We think too much and feel too little."

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