O génio barbudo ao vivo no Maria Matos


Bonnie "Prince" Billy é um daqueles senhores de quem gosto há já muito tempo. Não sei bem como me veio parar às mãos, mas tenho ideia que foi num daqueles milhentos CDs que a minha irmã trazia para casa, emprestados não sei bem por quem, quando andava na faculdade. Na altura, fiquei com uma dupla gravação de Master and Everyone e Ease Down the Road - que até hoje continua a conter as músicas de que mais gosto (não há amor como o primeiro, dizem uns e outros). O senhor, de seu verdadeiro nome Will Oldham, tem uma produção musical prolífera, para dizer o menos, com vários alter-egos, e é difícil uma pessoa (eu) manter-se a par de tudo. Mas até me fui mantendo informada, pelo menos durante os últimos anos.

No ano passado, o senhor Bonnie passou por Lisboa para um concerto na Sociedade de Geografia (ou como raio de se chama aquilo), mas não houve oportunidade para o ir ver. O que significa que, quando soube do concerto no Teatro Maria Matos, pensei para comigo que não poderia deixar de ir, mesmo que sem companhia e muito medo das possíveis consequências emocionais de ir assistir ao concerto. A falta de companhia resolveu-se, mas o medo continuou.

O dia 24 de Outubro chegou finalmente. Contratempos à parte, lá entrámos e pusemo-nos a jeito para ouvir o senhor Oldham, mais a sua banda. Foi um belo concerto e o medo rapidamente se dissipou, porque o senhor não estava, nitidamente, em dia nostálgico. Assim, fugiu das suas canções mais melancólicas como o diabo da cruz, e abordou, durante 2 horas, um repertório mais folk e desinibido. É pena que ele não seja particularmente comunicativo e, assim, quase não falou com o público. As canções sucederam-se, sem considerações. E foram muitas, as canções. Das quais apenas (re)conheci uma, Quail and Dumplings, primeiro single retirado do último álbum, Wolfroy Goes to Town. Percebi, depois, que conhecia outras músicas que foram tocadas, mas as roupagens diferentes fizeram com que soassem completamente novas aos meus ouvidos. Ou, então, houve aquele sensação de reconhecimento sem saber propriamente de quê, como às vezes acontece com determinadas pessoas ou situações.

Gostei muito. Não foi emocionalmente desgastante como estava à espera, e ainda não consegui perceber se isso foi bom ou mau. Mas foi muito bom ter ido.

2 comentários:

Ana Isabel disse...

"a falta de companhia resolveu-se" é que nem uma pequena referência à minha pessoa...vergonhoso no mínimo vergonhoso :P

irRita disse...

Não sabia se querias protagonismo... :P