Já li de tudo um pouco sobre o mais recente filme de Quentin Tarantino. Desde descrições que o põem num pedestal, qual oitava maravilha do mundo cinematográfico, a críticas acérrimas relativamente ao conteúdo racista e pouco dignificante da história da escravatura nos Estados Unidos. Tenho que confessar que me custa perceber tanto umas como outras opiniões...
Para mim, que não sou propriamente a maior seguidora de Tarantino, embora aprecie bastante o género, os filmes dele são uma desconstrução da violência - está sempre presente, mas é uma violência um pouco à desenho-animado, não é para levar muito a sério.
Django, exercício com quase 3h de duração, conta a história de... Django, está claro, interpretado por Jamie Foxx (actor que não gosto), escravo libertado pelo Dr. King Schultz (interpretação fantástica de Christoph Waltz), um alemão nos EUA, para juntos partirem pelo Sul caçando prémios e procurarem a mulher de Django, Broomhilda, ainda escrava. Pelo caminho, temos muito pedaço de corpo arrancado a tiro, muita polpa de tomate espalhada pelo cenário - o que apenas me consegue arrancar umas verdadeiras gargalhadas. Pelo caminho iremos encontrar, igualmente, o esclavagista Calvin Candie, numa interpretação de Leonardo DiCaprio que não me encheu propriamente as medidas (não é que esteja mal, mas não acho que seja a melhor interpretação que ele já fez, como também já li por aí). Claro que não poderia faltar a cena de carnificina, tão amada por Tarantino, e que, neste caso, chega já quase no final do filme. Mas mesmo a tempo de nos extasiar com tanta tinta vermelha no ecrã!!! Ah, e o papel de Samuel L. Jackson é, no mínimo, inesperado.
Mas, então, qual é o veredicto?... Adorei. Apesar das 3h (e de ter momentos um pouco mais murchos), é um filme que nos prende do início ao fim, seja pela banda sonora fabulosa, seja pelo humor acutilante, a adrenalina é garantida. Desenganemos, Tarantino não é (na minha opinião, claro está) um intelectual e não faz exercícios de intelectualidade cinematográfica. Faz sim filmes controversos, amados por uns, odiados por outros, mas aos quais ninguém fica indiferente. Eu acho-lhe piada, é um provocador. Com muito bom gosto musical.
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