Uma ida familiar ao cinema trouxe consigo a visualização deste "Seis Sessões", filme baseado na história de vida de Mark O'Brien, a quem a poliomielite em criança ditou uma profunda atrofia muscular para o resto da sua vida. Assim, Mark é obrigado a viver parte dos seus dias dentro de um "pulmão de ferro", equipamento que permite aos seus pulmões imobilizados respirarem. Contra todas as expectativas (baseadas naquilo que acabei de escrever), Mark é um homem dinâmico e com um óptimo sentido de humor. Jornalista e poeta, é um homem que enfrenta as suas limitações. E é precisamente o enfrentar de uma destas limitações, a de um relacionamento sexual, que é abordado neste filme.
Para qualquer pessoa que tenha visto o trailer, é fácil perceber do se está aqui a falar. Mark, sob aconselhamento do seu padre, resolve recorrer aos préstimos de uma terapeuta sexual de forma a poder lidar mais eficazmente com a sua sexualidade (Mark pode ter os músculos atrofiados, mas todas as suas capacidades sensoriais estão operacionais) e assim perder a virgindade, aos 38 anos.
Uma história como esta está "condenada" a arrancar muitas gargalhadas aos espectadores, tanto pelo inusitado das situações, como pelo próprio bom humor com que Mark vai lidando com elas. Mas esta é, acima de tudo, uma história comovente. Alguém que vive prisioneiro do seu próprio corpo ser capaz de viver uma vida, apesar de tudo, normal, cheia de afectos... é inspirador, no mínimo. Faz-nos pensar em tudo aquilo que vemos como problemas no nosso dia-a-dia e que se tornam limitações sérias à forma como vivemos as nossas vidas. A grande maioria de nós talvez não viva prisioneira do seu corpo, mas muitos vivem, sem sombra de dúvida, presos à sua mente.
Pelo menos,é essa a mensagem com que fico.
Gostei também das interpretações. Deve ser especialmente difícil fazer um filme em que se está o tempo todo deitado, a falar de lado, e por isso acho que John Hawkes está particularmente bem - credível, frágil mas forte. Helen Hunt, no papel de terapeuta sexual, está um pouco estranha, fisicamente falando - inteiraça, é verdade, mas a contrastar com todas as rugas do rosto... O padre de William H. Macy é muito divertido, num papel algo diferente do que estou habituada a vê-lo fazer. E todos os outros secundários também estão bastante bem.
Conclusão final: gostei do filme, é muito interessante, dentro do estilo. Despretensioso, acima de tudo.
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