Um ano mais



O mais recente filme de Mike Leigh (o mesmo de Happy Go Lucky, revisto neste blog) é, como não poderia deixar de ser, um filme sobre pessoas. Começo a chegar à conclusão que são esses os meus filmes favoritos, os que se debruçam sobre pessoas, mas pessoas a sério, com defeitos e qualidades e, acima de tudo, com limitações.
Tom e Gerri (isso mesmo) compõem um casal de meia-idade que vive confortavelmente a sua vida e a sua relação. Pessoas afáveis e sociáveis, vão vivendo rodeados de amigos, ao longo de um qualquer ano mais... Particular ênfase para Mary, uma mulher também de meia-idade que carrega o peso de ter vivido um casamento que não resultou, seguido de uma relação que também não teve pernas para andar, tendo chegado aos dias presentes sozinha e algo desequilibrada. Mary sente a sua relação com Tom e Gerri como um substituto de tudo aquilo que ela não alcançou, nomeadamente o ter uma família sua.
Mas, então, sobre o que trata este filme?
Precisamente sobre esta dinâmica: família vs amigos, vida própria vs vida dos outros, a percepção do nosso lugar no mundo. É um filme simples. Não há um enredo, princípio ou fim. Há apenas estas pessoas que se relacionam, com o que isso acarreta. E está tão bem conseguido, tão bem filmado e interpretado, que é um filme maravilhoso. Mas não é para qualquer pessoa.

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