FELIZ NATAL!!!

Com um pouco de atraso (como não podia deixar de ser...), desejo aos leitores deste blog, e simpáticos "ouvintes" das minhas histórias, uma época natalícia muito quentinha e feliz. Onde quer que estejam, com quem quer que estejam, sejam felizes, pelo menos neste altura.


As desilusões do futebol...

Infelizmente, o Cinfães foi eliminado pelo FC Porto nos oitavos-de-final da Taça de Portugal. Após uma excelente primeira parte para o Cinfães, em que o Porto basicamente não se viu, veio uma segunda parte em que a diferença de condição física veio ao de cima...
Apesar de não ter ganho, o Cinfães portou-se muito, muito bem: PARABÉNS, rapazes! Temos muito orgulho em vocês.
VIVA CINFÃES!!!

A Fronteira do Amanhecer



Aquilo que parecia um bom filme... não o é. Tinha alguma curiosidade para ver este filme de Phillipe Garrell, até porque já tinha saudades de ver um bom filme europeu. Tinha lido críticas favoráveis, mas, como em tudo na vida, as opiniões são subjectivas.
Assim, aproveitando o feriado, lá rumámos para a Avenida de Roma (porque o filme só estava em cartaz no King). O melhor do dia foi, definitivamente, andar por aquela zona - adorei, quero ir viver para lá! Calminha (mas, também, era feriado), com ambiente típico de bairro, os velhotes todos às compras, muito simpático.
O filme foi para esquecer. Apeteceu-me sair a meio, mas é coisa que, por princípio, não faço. Assim, aguentei até ao fim, mas o que se adivinhava mau, acabou ainda pior. Enfim...
Salva-se apenas uma frase do filme, de uma das personagens secundárias, referindo-se às relações humanas. Passo, então, a descrever a chamada "Teoria do Limpa-Párabrisas": segundo o rapaz, o amor é como um limpa pára-brisas, quando um se aproxima, o outro afasta-se, e vice-versa. Então e aqueles limpa pára-brisas que funcionam ao contrário? Isso... é a amizade.

Museu Berardo



Aproveitei o fim-de-semana para fazer algo que já tencionava fazer há, pelo menos, um ano. Visitei o Museu Berardo, mais interessada em "inspeccionar" a loja do museu à procura de ideias natalícias do que propriamente visitar as exposições... Mea culpa, admito. Ironia das ironias, na loja não encontrei nada de especial (ou aquilo que me interessou era demasiado caro para que realmente tomasse em consideração), mas no museu houve esta exposição, intitulada "A intuição e a estrutura: de Torres-García a Vieira da Silva", que muito me agradou. Devo confessar que não conheço muito da obra de Vieira da Silva, embora tenha consciência que é/foi uma das grandes pintoras portuguesas. Por isso, foi com agradável surpresa que visitei a exposição, composta por obras de inspiração geométrica (algo que eu gosto muito), e até algo naïve, no caso de Torres-García. Gostei de obras de ambos, embora não possa dizer que tenha gostado de tudo. Mas nunca se gosta, não é?...
De qualquer forma, aconselho a quem puder que vá visitar a exposição, até porque é grátis, o que é sempre uma mais-valia. E, não muito longe, têm os pastéis de Belém, o que garante um bom programa!
Para terminar, digo apenas que, realmente, gosto muito da forma como Vieira da Silva desconstrói os motivos que pinta, como se fossem mosaicos... Sim senhora.

De regresso à capital...



Pois é, o que é bom dura pouco, como já toda a gente sabe. E, apesar de ter ficado doente (coisa que não me acontecia há muito tempo!), esta última semana passada por terras invictas foi muito boa. Matar saudades da cidade, da minha casinha e, principalmente, dos meus paizinhos queridos, foi uma experiência que não me importaria mesmo nada de prolongar...
Pena que, entretanto, foi necessário voltar à realidade e, por isso, cá estou eu de volta a Lisboa e às "velhas" rotinas.
O ânimo é que o Natal está quase aí...

José Eduardo Agualusa - Nação Crioula


Consegui quebrar, momentaneamente, a minha apatia de leitora. O "culpado" foi este Nação Crioula, de José Eduardo Agualusa, um romance em que a personagem de Fradique Mendes, criada por Eça de Queiroz, é retomada.
Agualusa resolve pegar na personagem e "mandá-la" para África, onde irá conhecer Ana Olímpia, mulher que nasceu escrava e que consegue uma grande fortuna graças ao negócio... da escravatura.
A história salta entre Angola, Brasil, Portugal e França, seguindo os passos de Fradique. Através das cartas que vai escrevendo a sua madrinha, a Eça e à sua amada, Ana Olímpia, vai-nos descrevendo a situação vivida quando surge a luta anti-esclavagista e nos percalços sofridos pelos revolucionários.
O livro está bem escrito e é muito escorreita (o que normalmente acontece quando a narrativa toma a forma de correspondência), o que torna a leitura agradável e rápida - talvez por isso ter lido o livro em 2 dias, durante uma breve pausa na minha preguiça...
Já agora, e se quiserem ajudar-me, aceito sugestões de leitura. Tenho alguns livros na prateleira, mas de momento não me sinto motivada a ler nenhum...

O Cinfães é o maior!!!!


Pois é, meus amigos, aqui fica para quem não sabe: o Clube Desportivo de Cinfães está na 5ª eliminatória da Taça de Portugal! E vai defrontar, nada mais nada menos, que o Futebol Clube do Porto, no próximo dia 14 de Dezembro.
Força, Cinfães, até os comemos!!!

Book Meme

Vi esta ideia no blog de uma colega minha e achei muito gira. Quem quer contribuir?...

"But she is a little child."
in The Delicate Prey and other stories (Paul Bowles)

The Rules for this meme are:
- Grab the nearest book.
- Open it to page 56.
- Find the fifth sentence.
- Post the text of the sentence in your journal along with these instructions.
- Don’t dig for your favorite book, the cool book, or the intellectual one: pick the CLOSEST.

O meu saiu um bocado fraquito, mas pronto. O desafio está lançado! Espero por comentários com as vossas frases. :)

J.P. Simões no Teatro São Luiz



No passado sábado fiz algo que já não fazia há algum tempo. Assisti a um concerto. O "eleito" foi J.P. Simões, cantautor que eu muito aprecio. O concerto aconteceu no Teatro São Luiz (onde nunca tinha estado), no coração de Lisboa, num espaço bastante intimista. Como a sala principal está em obras, só há espectáculos no dito Jardim de Inverno, que é, basicamente, o bar do teatro. Muito interessante como espaço, cria, definitivamente, uma atmosfera muito própria.
Adiante.
Se já gostava do rapaz só de ouvir a sua música no conforto da aparelhagem, ainda passei a gostar mais depois de o ver ao vivo. Muito simpático como anfitrião, sabe entreter o público, tem postura e carisma. E a música, essa, sempre muito boa, mesmo na simplicidade da voz, apenas acompanhada por guitarra acústica e/ou piano, este a cargo de Sérgio Costa, habitual companheiro destas andanças do J.P..
O repertório percorreu praticamente todos os projectos do rapaz, desde Belle Chase Hotel a Quinteto Tati, passando pelo registo a solo e outras obras. Houve concerto para 1h30, aproximadamente, com uma boa vintena de canções.
Só não percebi, ainda, se é para levar o rapaz a sério ou não. É que eu gosto mesmo das letras dele...

Em Bruges



A última sessão de cinema foi no King, com as colegas do laboratório (Rita T e Adri). Por sugestão do Russell fomos ver este "Em Bruges", um filme que não é muito fácil de se definir. Conta com Brendan Gleeson e Colin Farrell nos principais papéis e a acção desenrola-se, como não poderia deixar de ser, na bela cidade de Bruges. Os dois são assassinos profissionais, mas o primeiro (e último) trabalho de Farrell não correu como devia e o rapaz anda corroído de remorsos... Ambos trabalham a cargo de Ralph Fiennes, que volta a um daqueles papéis desconcertantes - é mesmo versátil, consegue ser credível em praticamente qualquer personagem!
O filme está completamente envolto numa bruma de humor muito negro, tal qual como o nevoeiro que envolve a dita cidade de Bruges - muito encanto e muito mistério.
Dentro do género (o tal, que não sei definir!), gostei mesmo muito. Bate tudo muito certo: a forma como a história está construída, o espaço físico em que a acção se desenrola, pormenores que vão surgindo e complementando-se... Muito bom.
Embora não possa garantir que qualquer um de vós vá gostar deste filme, com certeza que o recomendo.

Ciclo de Vida

O congresso da SPI (Sociedade Portuguesa de Imunologia), no Porto, foi prolífero em diversas coisas, e de lá resultou também esta bela peça de arte, desenhada pela Catarina Cortesão, que exemplifica a dinâmica dos meus dias - ou de alguns dos meus dias!


Catarina Cortesão

Holanda

Ficam, então, algumas fotos da estadia na Holanda, entre s'-Hertogenbosch e Amesterdão.


Catedral de s'-Hertogenbosch


Nascer do sol, na saída do hotel para o congresso!


Fim do dia em s'-Hertogenbosch



E, agora, Amesterdão!


Típicas casas dos canais


Mercado das flores


Passeio no Voldenpark

Uns belos dias, se bem que não fiquei fascinada com o país em si. Mas que é bonito, é.

Cientistas em saldos - Público

Cientistas em saldos
25.10.2008 - 17h17 David Marçal*

"Sabia que há cientistas que ganham 745 euros? Que não têm direito a subsídio de desemprego, férias, Natal ou alimentação? Que não são aumentados há seis anos? Está naturalmente curioso de saber em que país, mas estou certo de que já adivinhou. São os bolseiros de investigação científica! Uma designação infeliz para os jovens (e menos jovens) investigadores, pois classifica-os pelo tipo de regime contratual com que exercem funções, secundarizando a natureza da actividade (investigação). Faz tanto sentido como descrever um juiz como um "assalariado da justiça".
Os bolseiros podem-se distinguir segundo o tipo de bolsa que têm. Os BIC (bolsa de investigação científica) são licenciados e, independentemente da sua experiência ou competências, ganham 745 euros. Os BD (bolsa de doutoramento) têm em geral um excelente percurso académico e científico (não é fácil ganhar a bolsa!), são investigadores experientes e motivados, ganham 980 euros. O mesmo valor desde 2002, o que representa face à inflação acumulada uma perda de 18 por cento do poder de compra.
Pode-se argumentar que os bolseiros "estão em formação" e que "já é uma sorte estarem a ser pagos". Mas trata-se de adultos (uma licenciatura não se acaba antes dos 22-23 anos) com contas para pagar e legítimo direito à emancipação (ou um cientista tem que viver em casa dos pais?). E quanto à formação, creio que qualquer bom profissional está sempre em formação. Todas as carreiras têm fases e o doutoramento é apenas uma fase da carreira de um cientista.Os bolseiros têm direito ao chamado "seguro social voluntário" - que é uma espécie de não sei o quê. Basicamente, a entidade que concede a bolsa paga contribuições para a Segurança Social, equivalentes ao salário mínimo. Este é o regime pelo qual estão abrangidas as pessoas que não têm rendimentos. Por que raio enfiaram os jovens investigadores aqui? Fazendo o Governo gala de integrar todas as classes profissionais no regime geral de Segurança Social, que coerência tem não incluir os bolseiros? Esta reivindicação tem sido sucessivamente negada pela tutela. Para que não haja dúvidas: os jovens investigadores querem ser integrados num regime de Segurança Social que outros grupos profissionais não querem porque acham que é mau!Penso que é necessário criar a percepção social deste problema e da necessidade de evolução, começando pelos próprios investigadores e professores do quadro que trabalham com bolseiros que beneficiam do seu trabalho, com quem publicam artigos e escrevem patentes. Creio que seria de todo justo e adequado que os cientistas e investigadores estabelecidos tomassem pública e politicamente o partido dos jovens investigadores. A alternativa é continuar o choradinho da fuga de cérebros. Não há fuga de cérebros. Há expulsão de cérebros. Se não fazem falta, isso é outra história. Mas sendo assim, digam."
*Investigador em bioquímica. Bolseiro durante seis anos
E, como comentou o Pedro, de Lisboa:

30.10.2008 - 20h21 - Pedro, Lisboa

"É verdade que o regime de bolseiro é muito pouco dignificante para quem tem uma formação superior. Lá por o estudante de doutoramento ser remunerado de 980€, se encontrar em formação, é preciso admitir que é pouco. Ora vejamos, um médico, terminada a sua licenciatura, inicia o seu internato, que não é mais que uma formação, cujo objectivo é a especialidade. E o primeiro ordenado do médico, recém-licenciado, é superior a estes 980€, para além que tem todos os direitos que uma pessoa com contrato de trabalho tem. Estou e sou solidário com a vossa causa."
E acrescento eu: é uma vergonha.

Mais uma ausência...

Pois é, estou novamente de partida, mas desta vez por motivos profissionais. Durante os próximos dias, estarei na Holanda no congresso da Sociedade Europeia de Imunodeficiências.
Portem-se bem.

Promets-moi



E pronto, chegamos à vez do Kusturica. Que também passou na Festa do Cinema Francês, algo estranhamente - mas, pelos vistos, o filme também tem produção francesa.
Não me vou alongar muito sobre este filme. Porque não há assim tanto que se possa dizer. O filme é um disparate total, bem ao jeito de Kusturica. Mas, desta vez, o disparate é tal que deixa de ter piada. Não há a inocência que se vê nos outros filmes, e que nos faz sorrir perante o impensável. Aqui, parece que a intenção está corrompida.
Não gostei. Aliás, 5 minutos após o filme começar, já eu estava a pensar que aquilo não ia correr bem. E não correu mesmo.
Alguém ainda me há-de explicar o porquê da fixação por animais.... Deixem os bichos em paz!

Paris



Decorreu, nos passados dias, a Festa do Cinema Francês. Habituei-me a "frequentá-la" quando ainda estava em Coimbra, mas sei que falhei as edições do último ano ou dois.
Este ano, por iniciativa da prima Carol, fui ver dois filmes - este Paris, do qual vos falarei aqui, e Promets-moi, o último filme de Emir Kusturica, do qual falarei no próximo post.
Paris é a mais recente obra de Cédric Klapisch, o mesmo que realizou A residência espanhola, que se tornou um ícone de toda a geração Erasmus. Conta, novamente, com Romain Duris, desta vez bastante mais magro, e Juliette Binoche, entre outros nomes bem conhecidos do cinema francês, mas que eu não sei.
Pierre (Romain Duris) é um bailarino que descobre que tem uma série doença cardíaca e que precisará de um transplante, que tanto o poderá curar como não. Elise (Juliette Binoche) é a sua irmã, solteira e com 3 filhos, que se muda para casa dele assim que sabe do problema do irmão. Pierre passa os seus dias a observar Paris da sua varanda, a inventar histórias para os personagens que se passeiam em frente aos seus olhos. É assim que ele escolhe viver perante a doença. E são essas histórias que nós vamos seguindo, ao longo do filme.
Há já muito tempo que não via cinema europeu (e tinha saudades!). Acusem-me de pseudo-intelectualismo, não me importo! Tinha saudades da profundidade deste tipo de cinema, do interesse pelas personagens, pela facilidade com que a história flui.
Gostei muito, muito. Porque é Paris. Porque Paris é maravilhosa. Porque Paris não é, aqui, a história principal. Mas dá-lhe cor.

A thousand splendid suns - Khaled Hosseini



Acabei recentemente de ler o "último" livro que recebi por ocasião do meu aniversário, A thousand splendid suns, o segundo livro de Khaled Hosseini.
Como já tive oportunidade de aqui escrever, gostei muito do The kite runner e, por isso, tinha algumas expectativas em relação a este segundo livro.
O primeiro está escrito numa perspectiva masculina. Neste, temos a visão feminina da história dos últimos 40 anos no Afeganistão, pelos olhos de Mariam e Laila, cujas vidas se cruzarão na mais improvável das situações...
Não me vou alongar muito em resumos da história, até porque é coisa que não gosto de fazer, como se calhar já deram conta.
O livro é bastante intenso, tal como The kite runner. Acende em nós a solidariedade adormecida, relembra-nos que há coisas bem mais importantes na vida do que o stress do dia-a-dia ou as preocupações do trabalho. E, embora não seja uma forma de pensar que eu goste particularmente de defender, mostra-nos como, no fundo, temos tanto para dar graças. Tantas coisas boas que passam despercebidas...
Leiam, vale a pena. Mesmo que custe em determinados momentos.

Desejos Selvagens



No regresso aos convites para antestreias, coube na sorte ganhar bilhetes para este "Desejos Selvagens", em inglês Savage Garden.
O facto de contar com Julianne Moore no principal papel era um ponto a favor. Mas, com o visionamento do filme, todos os pontos a favor foram por água abaixo. A história, baseada em factos verídicos, pelo aquilo que eu sei, centra-se na família Baekelands, constituída por Brooks, o herdeiro da fortuna, Barbara, a mulher excêntrica com quem ele casou, e o único filho de ambos, Tony.
Qualquer uma das personagens é altamente disfuncional. No entanto, o filme não tenta analisar as causas desses perturbações, mas está antes construído de forma a explorar, o mais possível, o que daí resulta, todo o caos e toda a perversão.
Eu não gostei do filme. Mesmo nada.
E se não me agradou a história, em si, ainda menos me agradou a forma como é contada.

Que viagem!

Pois é, meus amigos e caros leitores deste blog, estou de volta. Depois de umas férias bem passadas, com muito passeio, em que os meus olhos se consolaram de ver paisagens bonitas. Pena que já acabaram, mas deixam vontade para muito mais.
Aqui deixo, então, algumas impressões da viagem.
Primeiro que tudo, devo informar-vos que, como objectivo da nossa viagem era o norte de Espanha, com especial destaque para o Parque Nacional dos Picos de Europa. Mas acabou por ser muito mais do que isso.

1º dia
Parede - Campo do Gerês

Carregar o Yaris com a tralha toda necessária, incluindo tenda e sacos-cama para os nossos planos de campismo, e depois ala rumo do Norte, que está à nossa espera.Viagem grande, a atravessar a metade do país, com direito a andar "às aranhas" à procura da Pousada da Juventude de Vilarinho das Furnas... Que finalmente encontrámos, depois de atravessarmos o Gerês quase todo! Estavamos mesmo a precisar do GPS, que a minha Mãe me iria emprestar no dia seguinte. Boa.
Infelizmente, tivemos uma perda de peso, logo no primeiro dia. A máquina digital do Rui avariou e, assim, ficámos apenas com a minha, analógica, a consumir rolos.

2º dia
Campo do Gerês - Caldelas - Campo do Gerês

Dia mais calminho. Visita, pelo almoço, à Mãe e à tia Mana, que estão nas termas em Caldelas. Dois dedos de conversa, para matar saudades. Depois de almoço, caminhada perto da barragem de Vilarinho das Furnas, junto ao rio - muito bonito, muito agradável. Bom começo de férias! É mesmo isso que é preciso. Natureza.
Ah! Recomendo vivamente a Pousada, os quartos são bastante bons, a envolvência deslumbrante e o preço muito simpático - 5 estrelas!

Vista do nosso quarto, na Pousada de Vilarinho das Furnas, Gerês

3º dia
Campo do Gerês - Luarca

Acordar cedo para seguir caminho para Espanha. Saída de Portugal pela Portela do Homem, o que nos deu a oportunidade de atravessar a quase irreal Mata de Albergaria. Linda. Vale bem a pena os 1.50€ cobrados para se poder atravessar. Entrados em Espanha, seguimos sempre para Norte, a percorrer a Galiza, até chegarmos à costa. Paragem em Luarca, pequena cidade no começo das Astúrias. Descobrimos, por acaso, um parque de campismo com uma localização fantástica, no alto de uma escarpa com vista para o mar - e foi aí que decidimos passar a primeira noite em solo espanhol.


Parque de campismo, em Luarca

4º dia
Luarca - Ribadesella - Cangas de Onís - Covadonga - Arenas de Cabrales

E lá fomos nós, rumo aos Picos! Primeiro, paragem em Ribadesella, pequena cidade piscatória, igualmente pitoresca. Então, porta de entrada no Parque através de Cangas, cidade muito turística, mas bastante aprazível, repleta de lojas com toda a espécie de recuerdos alusivos aos Picos e às Astúrias em geral. Partida para Covadonga, o santuário no meio das montanhas, eregido em honra a Pelágio, o guerreiro que, dali, iniciou a batalha que conduziu à unficação da Espanha. Depois, ainda tentámos subir para os lagos de Covadonga, mas o nevoeiro era tanto que, a meio do caminho, tivemos que voltar para trás. Assim, seguimos caminho, a circundar as montanhas, até Arenas de Cabrales, onde, por grande sorte, encontrámos o mesmo hostal onde a família Resende ficou há uns anos atrás.
Ribadesella


Cangas de Onís
Covadonga

5º dia
Arenas de Cabrales - Sotres - Tresviso - Arenas de Cabrales - Potes - Fuente Dé - Riaño - Cangas de Onís

Grandes passeios! Tudo por estradas de montanha, muito bonitas e acidentadas (houve medo em algumas alturas de condução...). Em Fuente Dé, sítio onde existe um teleférico que sobe cerca de 800 metros em pouco mais de 3 minutos, através de um cabo com 1,5Km. Rondámos, olhámos, indecisos sobre o que fazer - até porque o teleférico não tinha sequer fim à vista, com as nuvens que havia nesse dia. Depois de muito hesitar, eu acabei por decidir não subir. Não sou grande amante de alturas... Acabámos por ficar os dois em terra, com pena, mas inteiros.
A viagem de Riaño para Cangas revelou-se como uma das mais bonitas que fizemos, através de um desfiladeiro profundo.

Fuente Dé

6º dia
Cangas - Lagos de Covadonga - Llanes - Comillas - Santillanda del Mar - Santander

E no dia em que partimos dos Picos, o sol apareceu! Assim sendo, lá fomos nós subir até aos Lagos. Desta vez, a viagem fez-se sem percalços, e quando lá chegámos foi uma maravilha ver aquela paisagem natural, com as montanhas de fundo e as vaquinhas a pastar. Um espanto.
Depois, foi dizer adeus aos Picos e regressar à costa. Primeira paragem em Llanes, onde o Rui já tinha estado antes. Um desses lugares à beira-mar, simpáticos. Continuando, Comillas foi uma surpresa. Uma pequena localidade onde se acumula um conjunto de obras de arquitectura moderna notável, incluindo até um edifício projectado por Gaudí, que é hoje um restaurante.
De seguida, Santillana del Mar. Ao contrário do que o nome indica, não fica à beira do mar! Vila medieval que mantém a sua traça, mas muito explorada pelo seu potencial turístico, o que a torna bem menos interessante. Assim, ala para Santander, que seria o nosso pouso por dois dias.

Cangas de Onís
Lagos de Covadonga

Comillas
Santillana del Mar


Santillana del Mar

7º dia
Santander

Passeios pela cidade, que parece uma versão espanhola da linha de Cascais, cheia de mansões imponentes. Ficámos no parque de campismo, que se situa à beira do farol, mesmo no Cabo Mayor, e por isso atravessámos quase toda a cidade ao longo do mar.
A nossa tenda, no parque de campismo de Santander

El Sardiñero, Santander

8º dia
Santander - Castro Urdiales - San Sebastian - Hondarribia

Deixámos Santander pela manhã, com um tempo algo nublado. Continuámos pela costa norte espanhola, de oeste para este, com direcção ao País Basco (isto depois de ter havido várias atentados da ETA...). Primeira paragem em Castro Urdiales, que é uma terrinha assim do género de Luarca e Ribadesella: piscatória, pitoresca, simpática. Demos uma voltinha, tomámos café, e seguimos viagem. Decidimos não ir a Bilbau, ficando com a ideia de depois irmos lá para visitar o Museu Guggenheim. O que acabou por não acontecer, porque não nos apeteceu voltar atrás... Assim, San Sebastian foi a nossa primeira paragem basca. A cidade é um espanto, cosmopolita e com grande atmosfera artística - e em pleno festival de cinema! Quase que nos cruzávamos com a Meryl Streep...
Destino final: Hondarribia, uma cidade muito bonita, quase na fronteira com França. Aliás, do outro lado da baía é França, Hendaye. Pusemos o "Joaquim" (o nosso GPS) a procurar o parque de campismo e, pelas indicações dele, fomos parar... a um descampado no cimo do monte!!! Verdade, verdadinha, o rapaz levou-nos a um miradouro, completamente isolado. Por sorte, ao descermos novamente para a cidade, passámos mesmo ao lado do parque... E, assim, tudo se resolveu pelo melhor.
Castro Urdiales

9º dia
Hondarribia - França - Roncesvalles - Pamplona

Pela primeira vez, tivemos "problemas" com vizinhos de acampamento, que não nos deixaram dormir, primeiro porque ressonavam imenso e, depois, porque eram um bocado mal-educados e falavam alto como tudo, independentemente das horas do dia (e da noite!). Enfim...
De manhã, visitámos Hondarribia, muito bonita, e depois resolvemos aventurar-nos em solo francês, porque assim era mais fácil chegarmos a Roncesvalles, local de entrada dos peregrinos europeus no caminho de Santiago. Deu para espreitarmos os Pirinéus Ocidentais, para falar um pouco de francês, e realmente foi bastante mais rápido irmos por França!
Roncesvalles foi uma pequena desilusão, porque é um sítio muito pequenino e movimentado, apenas com uma igreja e um mosteiro para acolher os peregrinos.
Assim, seguimos caminho para Pamplona, a terra dos touros. É bonitinha, mas nada de extraordinário. Encontrámos facilmente o parque de campismo, que não parecia muito simpático, mas acabou por não ser mau de todo. O pior foi o frio que se fez sentir durante a noite - um verdadeiro gelo, quase não conseguimos dormir graças a isso!

Loja em Hondarribia

10º dia
Pamplona - Logroño - Soria - Peñaranda de Duero - Aranda de Duero - Segóvia

Como de costume, aproveitámos a manhã para visitar a cidade. O dia estava bastante solarengo e nós tentámos fazer alguma fotossíntese para compensar o frio passado durante a noite! Somos uns campistas pouco preparados...
Estabelecemos o itinerário para o dia, tendo como destino final Segóvia. Temos muito que andar!
Primeira paragem, Logroño. Para nossa surpresa, há festa na cidade! Mal chegámos e somos envolvidos numa multidão bem-disposta, a passear pelas ruas. Ficámos a saber que festejavam o São Mateus, à semelhança de Viseu. A cidade é bonita, mas valeu principalmente pelo ambiente de festa e pela simpatia que pairava no ar.
Depois, Soria, que fez um contraste demasiado grande com Logroño. Como chegámos a meio da tarde, na altura na sesta, não se via ninguém nas ruas, dando ideia de passearmos numa cidade fantasma. Pouco tempo ficámos lá.
No caminho para Segóvia, fizemos um pequeno desvio para visitarmos Peñaranda de Duero, perto no nosso Douro, ainda em versão espanhola. O guia mostrava imagens muito bonitas, pelo que nos pareceu valer a pena. A localidade é bastante pequenina, com aquele ambiente de vila de interior, parada no tempo. À primeira vista, achámos que tínhamos feito mal em lá ir. Mas, ao subirmos até ao castelo, e ao vermos a paisagem lá de cima, percebemos que tinha valido a pena. A vila em si é muito bonita, vista lá de cima, quase que fundida na paisagem dourada das searas à sua volta. Com a luz de fim de tarde, o resultado foi maravilhoso.
Faz-se tarde e é preciso continuar. Fomos até Aranda de Duero, a cidade mais próxima, para tentarmos saber se há parque de campismo em Segóvia ou não. Tarefa difícil, uma vez que quase não descobríamos a oficina de turismo. Mas, mesmo depois de a termos descoberto, ficámos a saber o mesmo, uma vez que as pessoas lá não nos souberam dizer nada, tendo sido um pouco antipáticas... Enfim, vamos por nossa conta.
Novamente com um grande golpe de sorte, e ao termos percebido mal as indicações do "Joaquim" para entrar em Segóvia, demos de caras com o único parque de campismo, que é bastante simpático! Que fixe! Ainda fomos dar uma volta na cidade, que é linda, mesmo à noite.

11º dia
Segóvia - Ávila - Salamanca

Cá estamos, em Património da Humanidade. Que faz completamente juz à classificação. Desde a imponente Catedral, ao fantástico Alcazar, passando pelo Aqueduto, tudo é magnificente nesta cidade. Temos impressão de ter regressado ao passado, somos transportados para um cenário de príncipes e princesas, com todas aquelas muralhas e ameias... Muito lindo.
Seguindo a rota das cidade património da Humanidade, fomos a Ávila. Depois de um belo almoço, visitámos o centro histórico, dentro de muralhas. A catedral é muito bonita, assim como as diversas praças que se vão encontrando, com as suas igrejas - que são muitas! Já fora da cidade, há um miradouro muito bonito, que marca o local onde Santa Teresa foi encontrada quando fugiu de casa, com o objectivo de lutar contra os mouros (era ela uma criança). A vista sobre a cidade, do outro lado, é fantástica.
Continuando para Salamanca, a primeira coisa que fizemos foi procurar uma Decathlon para comprar um outro saco-cama, para ver se não passámos tanto frio desta vez!
Depois, nova aventura para descobrir o parque de campismo, em que fomos, mais uma vez, enganados pelo GPS... Mas, como de costume, conseguimos descobrir o dito cujo!

12º dia
Salamanca - Parque Nacional de Monfragüe - Cáceres

Salamanca é uma cidade espectacular. Já lá tinha estado uma vez, há uns bons anos atrás, e tinha gostado muito. Desta vez, numa visita curta, a opinião manteve-se. As catedrais (sim, são duas!), o Pátio das Escolas, a Casa das Conchas, a Plaza Mayor... Tudo imponente mas, ao mesmo tempo, acolhedor. Uma pessoa sente-se em casa.
Ao início da tarde, seguimos para sul. Embora o nosso destino fosse Cáceres, passámos primeiro pelo Parque Nacional de Monfragüe, um local de eleição para observação de aves. Depois de nos informarmos sobre as diferentes rotas, partimos à aventura. O parque é lindo, com grandes penhascos (que são os locais de eleição para as aves de rapina nidificarem). Vimos milhafres e outras rapinas (que eu não sei o nome), mas também muitos veados a passear pelos montes e até uma raposa, altamente civilizada, a conviver com visitantes do parque, num miradouro! Gostei muito, muito. Aliás, era isto que eu queria das férias - natureza. Descansar o espírito e a cabeça.
Em Cáceres, última noite antes de regressarmos a casa, a surpresa: cada espaço para acampar tem uma casa-de-banho privativa! Isto é que é luxo!

13º dia
Cáceres - Évora - Parede
Uma noite bem dormida, o que já não acontecia há algum tempo. Por um lado, faz muito menos frio a sul. Por outro, é realmente muito prático ter uma casa-de-banho só para nós. Gostei!
Visitámos Cáceres pela manha, também ela Património da Humanidade. O centro histórico é muito bonito, muralhado, com muitas igrejas. Aqui, já se começa a ter um certo ar de Alentejo. As paredes já não são todos de pedra, mas caiadas. É engraçado, estas semelhanças inter-nacionais...
E pronto, assim acaba a nossa aventura espanhola. Agora, é regressar ao bem-amado rectângulo!
Depois de enchermos o depósito antes de sair de Espanha (uma vergonha, esta diferença no preço dos combustíveis!), rumámos a Évora, cidade que eu nunca tinha visitado. Como não conseguimos arranjar um mapa no turismo, andámos um pouco perdidos, a vaguear pela cidade... Mas deu para ver que é bonita. O Templo de Diana é um pouco estranho, porque acaba por ser mais pequeno do que aquilo que se esperaria. Todas aquelas ruelas, estreitas, com as casas de paredes brancas, são deliciosas.

Só nos resta agora o regresso a casa. Até uma próxima vez.

Nota - A qualidade das fotografias não é muita porque foram tiradas com os nossos telemóveis. E é também por isso que só tenho fotografias de alguns dias, que é quando tínhamos bateria no telemóvel! Quando tiver as da minha máquina reveladas, terão oportunidade de as ver.

Férias!!!

E, depois de um momento árduo de trabalho e, principalmente, de stress, estou pronta para duas semaninhas de férias! Por isso, não se admirem com o meu silêncio.
Até breve.

Aventura no Japonês

No passado fim-de-semana, resolvemos ir jantar fora, a um restaurante japonês - Rock 'n' Sushi. Os meus manos já tinham experimentado e eu, como desconhecedora, estava com muita vontade para, finalmente, saber como é isso do sushi.

Olhem só o aspecto maravilhoso da comida:
Combinado de Sushi e Sashimi


Visto de outra perspectiva


E este foi o prato pedido pelo mano, que preferiu não se arriscar no sushi...

Pois, se os olhos comessem, esta comida seria espectacularmente maravilhosa. O problema é quando os olhos deixam de comer, e a cabecinha começa a entrar em acção! Eu provei, até comi dois pedacinhos. Aliás, três! Mas, ao terceiro, fiquei tão agoniada que não consegui continuar. E, assim, a minha irmã teve que comer o prato de sushi sozinha. Passado uns momentos, lá consegui pedir as espetadinhas de frango, que foi o máximo que o meu estômago aguentou. Eles ainda comeram umas sobremesas fantásticas, com um aspecto muito bom - crumble de morango e crumble de frutos silvestres. Tudo acompanhado com uma bela bola de gelado. Mas eu já não fui capaz. Talvez para a próxima.

O Vendedor de Passados - José Eduardo Agualusa



"O Vendedor de Passados" foi mais um presente de aniversário, oferecido pela minha amiga Carine. Nunca antes tinha lido um livro de José Eduardo Agualusa, por isso tinha alguma curiosidade. Assim, quando acabei o livro do Mia Couto, passei directamente para este.
O livro conta-nos a história de Félix Ventura, um homem que tem como ofício vender passados falsos a burgueses recentes, que precisam urgentemente de um passado com prestígio e solidez. Certo dia, bate-lhe à porta um estrangeiro esbaforido, necessitado de uma identidade angolana. E a partir desse momento, a vida da nossa personagem principal vai mudar.

Um dos factos mais curiosos sobre este livro é o seu narrador ser uma................ osga. Sim, perceberam bem. Uma osga. Cheia de sensibilidade e bom senso. Um amor de osga. :)

Gostei tanto, tanto, tanto deste livro que não resisto a recomendar a todos que o leiam. É divertido, bem escrito, com uma história super interessante, cativante, que nos prende na leitura. Tanto assim foi que li o livro nuns singelos 5 dias. E agora já estou noutra. Mas com saudades.

Mamma Mia!



No dia seguinte à estreia, um pouco que arrastada, devo confessar, lá fui rumo ao cinema para ver a adaptação cinematográfica do musical "Mamma Mia!". Estava bastante tristonha nesse dia e, por isso, não me apetecia nada sair de casa. Mas não tive grande escolha!
Não me arrependi absolutamente nada. É certo que, quando vi o trailer, fiquei com muita vontade de ver este filme, mas nada me fazia prever a onda de boa disposição que nos invade, quer queiremos, quer não.
Como já devem fazer, o musical foi escrito com base a músicas dos ABBA. Que, como toda a gente sabe, foram um dos grandes ícones da música do fim dos anos 1970. Com todos aqueles mega-sucessos cheios de energia!!! Então, imaginem um filme que tem essas músicas como fio condutor da história... Um espectáculo! É de cantar do início ao fim, só apetece levantar do lugar e dançar! Ainda para mais, para completar a onda de alegria, o filme foi rodado numa ilha grega, com paisagens de sonho, para as quais só nos apetece saltar e fazer parte daquela festa.
E é um gozo ver todos aqueles actores, excelentes por sinal, a assumir papéis tão diferentes dos que estamos habituados a ver. Meryl Streep é autêntica, sem deixar de assumir as suas fragilidades em termos vocais (o que é bastante querido), Pierce Brosnan surpreende com uma voz potente, Colin Firth é super divertido, sem qualquer jeito para a coisa. Quem tem mesmo muito jeito é a jovem Amanda Seyfried, muito talentosa. E onde é que eu já vi aquela cara?...
Há já muito tempo que algo não me deixava tão bem disposta, com a alma levezinha... Assim, este filme é como que um comprimido milagroso contra as depressões que começam a aparecer nesta altura do ano. Acho que ainda o vou ver outra vez.

O gato que comia flores

Há já algum tempo que não deixava aqui um pedaço de mim. Que é como quem diz, uma amostra da minha escrita.
Desta vez, em vez de poesia, fica a primeira parte de um conto que comecei a escrever há mais de um ano. Tem estado um bocado parado, desde então...
Resolvi colocá-lo aqui porque gostaria mesmo de ter a vossa ajuda. Não sei bem como continuar a história, por isso conto com a vossa criatividade para fazê-lo. Fico à espera de sugestões!


"Alberto era um gato gingão. Grande olho azul, cheio de bons modos, passeava o seu corpo alongado manchado de listas cinzentas como se fosse o dono do pedaço. Talvez o fosse, tudo depende de que pedaço estamos a falar! Mas, para Alberto, estas considerações filosóficas eram pura perda de tempo. O realmente importante era a sua extraordinária superioridade em relação aos demais felídeos.
Durante a semana era fácil. A ausência de rivais tornava a sua rotina um tanto ou quanto indolente. Os seus dias eram passados na procura incessante do melhor lugar ao sol, tarefa que o fazia andar às voltas pela casa, de divisão em divisão, enquanto as sombras se moviam, como que a convidá-lo para uma dança. Assim se passavam os seus dias, uma longa colecção de horas, até que, de repente, a caixinha azul anunciava a tão desejada viagem, rumo à casa da família! Assim, sim, tinha tempo e espaço para se passear pelos jardins, dedicar-se às aparentemente inofensivas brincadeiras com os outros gatos. Pela mãe, Nariz, era sempre bem recebido. Já os outros… A primeira reacção era sempre de desconfiança! Mas Alberto não se importava. Ele conhecia a sua superioridade e fazia questão de a demonstrar perante os outros. Principalmente ao seus tios, Miró e Branquinha, que tinham a mania que mandavam lá em casa! Parecia impossível, não lhe davam a mínima hipótese de se baladar pela casa, de forma a mostrar a todos o seu invejável charme. Que chatice! Ultimamente era assim: a família, que sempre o havia recebido com todos os mimos, agora virava-lhe as costas ou, então, pior ainda, arreganhavam-lhe os dentes, por entre tabefes nada amistosos. Que se passaria naquelas cabeças?...
Bem, mas nada disto incomodava demasiadamente Alberto. Conhecedor e reconhecedor das suas superioridades, assim seguia, ultrapassando os percalços destas desavenças familiares.
Nos longos e entediantes dias que passava sozinho naquele apartamento luminoso, Alberto tinha uma única coisa que lhe oferecia alento: as suas deliciosas flores. Os vasos, colocados estrategicamente em locais de difícil acesso, preenchiam os seus dias de complicados estratagemas – como chegar até eles? Desde que se tinham apercebido da sua paixão desmesurada por tais delicados seres, os vasos iam mudando de lugar. Como ultrapassar portas fechadas?... Questão complicada, esta. Sendo um gato cheio de recursos e ardis, ainda não tinha encontrado forma de contornar este problema e isso deixava-o deveras apoquentado. O facto é que não podia viver sem as suas flores. Os seus amores-perfeitos… hum, que sonho! De tão belas, só lhe apetecia comê-las. Devorá-las lentamente e sentir o seu sabor doce, delicado…Logo, interrompido, claro está, pela intervenção da dona! Chiça, que ninguém o deixava em paz! Pobre Alberto, que sina a sua. Ah, mas havia também as outras, aquelas que foram passeando pela casa (e, com elas, passeava Alberto), mudando de poiso de tempos a tempos. Belos tempos, aqueles em que estiveram plantadas no parapeito da janela! Mesmo ali, no lugar favorito de Alberto, onde o luminoso sol brilhava logo pela manhã. E onde ele se deixava ficar pelo dia a fora, dormitando…"

WALL-E



No fim de semana que passou, aproveitei o tempo meio cinzento e a falta de energia que abundava cá por casa para ir ao cinema ver a mais recente aventura da Pixar, essa mesmo sobre o robot mais fofo de todos os tempos!!!
Todos as críticas ao filme que li até agora são altamente positivas. No Expresso, chegam mesmo a defender que o filme deveria ser nomeado ao Óscar de Melhor Filme. Eu não vou tão longe.
Depois de ler isto tudo, esperava uma história fantástica, um grafismo deslumbrante. Basicamente, esperava ficar completamente rendida ao filme.
E não foi exactamente isso que aconteceu. Embora o robot WALL-E seja uma delícia, claramente inspirado no E.T. de Steven Spielberg, parece que algo da ideia se perde pelo caminho. É quase como se não houvesse puerilidade suficiente no filme, como se toda a história estivesse demasiado auto-consciente das ideias que quer transmitir.
No entanto, tudo isto é um sentimento que fica, assim como que o travo do vinho que permanece na boca depois de engolirmos... E não uma falha óbvia do filme. Por exemplo, a história de amor entre WALL-E e EVA é quase unidireccional, uma vez que ela quase não participa. E, com isso, a doçura dele fica um pouco esbatida.
Houve uma parte que gostei muito, e que eu acho estar muito bem conseguida como "crítica social", que se refere à forma como a humanidade evolui a bordo da nave espacial, enquanto espera pela Terra se tornar um planeta habitável novamente. Como não quero ser desmancha-prazeres, não vou revelar pormenores!
Assim, é um filme querido, com uma mensagem idealista que cai muito bem nos dias de hoje, mas que começa, de alguma forma, a soar a oco. Contudo, um bom filme.

Venenos de Deus, Remédios do Diabo - Mia Couto



Este livro foi um presente de aniversário, que recebi a dobrar: tanto os meus coleguinhas de lab como a minha mana tiveram ideia semelhante, ao achar que o mais recente livro de Mia Couto seria prenda para mim. E todos tiveram razão, porque Mia Couto é um autor do qual gosto muito.
Este "Venenos de Deus, Remédios do Diabo" (título muito interessante, por sinal) segue o mesmo estilo do autor moçambicano, relatando-nos cenas da realidade africana. O que eu gosto muito, como já devem ter dado conta.
A história gira à volta de três personagens principais: Sidónio Rosa, médico português que se voluntaria para ir trabalhar para Moçambique, para procurar Deolinda, uma moçambicana que conheceu num congresso em Lisboa e pela qual se apaixonou; e Bartolomeu e Munda Sozinho, pais de Deolinda, através dos quais Sidónio se vai embrenhar na vida de Vila Cacimba e conhecer o mundo que rodeia a sua amada Deolinda, que se encontra fora a realizar um estágio.
Sidónio espera por ela, mas a cada dia que passa a história vai enredando-se cada vez, até chegar ao ponto em que já não se sabe o que é a realidade...
Ao longo do livro, vão aparecendo "tiradas" irresistíveis. Algumas vou partilhar aqui, com vocês.

"Agora, somos como o dedo e o anel: não nos fazemos falta, mas não vivemos longe um do outro."

"Quem tem medo da infelicidade, nunca chega a ser feliz."

"Aos 10 anos todos nos dizem que somos espertos, mas que nos faltam ideias próprias. Aos 20 anos dizem que somos muito espertos, mas que não venhamos com ideias. Aos 30 anos pensamos que ninguém mais tem ideias. Aos 40 achamos que as ideias dos outros são todas nossas. Aos 50 pensamos com suficiente sabedoria para já não ter ideias. Aos 60 ainda temos ideias mas esquecemos do que estávamos a pensar. Aos 70 só pensar já nos faz dormir. Aos 80 só pensamos quando dormimos."

E, para finalizar, com muita sabedoria!!!

"Para a mulher há dois momentos felizes na cama: o primeiro, quando o homem se atira para cima dela, e o segundo, quando o homem sai de cima dela."

Their Heads Are Green and Their Hands Are Blue - Paul Bowles



Mais uma vez, venho falar-vos de uma obra de Paul Bowles. Como já devem ter percebido, é um autor do qual gosto muito.
Este livro, Their heads are green and their hands are blue, foi mais um dos que trouxe comigo aquando da viagem a Paris, e é uma colecção de "reflexões" que Bowles escreveu durante as suas muitas viagens, particularmente na Índia e norte de África.
Bowles escreve sobre a cultura dos sítios que visita, da forma de estar das populações, das suas crenças e tradições. Mas, também, de como ele próprio lida com com estas diferenças, como se adapta às diferentes realidades.
Assim, é um livro muito rico. Por vezes, é um bocadinho enfadonho, mas a maioria das histórias tem aquela capacidade fantástica de nos transportar para dentro delas. E, cada vez mais, desperta em mim a vontade de sair e correr mundo, como se costuma dizer. Ver com os meus próprios olhos e sentir as realidades que aqui são descritas.
É por isso que ler é uma actividade tão enriquecedora. E é por isso que gosto tanto de ler.

Olho Vivo



Que grande ideia essa, a de fazer um remake dessa série fantástica que era "Get Smart" - em português, Olho Vivo.
Ontem lá fomos nós, os três cá de casa, ver o filme a Cascais.Primeiro, Steve Carell é um actor que tenho gostado, nos últimos filmes que fez (aliás, como já referi na crítica ao filme "O amor e a vida real"). Em Olho Vivo também está muito bem, como Maxwell Smart - embora não tenha um ar tão palerma como a personagem original, interpretada por Don Adams. Devo dizer que adorava a série, quando era miúda. Nunca me apercebi é que estava a ver a série com quase 30 anos de atraso!!!
Regressemos ao filme. A história leva-nos, supostamente, a um momento anterior ao que aparecia na série, uma vez que conta como o agente 86 e a agente 99 se conheceram e se tornam num par romântico em luta contra o crime organizado da agência KAOS. Mais, o filme mostra-nos como Maxwell se torna o agente 86, altamente eficaz, apesar de toda a sua azelhice. Portanto, para quem se lembra da série (ou para quem tem idade suficiente para tal!), é um agradável regresso ao passado, cheio de momentos hilariantes. Steve Carell está óptimo, assim como Alan Arkin, no papel de chefe da CONTROL. Já Anne Hathaway é, como já se sabe, um bocadinho insossa, e aqui não é excepção. Ainda assim, é um momento bem passado e que vale a pena.

The Dark Knight



Depois de um pequeno atraso, lá consegui arranjar um tempinho para ir ver o mais recente capítulo da saga de Batman. Já tinha visto o filme anterior, também realizado por Christopher Nolan (o mesmo de Memento e Insomnia), e gostei imenso. Devo confessar que os filmes de Batman nunca me tinham suscitado grande interesse (talvez não tivesse a maturidade suficiente quando os filmes realizados por Tim Burton foram lançados...), mas a forma que Nolan impôs na sua realização agrada-me bastante.
Assim sendo, havia algumas expectativas quanto a este "The Dark Night". Lá pelo laboratório, toda a gente elogiava o filme. E eu lá fui, com a Rita T, ver qual era a minha posição no meio das opiniões!
Gostei. Continua aquele sentimento de uma história mais real, mais próximo do nosso mundo, que tinha começado no filme anterior. Batman está mais humano. Mas, ao mesmo tempo, este filme é extremamente negro, imerso no terror que se apoderou de Gotham City, personalizado no assombroso Joker de Heath Ledger.
Há algumas incongruências na história, mas, apesar disso, há um sentido de globalidade, de unidade, neste filme.
Para mim, o ponto menos positivo do filme é mesmo a duração. Duas horas e meia é um bocadinho demais para o tipo de filme que é. E visto na sessão das 22h é ainda mais cansativo. Por isso, aconselho, vejam à tarde que é melhor. ;)

Viagem Interminável - Partes I, II, III e por aí adiante

Escrevi este pequeno texto no passado domingo, enquanto regressava a Lisboa, vinda das férias em Odeceixe. Aqui fica, para partilhar convosco.

"Os transportes públicos são obsoletos em determinadas situações, quer queiramos, quer não.
Como criticar o dito capitalismo absurdo que nos faz pegar no carro para qualquer deslocação, quando tantos são os casos em que as alternativas são quase inexistentes?
Quer dizer, se calhar, estou a exagerar. Até porque quando me fui informar sobre os horários de autocarros de Odeceixe para Lisboa, fiquei a saber que há três carreiras diárias. Uma de manhã e duas à tarde. Sendo que uma das da tarde é, supostamente, mais rápida. Um expresso para Lisboa!
Embora tenha desconfiado um pouco da duração da viagem (segundo o horário, quatro horas e vinte minutos), nada fazia prever um tamanho suplício.
O autocarro chegou a Odeceixe com, mais coisa, menos coisa, 40 minutos de atraso. Problemas no trânsito, aparentemente. Mas estes minutos de atraso acabariam por perder importância face ao cenário que se avizinhava. Paragens e mais paragens, por tudo o que é vila no meio do sudoeste alentejano. A saber, e até ao momento, em que estamos parados em Grândola para uma pausa de 10 minutos, parámos nas seguintes localidades:

- Zambujeira do Mar (grande confusão, como seria de esperar);
- Cabo Sardão;
- Almograve (com manobras altamente complicadas que incluíram andar dois quarteirões em marcha-atrás, numa rua em que só havia espaço mesmo para o autocarro!);
- Vila Nova de Milfontes;
- Porto Covo;
- Grândola.

Assim posto, até pode nem parecer muito. Mas este percurso, que, normalmente, demoraria cerca de uma hora, vai agora nas 3 horas de duração. O que é qualquer coisa de espectacular! Acho que é preciso encarar como uma viagem turística para conhecer todos estes lugares pitorescos.
Mas agora, que a noite começa a cair, é mais difícil aproveitar o pitoresco da viagem. E sobra apenas o espaço para introspecção, que vai acelerada, que assim consegue a cumplicidade do escuro."

Half of a yellow sun - Chimamanda Ngozi Adichie



Este livro foi-me emprestado pelo Russell, que já me havia falado sobre a história. Fiquei imediatamente interessada, porque este é o protótipo de livro que eu gosto: um romance enquadrado num período histórico-político real e relevante. Porque, assim, aprende-se enquanto se lê.
Falemos então do livro. O título, Half of a yellow sun, refere-se à bandeira da República do Biafra, na qual se podia ver essa metade de um sol amarelo. A história do livro, essa, centra-se no período entre 1967 e 1970, aquando dos massacres na Nigéria, com a consequente declaração de independência por parte da região sul da Nigéria, que dá origem à República do Biafra. Como resposta, a Nigéria inicia uma missão militar contra os rebeldes, com o apoio de (quase) todas a grandes nações mundiais, como é o caso do Reino Unido, Rússia e com o apoio tácito dos EUA. O Biafra irá resistir durante cerca de 2 anos, durante os quais a Nigéria boicota o abastecimento de alimentos à região do Biafra, fazendo com que muitas das mortes ocorridas durante esse período se tenham devido à fome. E mesmo nesta zonas, os raids aéreos continuaram.
Falando mais concretamente no livro, este cruza a história de 3 personagens: Ugwu, um rapaz de 13 anos que é empregado em casa de um professor universitário em Nsukka, de seu nome Odenigbo. Ollana é oriunda de uma família abastada, e tudo abandona para se juntar a Odenigbo, um homem de fortes convicções. Richard é um inglês tímido que se apaixona por Kainene, irmã gémea de Ollana, e que por ela faz tudo por se tornar um nativo. A história segue estas 3 personagens, de uma forma não linear, em termos temporais.
Sobre a história, mais não vou dizer. Aconselho a leitura a todos, se bem que não estou certa de haver uma tradução em português disponível. Contudo, fixem este nome, porque vale realmente a pena.

Festival de Músicas do Mundo - Sines

A edição deste ano do Festival de Músicas do Mundo (FMM para os amigos) decorreu de 17 de Julho a 26 do mesmo mês, 10 dias de música para festejar a 10ª edição do festival. Como é da praxe, as lides dividiram-se entre Porto Covo e Sines, dois lugares muito bonitos e que eu não conhecia!
Nós só pudemos ir no último fim-de-semana e por isso tivemos direito a assistir ao fecho do festival, com um fogo-de-artifício muito bonito (ver foto).
Devo dizer que foi uma aventura, porque não deu para acampar no parque de campismo, porque estava cheio, e, por isso, fomos "mandados" para o estádio municipal de Sines, que a Câmara local pôs ao dispor dos festivaleiros. Aliás, é de referir como tudo está extremamente bem organizado e, explique-se, a organização está a cabo da dita Câmara Municipal de Sines. Muito bem.
Depois de montadas as tendas, o primeiro passo foi comprar bilhetes e explorar o espaço. Os concertos pagos acontecem dentro do Castelo (um espaço muito bonito!), mas depois há também concertos na avenida à beira-mar, onde se encontram igualmente dezenas de tasquinhas de comes-e-bebes, para além de barracas de artesanato.
O ar está saturado de boa disposição e calmaria. É uma maravilha passear por entre as gentes, descobrir as pequenas obras de arte vendidas nas coloridas tendinhas, ser invadida pelo espírito multicultural do festival... Muito bom.
Falemos, então, da música. As expectativas não eram muitos, porque não havia um único nome que eu conhecesse no alinhamento de sexta e sábado. Na noite de sexta, gostei muito de Asif Ali Khan, um senhor paquistanês que vem acompanhado de uma trupe de músicos - muito bom! Já os concertos que se seguiram não foram minimamente do meu agrado - sonoridades um pouco pesadas, com um acordeonista finlandês (KTU) e um rockalheiro chinês (Cui Jian). Questionável.
No sábado, ala para a praia! Percorremos a costa até Porto Covo, onde tivemos direito a um almoço tardio de chocos fritos. Muito Bom.
Nos concertos da noite, o saldo foi muito positivo. Primeiro tivemos Koby Israelite, que foi bastante animado, e depois veio o grande momento da noite: Rokia Traoré, também chamada a nova diva do Mali. Pessoalmente, não conhecia a música dela, mas o concerto foi fantástico, cheio de energia à volta de uma música envolvente! Para terminar, tivemos um grupo de homenagem a Jimmy Hendrix, com uma senhora algo esquisita como vocalista...
Deixo-vos, então, com algumas fotos do evento.



Asif Ali Khan


Rokia Traore


Concerto de Rokia Traore


Fogo-de-artifício no fecho do festival


(fotos retiradas do website oficial do Festival de Músicas do Mundo - http://www.fmm.com.pt/ )

Kings of Convenience - Cidadela de Cascais

Na passada quinta-feira, finalmente aconteceu o concerto há muito anunciado (e desejado!). A romaria foi feita a três, eu, Rui e Carol, até à Cidadela de Cascais. A noite estava agradável, mas fresquinha, e o espaço é muito giro, se bem que me tenha surpreendido por ser algo pequeno.

Confesso que estava muito expectante em relação ao concerto, os reis da conveniência são uma das minhas bandas favoritas. Adoro a calmaria que exala das músicas delas, sem que haja demasiada tristeza ou melancolia associada...

Mas falemos do concerto.

Começou com Erlend Øye e Eirik Glambek Bøe, cada um com sua guitarra, a tocar as suas músicas minimalistas, com aquelas vozes límpidas a ecoar na escuridão da noite. O repertório foi altamente diversificado, a percorrer os álbuns anteriores mas a incluir muitas músicas novas. A determinado momento, um incidente aconteceu com Erlend Øye e a sua guitarra, que ficou inutilizada para o resto do concerto. E assim, esse entertainer genuíno teve a sua oportunidade de brilhar, contando piadas, dançando, animando o público... Foi muito bom. Gostei muito, muito, muito!!!

E a noite acabou calma e serena, ao som de Misread, uma das músicas mais bonitas que estes rapazes escreveram.

Como se de um doce se tratasse, aqui deixo com vocês uma amostra do concerto, para que também possam disfrutar.


4 meses, 3 semanas e 2 dias


Como já antes tinha referido aqui, está a ocorrer no cinema Nimas um ciclo de cinema que faz, basicamente, uma retrospectiva dos melhores filmes estreados no último ano.
Depois de "Dear Wendy", fui ver este "4 meses, 3 semanas e 2 dias", um filme romeno, realizado por Cristian Mungiu e que venceu a Palma de Ouro do Festival de Cannes de 2007.
O filme conta-nos a história de duas amigas, Otilia e Gabita, estudantes universitárias. Gabita está grávida e, com a ajuda de Otilia, consegue combinar um encontro com Mr. Bebe, que realiza abortos clandestinos. Cedo se persegue que as coisas não estão a correr bem, logo quando Otilia chega ao hotel que Gabita supostamente reservou para o efeito e é informada que não há nenhuma reserva nesse nome. Otilia tem, assim, que ir à procura de outro sítio, o que se revela difícil e dispendioso.
Ainda assim, tudo está a postos para seguir com o combinado. Mas quando Mr. Bebe percebe que a gravidez de Gabita não tem 3 meses, como ela havia assegurado, mas sim bastante mais, tudo descamba. Ele irá ameaçar não fazer o aborto e acaba por exigir que ambas as amigas tenham relações sexuais com ele como forma adicional de pagamento, o que elas acabam por aceitar.
O filme é extremamente cru, até mesmo cruel, na história que conta. Tudo é filmado com uma desafectação imensa, de uma forma muito racional. Talvez por isso, e apesar da tragédia da história, não sobra grande sentimento depois de ver o filme. O que se calhar até é uma coisa boa.