O menino que queria ser estrela de rock 'n' roll

O mês de todos os concertos trouxe consigo a estreia em Portugal de Bon Iver, alter ego de Justin Vernon, que entretanto meteu ao barulho uma boa mão cheia de outros músicos talentosos.
Quem me conhecer um bocadinho sabe que a música de Bon Iver é daquelas que me emociona. Assim, as expectativas de uma boa choradeira durante o concerto eram elevadas! Depois de uma primeira parte um pouco sofrida (ou então era a ansiedade de ouvir Bon Iver), de um calor insuportável dentro do Coliseu dos Recreios (apenas amenizado pela oferta gentil de copos de água del cano, que foram muito bem-vindos!), e de uma espera que parecia não terminar, o concerto lá começou, com uma densidade talvez um pouco inesperada. A complexidade musical foi grande, derivada do uso de um elevado número de instrumentos. E a voz de Vernon... Bem, com o início do concerto fiquei um pouco preocupada que este seguisse a via da musicalidade mais poderosa, mais encorpada, com muitas guitarras (qual mago do rock), e que perdesse a natureza etérea da música de Vernon. Felizmente, estava enganada. Com a chegada de Re: Stacks, Justin ficou sozinho em palco com a sua guitarra e calou o Coliseu (finalmente...), ao mesmo tempo que fui atingida no meu âmago - respiração sustida, para não fazer figuras tristes... Logo de seguida veio Skinny Love, o golpe de misericórdia, para acabar com dúvidas que restassem de que este seria, provavelmente, o melhor concerto do ano. Seguindo a velha máxima, primeiro estranhou-se, para depois se entranhar. Bem fundo, por todos os poros. Para ficar a fazer parte de mim. E já ninguém mo rouba.

O regresso aos festivais de Verão (ou ao concerto de há 10 anos atrás)

nostalgia...

Depois de meses de indecisão, resolvi voltar a um concerto de Radiohead, passados 10 anos sobre esse mítico 27 de Julho de 2002, data do último concerto que deram em Portugal (num Coliseu do Porto à pinha). A decisão foi particularmente difícil dada a minha há já muito anunciada vontade de não mais pôr os pés em festivais de Verão. Mas claro que estes senhores tinham que vir pôr à prova as minhas inabaláveis decisões...
Bilhete arranjado à última hora através de amigos (muitas gracias!!! apesar de inflacção) e lá fui eu rumo ao Passeio Marítimo de Algés, nesse fim de tarde de domingo, acompanhada pela Marta, companheira indispensável num momento como este.
Fico contente em ter ido. Foi um concerto lindo, emocionante, apesar de não ter conseguido vislumbrar o palco que não pelo ecrã gigante. Foi divertido e contagiante, apesar do maralhal de gente à nossa volta. Houve quem não tivesse apreciado o concerto. Talvez tenham achado muito electrónico, com poucas referências ao passado mais longínquo. Mas para uma banda com todos estes anos de carreira (e já lá vão 20 anos desde que Creep foi apresentado ao mundo), e com tudo o que eles têm "arriscado" em termos de sonoridade, seria impossível ficarem sentados à sombra da bananeira a cantar golden oldies. Em vez disso, fizeram um concerto bastante equilibrado, em que predominaram, como seria de esperar, os dois últimos álbuns The King of Limbs e In Rainbows, mas em que passaram por todos os álbuns anteriores, com excepção do primeiro. Gostei particularmente de ouvir Exit Music (for a film) e Lucky, de OK Computer, e Reckoner, de In Rainbows. Mas foi, acima de tudo, um prazer estar na presença de uma banda tão talentosa e que faz, incondicionavelmente, parte da banda sonora da minha vida.

The Hypnotist - Lars Kepler

Finalmente, um livro que não seja da autoria de Jo Nesbo!!! De qualquer forma, mantém-se a temática: thriller policial. (Porque parece ser a única coisa que consigo ler por estes dias...)
Apesar da temática se manter, o estilo de escrita de "Lars Kepler", pseudónimo do casal sueco Alexander e Alexandra Coelho Ahndoril (será portuguesa?) é completamente distinto do de Jo Nesbo. Nem todos os pormenores descritos ao longo da acção têm um papel no desfecho final, por exemplo. O enredo é muito mais negro, com recurso a muito mais violência "visual". Quase como se fosse um filme de terror.
Pessoalmente, gostei muito. Acho que deixa o leitor completamente agarrado à história, a querer saber o que vem a seguir, mais e mais. É um bocado assustador, mas também isso serve para manter o interesse. O livro conta a história de como Erik Maria Bark, médico psiquiatra que no passado empregou o hipnotismo como forma terapêutica, se vê envolvido na investigação de um assassinato macabro. E mais não digo.
Aconselho vivamente a todos aqueles que gostam de este género de literatura, será com certeza uma óptima leitura para estas férias de Verão!

Um sábado à maneira

É preciso desanuviar a cabeça, com tanta leitura e tanta escrita! A tarde de sábado foi um desses momentos, com uma ida familiar a Sintra. O pretexto foi ver a peça de teatro "Estória da Gaivota e do Gato que a ensinou a voar", pelo grupo de teatro Tapa-Furos. A encenação do texto de Luís Sepúlveda, numa vertente mais infantil, estava verdadeiramente deliciosa, com a representação de todas as personagens com recurso a apenas quatro actores. Os maneirismos linguísticos, a linguagem corporal, tudo muito bem conseguido para divertir e emocionar os espectadores, miúdos ou mais graúdos. A história é fantástica, por isso fica a recomendação. E porque estávamos em Sintra e era hora do lanche, seria imperdoável não fazer uma "visita" à Piriquita para comer um maravilhoso travesseiro. Já não me lembrava que eram assim tão bons... Realmente, foi um bom programa para uma tarde bem passada.