CocoRosie em concerto de garagem (e não foi na lá de casa)



Sempre atrasada... Mas numa semana com tantas actividades culturais, foi difícil manter este blog actualizado. Os últimos dias de Julho trouxeram consigo uma visita das irmãs Cassidy ao nosso país. Conheci-as com o primeiro (acho eu) concerto que deram em Portugal, no ido ano de 2004, em Paredes de Coura. Na altura, ouvia a Antena 3, em directo do festival, e fiquei muito impressionada com a música peculiar feitas por estas meninas, de nome Cocorosie. O nome, esse, vem dos apelidos que a mãe arranjou para cada uma delas: Coco para Bianca, Rosie para Sierra.
Quem conhece sabe que a música destas duas irmãs é peculiar. Mistura estilos muito diferentes, desde o funk ao canto lírico. E depois há a voz de Bianca, metálica, como que distorcida, de uma beleza áspera. E a excentricidade de Sierra. Tudo junto torna-as únicas.
Desde esse Agosto de 2004 que tinha vontade de as ver ao vivo. Razões logísticas fizeram com que apenas 7 anos mais tarde isso acontecesse. Valeu a pena esperar?...

Valeu. Claro que já não estão a apresentar "La maison de mon rêve", esse disco mágico. E eu não conheço bem o disco mais recente delas, de 2010. Por isso, senti-me um pouco perdida durante o concerto no Lux, discoteca lisboeta, onde passaram canções atrás de canções sem que nada me soasse familiar. No entanto, as irmãs Cassidy têm um magnetismo que torna tudo isso um pouco secundário. O espectáculo vale a pena, visual e sonoramente falando. Sierra mais expansiva, mas sem cabriolices (como tinha acontecido no concerto da véspera, na Casa da Música) devido ao tamanho reduzido do palco. Aliás, o grande problema deste concerto foi o local onde se realizou. O Lux não tem condições para este género de concertos, e Cocorosie merecia, sem dúvida, algo melhor. Erro da promotora do espectáculo... Mas tudo acabou por valer muito a pena, porque o concerto acabou com um encore de "By your side", essa pérola pertencente ao primeira álbum das irmãs. Comovente.

Festival ao Largo com a CNB - Uma coisa em forma de assim



O Festival ao Largo vai na sua terceira edição, mas só este ano passei pelo largo do São Carlos, nesta iniciativa que pretende democratizar o acesso à cultura, na forma de espectáculos gratuitos de música sinfónica, coral, e de dança.
No meu caso, fui assistir a este espectáculo de dança, protagonizado pela Companhia Nacional de Bailado (CNB), de seu nome "Uma coisa em forma de assim" (título sugestivo...). É construído tendo como base música composta por Bernardo Sassetti, para o qual 9 coreógrafos portugueses (os mais conceituados) foram convidados a criar peças.
Chegámos ao largo por volta das 20h, pensando que seria uma hora adequada para guardar um lugar sentado (o espectáculo era às 22h). Surpresa (ou não), poucos lugares livres havia! Mas ainda havia para nós, por isso bem bom. É engraçado ver toda a gente à espera, com sacos de comida improvisados, sandes e snacks... Eu não fui tão prevenida e tive que recorrer ao café mais perto (por sinal, bem bom também).
Ora então, o espectáculo. Embora a visibilidade não fosse fantástica (por vezes ainda pior graças a uma senhora que insistia em levantar-se), foi muito interessante. Uma primeira peça comum, com todos os bailarinos, e depois pequenos trechos (os tais), com grupos mais pequenos. Houve uns que gostei mais, outros menos. Mas o último foi particularmente engraçado, com uma coreografia a incluir o próprio Sassetti e o seu piano, sensualmente interpretada a dois. No geral, tanto a música como a dança foram muito bonitas - é um espanto ver aquelas pessoas a dançar, parece tudo tão simples...
Gostei muito, é uma iniciativa realmente interessante por parte do Teatro São Carlos, e prova que o público adere a este género de coisas, porque o largo tornou-se pequeno para albergar tantos espectadores. Espero que seja para continuar.

O colectivo animal, antecedido pela meia-hora mais dolorosa da história da música



Após convite inesperado (e muito agradecido!), fui ver os Animal Collective em concerto no Centro Cultural de Belém (CCB), na passada segunda-feira. Desde logo, e há já algum tempo, a surpresa pelo local escolhido para semelhante concerto - muito pouco ortodoxa, mas a promotora lá saberá melhor do que nós.
A primeira parte, responsabilidade dos portugueses Aquaparque, foi horrenda. Não há palavras para descrever o que os dois senhores fizeram em palco. Uma amálgama sonora com muito pouco nexo, a complicar (ao infinito) uma música que até poderia, eventualmente, e com muita sorte, ser audível. Foi ver o pessoal a abandonar a sala aos magotes, mas nós achamos por bem ficar no nosso lugarzinho, mesmo em frente à mesa de som. Má ideia, portanto.
Depois de um (longo) intervalo, subiram então "os animais" ao palco, recebidos por um público entusiástico que, entretanto, tinha basicamente enchido o CCB. O que se passou então foi um momento difícil de definir: talvez porque o som no sítio onde estávamos fosse particularmente pujante, mas o que é certo é que fiquei colada à cadeira durante o tempo do concerto, abanando a cabeça ocasionalmente quando a música era mais ritmada. Foi estranho. Não sei explicar. Como não conheço assim tão bem a obra dos senhores, senti-me um pouco perdida. Mas acho que não fui a única, porque a maioria das canções eram experiências para um novo trabalho...
No geral, foi uma experiência engraçada. Mas não fiquei muito fã, até porque não tocaram o "My girls", que eu gosto tanto... E continuo a achar que a escolha do local foi completamente desadequada.

Super Bock Super Rock 2011, ou o regresso a um passado empoeirado



Já passou mais de uma semana desde o fim-de-semana mais... calamitoso, provavelmente, dos últimos tempos. Tenho que confessar que as expectativas já não eram muito favoráveis: o tempo de ir a festivais de Verão já ia lá bem longe (2003 ou lá perto), a minha fé nesse género de eventos também não estava no seu melhor momento. Mas a decisão estava tomada, por isso as 4 chicas rumaram a sul, em direcção ao Meco!
Os problemas começaram pouco tempo depois de atravessar a ponte 25 de Abril: fila de trânsito, compacta, e que se manteve quase até ao recinto. Houve alturas em que desliguei o carro e tudo, imagine-se lá! Relatos do "exterior" iam-nos dando conta do caos que já se vivia no recinto, nomeadamente na falta de espaço para acampar... Facto que constatámos assim que finalmente entramos no acampamento, já quase às 19h - para além do espaço em si ser mau, com desníveis e troncos de árvores um pouco por todo o lado, espaço disponível para montar 3 tendas também era coisa que não abundava. Tivemos que ser imaginativas, portanto. Concertos só começaram, basicamente, com Beirut, que me encheu o coração, apesar de não ser um concerto de festival. Fico à espera que o rapaz decida vir fazer um concerto em condições a Portugal, num espaço como a Aula Magna, por exemplo... De seguida, rumámos até ao Palco EDP, onde estava a sueca Lykke Li a tocar, no momento da noite. Um grande concerto, de uma senhora com uma grande voz e uma grande presença em palco. Muito bom. O regresso ao palco principal ainda nos deixou ver o encore de Artic Monkeys, mas nada que despertasse demasiado a atenção.
Uma noite nada bem dormida (já não me lembrava que o pessoal tem a mania de não se calar durante toda a noite...) trouxe consigo o segundo dia de festival. E também a percepção das limitações da organização do dito cujo. Ora então: logo de manhãzinha já havia filas para os chuveiros (talvez por serem muito poucos), bem como para as pias onde lavar a louça... Depois, filas havia para apanhar os autocarros para a praia... Onde chegámos já quase ao meio-dia. Praia muito gira, enorme, onde nunca tinha estado. Nus, não vi, parece que estavam lá mais para o fim da praia... O regresso ao recinto fez-se cedo, para evitar as filas de trânsito (muito vistas por aqueles lados), e houve então direito a um banhinho gelado - maravilha!!! Bem, vou cortar nos pormenores, para vos dizer que o segundo dia foi realmente o melhor em termos de concertos, mas também o mais complicado, em termos de gente. Havia tanta gente no recinto que não se viam clareiras, e o pó era tanto no ar que quase tornava impossível uma respiração normal!!! Apesar de nem sequer termos pensado em ir muito para junto do palco, fomos pisadas e empurradas, por pessoas que achavam que havia mais espaço do que na realidade... Não obstante, Portishead deram aquele que foi "o" concerto deste festival, recriando musicalidades que nunca pensei ser possível fazer ao vivo. Um concerto emocionante e emocional, sem dúvida, que mexeu com os meus limites. De seguida vieram os Arcade Fire, grupo do qual descobri não gostar por aí além, mas que deu um concerto muito bom, cheio de energia. E só não conhecia 3 músicas, por isso acho que até passava por fã.
Ao terceiro dia, lá aprendemos qualquer coisa e fomos passear - primeiro até à Lagoa de Albufeira, com uma praia bem bonita, e depois até Sesimbra, que é um sítio espectacular. Com os ânimos um pouco mais recompostos, lá enfrentamos o último dia de pó e música (por esta ordem), que acabou por ser uma desilusão. Se expectativas já não havia para nomes como Brandon Flowers ou Slash, The Strokes conseguiram dar um concerto morno morno, com um Julian Casablancas que parecia não saber onde estava, nem o que estava a fazer. Isso, aliado aos problemas de som, tornou o concerto pouco menos que sofrível. E assim chegaram ao fim 3 dias de grandes dificuldades logísticas e muita irritação (porque eu tenho muito mau feitio!!!), que acabou por ter pouca música, para tantos dias de festival. Mas houve música muito boa, por isso não foi mau de todo.

Mas não creio que me apanhem lá outra vez.

Ah, um pequeno apontamento para falar, ainda, de Noiserv, que deu um concerto bem giro ao ínicio do segundo dia de concertos, e de Chromeo, que também me pareceu estar a fazer um bom trabalho no palco EDP, no final do mesmo dia. Pena que o cansaço era tanto que já só conseguíamos abanar a cabeça...

Pequenas mentiras entre amigos



Há vida pós-Cartão Medeia.
Julho trouxe consigo o fim de uma "amizade" que durou pouco mais de um ano. A conjectura económica fez com que deixasse de ser proveitoso ser assinante do Cartão Medeia e, por isso, cancelei-o. Mas nem por isso se acabaram as idas ao cinema. Aliás, há agora mais liberdade de escolha em termos de filmes.
Num dia algo atribulado, com uma tentativa frustrada de ir à Cinemateca ver "Guerra Civil", um filme português com muito boas críticas - não chegamos tarde, mas quando chegamos os bilhetes já estavam esgotados. Ir a correr para o El Corte Inglés, chegar mesmo em cima da hora do filme, uma fila gigantesca para comprar bilhete (mas que raio é que se passa com esta gente???). Stress! Graças à intervenção da prima Carol, lá conseguimos ver este "Pequenas mentiras entre amigos", de Guillaume Canet (um actor do qual gosto muito), com apenas 5 minutos de atraso em relação ao real início do filme.
O filme segue a vida de um conjunto de amigos, trintões ou mais velhos, que todos os anos fazem férias juntos, na mansão de férias de um deles, no sul de França. Este ano, no entanto, um deles sofreu um acidente de mota e está hospitalizado, em estado grave. Ainda assim, os restantes membros do grupo decidem que não ficam a fazer nada em Paris e partem de férias. O mau-estar provocado pelos remorsos e pelas mentiras que impingem uns aos outros irá, contudo, pôr estas férias em risco...
Este é, então, um filme na tradição de "Amigos de Alex", unicamente baseado na complexidade das relações humanas. É um filme interessante, mesmo com as suas 2h30 de duração! Há apontamentos de humor, mais ou menos bem conseguidos, e há outros momentos que não resultam tão bem. Mas, no geral, é um filme que vale a pena ver. Gostei.

Ah, as filmagens nas imediações da duna de Pylat são muito boas!!! É realmente um sítio espectacular. :)

O furacão a fechar o fim-de-semana


Noite de domingo a fechar um fim-de-semana animado - nem de propósito, Sharon Jones, acompanhada dos seus Dap Kings, foi até à Casa da Música para incendiar os ânimos. Inicialmente previsto para a Sala 2, o concerto acabou por se realizar na Sala Suggia, a principal, devido à elevada afluência de público. Porque o pessoal sabe o que é bom.

O concerto começou com a entrada da banda, sem vocalista, que tocou durante cerca de 10 minutos, para "aquecer" a audiência para a chegada da artista. O som lembra os tempos idos das décadas de 60 e 70 no século passado... Soul, funk, o que lhe queiram chamar, transpira ritmo. E pronto, nós lá fomos abanando o corpo, entrando no espírito da coisa. Mas nada fazia prever que a entrada de Sharon em palco traria consigo um verdadeiro furacão. Que energia tem esta senhora, de cinquenta e tal anos, a fazer inveja a muito boa gente! E que vozeirão! A partir desse momento, foi sempre a dançar. E nem o facto de não conhecer quase nada do seu repertório foi impeditivo para um concerto fantástico.
Adorei, adorei, adorei. Tanto, que a seguir fomos comprar CDs da banda, que estavam à venda na saída do concerto. Assim, já não há desculpa para não conhecer as músicas. E ganham-se bons momentos de descontracção. Que mais se pode pedir, com toda esta energia?...