Up in the Air - Nas Nuvens



Na passada sexta-feira, e para compensar um dia passado em infinitos seminários (...), fui ao cinema ver este "Nas Nuvens", do realizador Jason Reitman, o mesmo de "Juno".
A premissa é bastante interessante e singular: um homem tem como emprego despedir pessoas (quando os seus patrões não o querem fazer pessoalmente) e passa mais de 300 dias por ano a viajar, numa vida sem laços nem compromissos. A chegada de uma recém-licenciada à sua empresa ameaça revolucionar a sua vida - não é que a miúda quer que os despedimentos passem a ser feitos por vídeo-conferência?!? Que irá acontecer à sua vida se deixar de viver no ar e tiver que assentar os pés na terra?...
O filme tem jeito de comédia romântica, mas é muito mais do que isso. É verdade que o "tom" é ligeiro, e acompanhado por uma bela banda sonora, mas contém também todo um conjunto de mensagens que torna este filme em algo mais. George Clooney veste a pele a esta personagem de uma forma magistral. Aliás, a personagem parece ter tudo a ver com ele - o tipo sedutor, com um estilo de vida atraente. No entanto, ele não é só isso. É também a vulnerabilidade quando a vida muda de registo, a profundidade para lá da superficialidade bonita e que atrai.
Assim, este "Nas Nuvens" é um filme extremamente agradável. Pelas interpretações, pela história, pela música, pelas mensagens. A lembrar como o cinema americano mais independente continua a dar-nos obras muito interessantes.

Um Profeta



Faz hoje uma semana que fui ver este filme de Jacques Audiard, de seu nome "Um Profeta". Tendo em conta que o último filme dele foi "De Tanto Bater o Meu Coração Parou", o registo tem coisas muito semelhantes e coisas muito diferentes. Semelhanças: uma história dominada por uma presença masculina, um herói sóbrio e de poucas falas. Diferenças: a acção. Num filme temos Paris, no outro uma prisão.
Falemos, então, deste profeta. A personagem, Malik, é o que eu definiria por anti-herói. Chega à prisão para passar 6 anos e o filme conta a história de como ele gere a sua vida para chegar ao fim desses 6 anos da melhor forma. Sem querer entrar em grandes detalhes, porque a ideia não é desvendar a história, posso dizer-vos que o filme é desconcertante. Tanto a sua construção como a interpretação de Tahar Rahim, para mim um perfeito desconhecido até este momento. O rapaz tem um ar angelical, tendo ele transmitido este sentimento para a personagem. Então, é completamente perturbador vê-lo manipular a realidade, gerindo as pessoas à sua volta, quais peões de um jogo de xadrez, para chegar ao seu objectivo primordial: tornar-se senhor da prisão e garantir o futuro à sua saída.
O filme é, por vezes, brutal. Quer por imagens, que por mensagens. Mas as quase três horas de duração passam num instante e mais que justificam uma ida ao cinema, para ver este profeta que ganhou o Grande Prémio do Júri do Festival de Cannes.

Albert Camus



Passaram, no dia 4 de Janeiro, 50 anos sobre a morte de Albert Camus. Nascido em 1913 na Argélia, morreu num acidente de carro em França, com apenas 46 anos de idade, tendo deixado uma obra vasta que, em 1957, tinha sido distinguida com o Prémio Nobel da Literatura.
Camus é um dos meus escritores favoritos. Tudo o que li da obra dele foi em Francês, já depois de minha estadia por essas terras. Apenas li "L'étranger", "La Chute" e "La Peste", qualquer um deles uma obra fantástica. Marcaram-me muito estas leituras, por toda a filosofia de vida que está por detrás. A escrita de Camus é altamente pictórica, é fácil imaginar tudo aquilo que ele vai descrevendo. Talvez por isso, por exemplo, "La Peste" é um livro extremamente denso. Parece que estamos realmente em Oran, por altura do surto de peste!
Com esta nota, quero apenas prestar a minha pequena homenagem a um escritor que muito me inspirou ao longo do tempo. Para que continue sempre vivo na minha (nossa) memória.

New York, I love you



É preciso redimir-me pela longa ausência. Os tempos têm sido de fraca inspiração e de pouca dedicação à escrita. E, por isso, este blog tem ficado para trás.
Então, há que recomeçar. E nada melhor do que um novo ano para incitar a recomeços.
Conto-vos, então, a minha última ida ao cinema. Foi com a prima Carol, durante uma estadia de 2 semanas no centro de Lisboa, a fazer cat-sitting ao querido Tuvinhas. E nada melhor do que matar saudades das Amoreiras, lugar favorito das idas ao cinema durante a adolescência.
O fime escolhido foi este New York, I Love You, uma espécie de reedição de Paris, Je t'aime, um conjunto de histórias à volta da sua respectiva cidade. A ideia é pegar em vários realizadores e deixá-los contar uma história que gire à volta da energia da cidade. E, depois, juntar tudo e dar-lhe um fio condutor. No filme sobre Paris, não gostei muito do resultado final porque faltava, precisamente, esse fio condutor - as histórias estavam desgarradas e tinham energias muito diferentes. Mas neste filme sobre Nova Iorque, a dinâmica foi bastante diferente. Soube criar-se pontos em comum entre as diferentes histórias, e as próprias histórias eram mais intimistas e fluidas.
Gostei muito do filme. Não posso dizer que tenha ficado desejosa de visitar Nova Iorque, mas será, com certeza, uma cidade interessante. Mas Paris, essa, estará sempre no meu coração.