Pictoplasma - Best of 2013

Escrevo com algum atraso. A semana, ocupada, não me deu paz de espírito suficiente para me dedicar à escrita. Mas este domingo simpático é a altura ideal para o fazer. 
No passado fim-de-semana, fiz o meu primeiro programa de cinema em Berlim. Não para ver um qualquer filme, mas sim para assistir às melhores curtas de animação do festival Pictoplasma (Festival and Conference of Contemporary Character Design and Art). O que foi, definitivamente, uma óptima ideia, visto que gosto de curtas e gosto de filmes de animação. Sinto que, de alguma forma, é mais fácil veicular informação nestes formatos.
A sessão que assisti, como disse, pretendia compilar o que de melhor passou pelo festival. E passaram coisas muito interessantes. Algumas nitidamente com um cariz mais político, como a curta "This land is mine", de Nina Paley (a qual adorei), outras com um propósito específico, como "Dumb ways to die", de Ollie McGill, encomendada pelo Metro Trains como alerta de consciência para os perigos dos comboios. Estas duas foram, provavelmente, as que melhor me ficaram na memória. Mas todo o conjunto era muito interessante, pelo que valeu muito a pena. Muitas gargalhadas, canções que ficam no ouvido (e não querem de lá sair!)... um serão bem passado.

This is the country - William Wall

Pois é, a leitura não anda profícua. Há que continuar a ter esperança e achar que, eventualmente, esta maré há-de mudar...
Ainda assim, após uns bons três meses, cheguei ao fim deste This is the country, de William Wall. Não conhecia o autor nem o livro, mas foi-me recomendado/emprestado pelo Russell, que é uma pessoa cujo gosto literário eu confio. Estava igualmente garantido que estaria na presença de uma leitura algo deprimente... o que não facilitou ao seu andamento.
Vamos, então, à história. Há um protagonista, cujo nome não creio que seja alguma vez mencionado. A acção passa-se na Irlanda, mas não em Dublin, o que me deixa na dúvida se estaremos a falar de Belfast e Irlanda do Norte... mas, realmente, não sei, porque tal nunca é abertamente mencionado. Voltemos ao protagonista - cresceu num qualquer bairro complicado, rodeado por marginais e um estilo de vida problemático. Adolescência mergulhada em todo o tipo de drogas, a sua vida muda quando engravida a irmã de Pat the Baker, o traficante maioral lá do pedaço. A partir deste momento, o rapaz tem a cabeça a prémio e a sua vida irá mudar por completo.
É uma história deprimente, claro que é. Mostra como é difícil dar a volta a uma vida que começa mal, como o percurso de cada um parece estar de alguma forma intimamente ligado a tudo um conjunto de factores fora do controlo, como a vida pode ser inexoravelmente madrasta apesar de todo e qualquer esforço... Será que há volta a dar-lhe? Não sei. Mas, ao mesmo tempo, este livro tem uma mensagem de esperança, por assim dizer. Porque a vida continua sempre, e temos que a viver. Independentemente de ser melhor ou pior, de ser a vida que ansiamos ou não. Há que fazer o melhor com as cartas que se tem na mão. 
Acho que é essa a mensagem. Por isso, gostei.

Palma Violets ao vivo @ Lido

Primeira incursão na cena musical (que não clássica) berlinense. Os escolhidos? Palma Violets, banda originária de Londres, com um pézinho ali no punk-rock. Não conhecia, mas ao ouvir as gravações de estúdio, fiquei impressionada - um vocalista principal com uma voz bem grave, profunda, daquelas que vai até à alma... Bem impressionada, portanto.
Ao vivo, lá se foi a boa impressão. Concerto completamente caótico, com o baixista completamente alucinado (como já não via ninguém há muito tempo...) e a acabar com uma invasão de palco por parte de um grupo de miúdos cuja hora de deitar parecia já ter passado há algum tempo... Enfim. Não digo que os miúdos (perceba-se, da banda) não tenham jeito para a coisa. As (boas) influências estão lá - The Clash, talvez um pouquinho de Joy Division... Mas falta-lhes um bocadinho de juízo. Não digo muito, mas há que crescer e amadurecer um pouco aquela histeria. Se não, não há quem os ature, por muito boa que seja a música.

Berlinische Galerie - Museu de Arte Moderna

Segunda-feira a seguir à Páscoa é feriado na Alemanha. E ele há lá maneira melhor que aproveitar um feriado do que indo a um museu?... Talvez haja, mas para programas solitários, é do melhor que se pode arranjar!
Entre várias hipóteses, optei por fazer uma visita à Berlinische Galerie, que é o Museu de Arte Moderna, Fotografia e Arquitectura cá do sítio - bem ao jeito das minhas preferências, mas também aproveitei o facto de, nas primeiras segundas-feiras do mês, a entrada ser a metade do preço.
Neste momento, para além da exposição permanente, estão patentes três outras exposições (ou, pelo menos, foi aquilo que eu vi). Uma de K.H. Hödicke, pintor alemão; outra sobre os projectos arquitectónicos para edifícios públicos e embaixadas no período posterior a 1990 (no seguimento da queda do muro); e uma terceira de Sergej Jensen, vencedor do Prémio Fred Thieler 2013. Sobre este último não vou falar muito, porque não me despertou particular interesse. Agora das restantes exposições gostei muito. Hödicke tem trabalhos muito interessantes (fotografias do canto superior esquerdo e do canto inferior direito), muito fortes visualmente. A exposição de arquitectura é muito interessante do ponto de vista histórico, porque retrata algo de muito único nos tempos que correm, que é o renascer de uma cidade. É uma perspectiva muito interessante. E a exposição permanente, que faz um compêndio da arte berlinense de 1880 a 1980, engloba todo um conjunto de arte fascinante, passando por várias períodos históricos (Primeira Guerra Mundial, Segunda Guerra Mundial, Pós-Guerra/Muro), mas também por diversas correntes artísticas.
Gostei muito. Foram 2h30 muito bem passadas, cheias de descobertas.