Um pouco mais de poesia

Este poema é mesmo dedicado a mim, euzinha da Silva, para ver se me convenço de uma vez por todas!

"Porque o único sentido oculto
das coisas
É elas não terem sentido
oculto nenhum."

Alberto Caeiro
O Guardador de Rebanhos

Ternura

Sim, sou distraída. E só agora me apercebi que ontem foi o Dia Mundial da Poesia. Sinto-me culpada por não ter assinalado convenientemente o dia, mas vou tentar remediar ao deixar aqui um dos meus poemas favoritos (alguns de vocês, se calhar, já conhecem).



Ternura

Desvio dos teus ombros o lençol,
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do sol,
quando depois do sol não vem mais nada...

Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
onde uma tempestade sobreveio...

Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...

Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!

David Mourão-Ferreira, in "Infinito Pessoal"


(E, já agora, fica uma ;) ao meu pequenino)

Caminha

Há cerca de um mês atrás, fui passar um fim-de-semana a Caminha com alguma da famelga (as primas mais a tia mais nova). Embora curto, foi um tempo mesmo muito bom, deu para passear, para relaxar e, principalmente, para usufruir da companhia dos entes queridos.

Deixo, então, umas fotografias dessas terras tão verdes e bonitas.


Vista do miradouro de Caminha sobre a foz do rio Minho, sendo Espanha do outro lado


Vista do miradouro


Centro de Caminha


Igreja no centro de Vila Nova de Cerveira


fotografias por Rita Barbosa

Os Maias



Embora já tenho feito ontem uma semana que a vi, chega agora a este blog a minha opinião sobre esta peça de teatro.
A adaptação da obra de Eça de Queiroz aos palcos foi feita por António Torrado, e partiu do facto de, no livro, Eça incluir uma cena passada no Teatro da Trindade. É aí que tudo começa.
Primeiro que tudo, José Fidalgo, apesar da carinha laroca, ainda não tem arcaboiço para estas andanças. Se as telenovelas da TVI até nem lhe vão mal, teatro (e ainda para mais, o papel principal da peça) não é com ele. Sofia Duarte Silva, que desempenha Maria Eduarda, também não me agradou em demasia, talvez porque tem aquela forma de estar em palco muito tradicional, com a voz muito colocada e declamada... Em termos de desempenho, gostei de José Airosa, no papel de Ega, e de Pedro Górgia, muito divertido no papel de Dâmaso Salcede. Estão os dois muito bem e num patamar completamente diferente do resto das interpretações.
Quanto à adaptação da obra, não acho que esteja muito bem conseguida. O destaque é colocado em várias situações cómicas (algumas, demasiado evidentes) e quase se esquece do romance, trágico, entre os dois irmãos que desconhecem esse facto. Não percebo muito bem qual foi o objectivo...
Por isso, e assim sendo, acho que não vale muito a pena uma ida ao teatro. Embora a sala estivesse repleta, uma vez que, como se sabe, os Maias é obra de leitura obrigatória no ensino secundário e, como tal, há sempre muito adolescentes na assistência.

Para além da peça propriamente dita, foi um serão com alguns percalços. O principal foi relacionado com o jantar. Optámos por ir ao Restaurante da Trindade, que é mesmo em frente ao teatro, e pedimos umas massas, que nos garantiram ser rápidas. Quando já havia passado meia hora desde os nossos pedidos, a empregada foi avisar-nos que a nossa comida tinha sido deixada queimar pela cozinheira... E que não havia mais... Como faltavam 20 minutos para a peça, acabámos a comer caldo verde e pão com manteiga, para não irmos ver a peça de estômago vazio!!! Completamente inacreditável. E depois nem sequer tinham as sobremesas que constavam do menu... Uma pobreza. Podem riscar este restaurante da vossa lista!

Devendra Banhart - A Sight To Behold

A sight to behold

Ando numa de música. O que já não acontecia há bastante tempo...

É verdade que já não ouvia este rapaz há algum tempo, e esta música é daquelas que me põe com os olhos brilhantes... Fica aqui a letra, a música vem já a seguir.


Devendra Banhart - A sight to behold

"It's a sight to behold
When you've got some old words to mold
And you can make 'em your own

Still love it would be much better
Love it would be much better
I'm told

It's like golden corn
And I love its golden glow
It's the little head inside your little hole
And out spring some sparkling thoughts

Still love it would be much better
Love it would be much better
Love it would be much better
Love it would be much better

It's like finding hope
In an old folk song
That you've never ever heard
Still you know every word
And for sure you can sing along

But love it would be much better
Love it would be much better
Love it would be much better
Love it would be much better
I know, I know"

O Coelhinho e a Minhoca

Pois é, já andei a dar largas, novamente, aos meus dotes de tia!!! Bordei mais uma babete, desta vez com outros motivos.
Aqui fica a amostra. Ninguém me pára!!! :D



Mini-férias de Carnaval

Com a desculpa do Carnaval, fizemos umas mini-férias e rumámos até ao centro do País, zona que não conhecia muito bem (e que, penso, merece uma visita alargada). A primeira paragem foi Abrantes, onde dormimos na Pousada de Juventude (mais ou menos simpática, já estive em melhores por esse país fora). Só visitámos a cidade na manhã seguinte, e é bem simpática, particularmente o castelo, de onde se tem uma vista muito bonita sobre a zona envolvente.


Abrantes, vista do castelo


Vista do castelo de Abrantes

De Abrantes seguimos para Constância, que é mesmo ali ao lado. Tinha umas certas expectativas, uma vez que já tinha ouvido dizer maravilhas da terra. Por isso, fiquei algo desapontada pois, embora simpática e pitoresca, é uma vila pequenina e sem nada de particularmente emblemático (exceptuando o facto de ser o local onde o rio Zêzere desagua no Tejo).


Constância

Visitámos também o Castelo de Almourol, que é muito perto de Constância. Um verdadeiro charme de castelo, ali plantado no meio do Tejo. Pena que não tenha dado para tirar fotografias bonitas, uma vez que estávamos em contra-luz... Depois de Almourol, conduzimos por uma estrada ao longo do Zêzere, que nos levou até Tomar, uma cidade muito agradável. As ruas estavam recheadas de pessoas em trajes carnavalescos, a festejar o domingo solarengo.
Subimos ao Castelo, onde também se localiza o Convento de Cristo, um monumento imponente. Por razões logísticas, não nos foi possível visitar o interior do convento, mas passeámos pelos jardins e pelas muralhas do castelo.


Vista panorâmica de Tomar


Convento de Cristo

No segundo dia, ficámos a dormir nas Caldas da Rainha, numa pensão cujo recepcionista era uma personagem bastante caricata... De manhã, seguimos directamente (sem passar pela casa partida!) para a Foz do Arelho, estância balnear da minha infância, onde já não ia, seguramente, há uns 15, 16 anos! Foi uma emoção muito grande, principalmente porque não me suscitou nenhuma recordação em particular... A não ser a imagem do Inatel, onde costumava ficar com os papás. Muito lindo.


Praia de Foz do Arelho

O passeio seguiu em direcção a Alcobaça, uma cidade pacata, dominada pela presença do Mosteiro, imponente. Muita gente espalhada pelas esplanadas, ambiente calmo. Mas é bastante pequenina e, para além do Mosteiro, não há muito mais para ver. No entanto, o interior do Mosteiro, na parte da igreja, é mesmo muito bonito. É lá que estão sepultados D. Pedro e D. Inês de Castro, protagonistas da mais famosa história de amor da História de Portugal.


Mosteiro de Alcobaça


Pormenor do túmulo de D. Pedro I, no Mosteiro de Alcobaça

Para terminar o passeio de fim-de-semana prolongado, fomos a Óbidos, esse local de histórias de encantar. É realmente um mundo à parte, com uma atmosfera medieval, que nos faz perder na nossa imaginação. Apesar das ruas muito concorridas (ai esta agorafobia!), passeámos muito. Percorremos a muralha que envolve a vila quase toda, tirando imensas fotografias, porque o cenário pede! E, para os interessados, fica a informação que os preparativos para o Festival Internacional do Chocolate já estão em cena. Para funcionarem de 5 a 15 de Março.


Vista das muralhas, Óbidos


Óbidos

Com o tempo maravilhoso que esteve, foi um fim-de-semana em cheio, com belas paisagens e uma bela companhia... ;) Só soube a pouco.

ORNATOS VIOLETA - Ouvi dizer

E pronto, fica a música com o vídeo, para poderem apreciar e dizerem da vossa justiça.

Ouvi dizer

Uma das minhas músicas favoritas, de sempre, pela melodia, pela letra, por tudo... Ouvi-a hoje de manhã, e apeteceu-me partilhá-la por aqui.

Ornatos Violeta - Ouvi dizer

"Ouvi dizer que o nosso amor acabou.
Pois eu não tive a noção do seu fim.
Pelo que eu já tentei,
Eu não vou vê-lo em mim:
Se eu não tive a noção de ver nascer um homem.
E ao que eu vejo,
Tudo foi para ti
Uma estúpida canção que só eu ouvi!
E eu fiquei com tanto para dar!
E agora
Não vais achar nada bem
Que eu pague a conta em raiva!
E pudesse eu pagar de outra forma!

Ouvi dizer que o mundo acaba amanhã,
E eu tinha tantos planos pra depois!
Fui eu quem virou as páginas
Na pressa de chegar até nós;
Sem tirar das palavras seu cruel sentido!
Sobre a razão estar cega:
Resta-me apenas uma razão,
Um dia vais ser tu
E um homem como tu;
Como eu não fui;
Um dia vou-te ouvir dizer:
E pudesse eu pagar de outra forma!
Sei que um dia vais dizer:
E pudesse eu pagar de outra forma!

A cidade está deserta,
E alguém escreveu o teu nome em toda a parte:
Nas casas, nos carros, nas pontes, nas ruas.
Em todo o lado essa palavra
Repetida ao expoente da loucura!
Ora amarga! Ora doce!
Para nos lembrar que o amor é uma doença,
Quando nele julgamos ver a nossa cura!"

E acho que eles têm mesmo razão...