Inventing Impressionism

Tenho a mania de dizer que há duas coisas boas de viver em Londres: os concertos e as exposições. Será fácil de perceber isso por aquilo que vou escrevendo por aqui... Desta vez, quero falar um pouco da última exposição que vi por cá, e que teve como mote homenagear a corrente Impressionista e aquele que foi o seu grande impulsionador, o comerciante de arte francês Paul Durand-Ruel. Através de práticas até então nunca utilizadas, Durand-Ruel financiou produção artística a nomes como Monet, Renoir ou Manet. Comprou obras em largas quantidades, pagou salários mensais aos artistas... realmente um visionário.
Esta exposição engloba assim um conjunto de obras de alguma forma ligadas a Durand-Ruel, desde retratos por Renoir até decorações feitas por Monet na sua casa, passando claro está por obras por ele comercializadas. Uma exposição vasta, bem organizada (acompanhada de um livro com contextualizações das obras expostas) e, acima de tudo, cheia de beleza. O Impressionismo é uma das minhas correntes favoritas em termos de pintura, por isso foi uma daquelas vezes em que fiquei de alma cheia.

Andanças polacas

E porque os domingos são dias tendencialmente deprimentes/deprimidos, nada como preenchê-los com um pouco de música. Música, sempre a música... ou quase sempre. 
Desta vez éramos um grupo grande, para ver um rapaz polaco, "arrastadas" pela Magda que nos quis mostrar música feita no país dela. Mais um espaço de concertos a conhecer, desta vez em Highbury. Sempre a conhecer novos cantos à cidade...
Quando chegámos, tocava o rapaz que fazia a primeira parte. Um bocadinho estranho, sozinho em palco com a sua guitarra eléctrica. Depois veio então o rapaz cujo nome artístico é Fismoll, que é algo que em polaco se refere à escala de Fá sustenido, segundo consigo perceber. Acho que tem a ver com o tom em que o rapaz canta, mas não tenho a certeza... Vinha acompanhado da irmã, no violoncelo, e de um amigo na guitarra eléctrica. Não me lembro de haver bateria... mas a memória já me falha. A música, essa, é daquelas bem melancólicas, no jeito usual de alguns cantautores. Interessante, assim se passou um serão de forma diferente. Ou então não, com tantos concertos já se vai tornando essa a norma (e não a excepção).

O segundo round do sofá

Passado cerca de um mês da primeira sessão, fomos novamente escolhidas para os sons do sofá, desta vez na zona sul da cidade. Nunca tinha ido para aqueles lados, tão a sul do rio... mas há que explorar, por mais intimidante que por vezes seja.
Desta vez, fomos parar a um contentor. Sim, um daqueles armazéns que por cá são muito comuns por baixo das linhas de comboio... Aparentemente, neste caso específico, é um contentor onde se faz arte. Onde em cada canto de vêem peças por acabar, pedaços de instalações... um pouco pseudo-artístico para meu gosto, mas tenho que deixar de ser tão crítica. Um palco pequenino, em jeito de caramanchão, estava instalado numa das pontas do armazém, com o público a acumular-se sentado pelo chão. Como é costume.
No primeiro acto, Sophie Jamieson, miúda de ar muito tímido a esconder-se atrás da guitarra (e dos rapazes que com ela tocavam). Música muito interessante até porque, ainda que inesperado, a miúda tem um vozeirão impressionante. Segundo acto, troca o estilo. Ao anunciar o nome, Nina Miranda, uma vaga sensação de familiaridade. Mas não foi até à segunda canção, quando ela cantou Under Water Love, que eu percebi que tinha à minha frente a antiga vocalista dos ingleses Smoke City. Brasileira de origem, Nina trouxe um pouco mais de ritmo à sessão. Uma surpresa muito agradável. Para fechar, mais um vozeirão: dois rapazes, um com uma guitarra, outro com o seu cabelo. Seafret de seu nome. A mim fez-me lembrar tremendamente Simon & Garfunkel, não por causa do estilo musical, mas mesmo por causa do estilo físico dos dois rapazes: não muito altos, um mais tímido e (também ele) escondido atrás da guitarra, enquanto o outro anda obviamente a copiar alguém, com o seu cabelo loiro quase em afro. Som muito cru, com a voz a ressoar pelos espaços vazios. E o pessoal a arrepiar. Som deveras interessante, sem dúvida, bem mais interessante do que o que descobri no dia seguinte através do Spotify, em que soou um bocadinho mais pop do eu gostaria...
Enfim, uma noite muito interessante, em que fui dormir de coração cheio. Às vezes acontece.

O rapaz da folk ao vivo na Junta de Freguesia

(... eu é que sou o presidente da Junta...)

Por insistência da Magda, e numa altura de muitos concertos, fui ver este rapaz, Sam Amidon, num espaço algo diferente: a assembleia da Câmara Municipal/Junta de Freguesia de Islington (a organização por cá é diferente, por isso não sei bem o que é). Domingo à noite, muita preguiça, um bocadinho a condizer com a música do rapaz - melódica, folk calminho, quase para relaxar.
Conhecia pouco da sua obra, mas foi um concerto muito interessante. Diria até que é daquele tipo de música que funciona melhor ao vivo do que em álbum. Ganha mais corpo, mais nuances, quando em estúdio parece quase... aborrecida. Por vezes é assim, por vezes ao contrário. Há que saber aproveitar o melhor.