Solar - Ian McEwan

Outro escritor da minha eleição é Ian McEwan. Este autor britânico foi-me dado a conhecer quando era ainda adolescente e, seis livros e muitos anos depois, continua como um dos meus escritores favoritos. Este Solar data de 2010, mas só agora me veio parar às mãos, e foi com grande prazer que o li. É engraçado como a forma de escrever, e os próprios temas, foram mudando ao longo do tempo na escrita de McEwan (pequena nota: o primeiro livro dele que li foi O Jardim de Cimento, que data de 1978...). Solar conta a história de Micheal Beard, um físico de meia-idade que ganhou o Nobel ainda muito jovem, por alterações às teorias de Einstein. Logo por aqui, este livro já se torna muito apelativo, porque é muito raro ter um cientista como personagem principal num livro destes! Adiante. A história divide-se em três espaços temporais distintos, todos marcados por acontecimentos bizarros. Michael "flutua" por esses diferentes tempos, quase como se nada lhe dissesse respeito (o que me faz de imediato sorrir...).
A escrita é muito bem conseguida, divertida e refrescante, pregando o leitor a uma história pouco provável, mas que eu até imaginaria a acontecer. Porque o Universo de tudo é capaz! Gostei mesmo muito, aconselho a todos a sua leitura, até porque faz um inside job muito bem apanhado aos trâmites da ciência.

John Abercrombie & Marc Copland @ CCB

Com uns meses de atraso, chegou finalmente o dia do concerto de John Abercrombie no Centro Cultural de Belém, acompanhado de Marc Copland. Era suposto ter acontecido em Setembro do ano passado, mas um problema de saúde do guitarrista (se não me engano) adiou o concerto para Janeiro. E ainda bem, porque assim foi-me possível assistir a esse encontro entre os dois músicos.
Na bagagem, para além de muitos anos de experiência, trazem um disco em comum, Speak to Me, para além de muitos clássicos que marcam a sua formação enquanto músicos de jazz.
O concerto foi calmo, um pouco como ambos queriam: transportar-nos para a sala de estar deles. Acho que foi assim que me senti, como uma convidada em casa de uns anfitriões simpáticos e virtuosos. Muito relaxante, muito introspectivo. Gostei.

Millenium 1

Dois anos e qualquer coisa depois, novo filme baseado na obra de Stieg Larsson, Millenium. Depois de 3 livros e os equivalentes 3 filmes suecos, David Fincher decidiu pegar na história. O casting foi francamente melhor - tanto Daniel Craig como Rooney Mara estão bastante credíveis na pele de Mikael Blomkvist e Lisbeth Salander, respectivamente.
Não vou estar aqui a falar sobre a história, porque sobre essa já muito falei. Aliás, devo confessar que começa a ficar tudo um bocado confuso na minha cabeça, entre a visão dos livros que se mistura com a do primeiro filme sueco e agora este. Não é fácil!
Mas, então, que posso eu dizer?... Gostei do filme. Filmado na Suécia, tem credibilidade mais do que suficiente em termos de cenário. Os actores, como já referi, estão à altura das suas personagens e até têm boa química, embora a relação entre Mikael e Lisbeth não seja muito explorada. O ritmo não me deixou por aí além contente - há partes que são contadas "a correr", com os acontecimentos um pouco precipitados, para depois poder "perder" tempo nos momentos que mais lhe interessam. Percebo, mas não quer dizer que seja fã. Depois, há uma coisa que acho ridícula: actores de expressão inglesa a fazer pronúncias, neste caso sueca. Porquê? Acham que o filme se torna mais autêntico? Gostaria muito mais que as pessoas se deixassem de parvoíces e falassem normalmente.
Mas, pronto, tirando isso, é um bom filme. Gostei muito. Conseguiu enervar-me apesar de já conhecer a história de trás para a frente. É um feito, não?...

Pena que o senhor Larsson tenha morrido, deixando-nos apenas 3 livros desta saga que eu tanto gosto.

Habemus Papam

Finalmente, um cineminha!!! E, desta vez, não foi "apenas" com uma prima, mas com duas!

Já tinha ouvido falar bem deste último filme do italiano Nanni Moretti, realizador que prezo, apesar de apenas ter visto um dos seus filmes, "O quarto do filho".
Pelo título, será bastante fácil perceber o assunto do filme. Então, os dias são os que correm. A morte do actual Papa leva à reunião dos cardeais em conclave. Daí sairá o futuro Papa, cuja nomeação é algo inesperada. O cardeal Melville, ao ver-se escolhido como sucessor, reage como nunca ninguém pensaria: recusa fazer a benção papal e refugia-se nos seus aposentos. O conclave vê-se, então, obrigado a tomar medidas e recorrem ao mais famoso psiquiatra - mas nem ele terá capacidade para resolver o imbróglio, uma vez que a (falta de) liberdade dada pela Santa Sé não lhe permite usar os seus métodos.

Daqui irão sair todo um conjunto de situações divertidas, mas também tocantes. O filme, no fundo, é sobre a fragilidade humana, sobre ambições e expectativas, não apenas nossas, mas que os outros têm em relação a nós.
Gostei muito. Houve momentos em que ri às gargalhadas (o que não é de todo muito comum), mas não é um filme tonto. Pelo contrário, é um filme muito interessante.

Tricot - a 1ª obra

Pois bem, ainda há uns tempos vos falei da minha primeira abordagem ao tricot. E já há algum tempo que está pronta, uma gola em lã roxa mesclada, feita em canelado de ponto de arroz e meia. Não foi difícil, não demorou muito a fazer e ficou bem bonita (embora longe da perfeição!). E fica ainda mais bonita com a flor amarela oferecida pela Raquel. :)


Outra obra da qual estou imensamente orgulhosa é este xaile que a minha mãe me fez. Deu muito trabalho, obrigou a várias idas à Ovelha Negra para pedir ajuda, mas valeu bem a pena, porque ficou lindo e muito jeito tem dado nestes dias de frio (mesmo na capital!). Muito obrigada, Mãezinha!!!


Espero um dia também ser capaz de fazer algo assim, mas até lá terei que trabalhar muito, praticar muito. Mas é sempre fantástico chegar-se ao fim e ver que se é capaz de criar algo com as próprias mãos. É uma sensação sem igual.

A perspectiva das coisas - a Natureza-Morta na Europa (1840-1955) (exposição no Museu Calouste Gulbenkian)

Após uns 4 meses a tencionar ir ver esta exposição, devo dizer que tal só aconteceu no último fim-de-semana em que esteve patente. Muito portuguesa, esta minha atitude.
Por um lado, foi bom, porque a entrada foi gratuita. Mas acho que a quantidade de gente que andava por lá (e toda a entropia daí derivada) talvez não tenha compensado o não pagar entrada. Um exposição de pintura é algo que exige uma certa concentração, um estado de espírito compatível à reflexão. E com tanta gente a andar de um lado para o outro, mas também "plantada" em frente aos quadros, tornou-se um bocado difícil, para não dizer impossível, entrar nesse estado de espírito.
Ainda assim, a exposição valeu muito a pena. Grandes nomes da pintura, quadros bonitos, uma colecção interessante. Gauguin, Cézanne, Monet, Van Gogh, foram alguns dos destaques com as suas naturezas-mortas que, não sendo um estilo que considere espectacularmente interessante, têm a sua piada pela experimentação que permitem, nomeadamente em termos de cores.
Foi também a primeira vez que a minha sobrinha, do alto dos seus dois anos, visitou uma exposição de pintura, e não correu nada mal, vistas bem as coisas.
Só preferia ter ido ver esta exposição com um pouco menos de rebuliço. Acho que poderia ter aproveitado melhor.


The delicate prey - Paul Bowles

O primeiro livro de 2012. Mas tenho que dizer que a sua leitura começou ainda no ano anterior, de forma que não sei se é completamente correcto chamar-lhe "o primeiro livro de 2012". Mas, também, parece-me essa uma questão muito pouco relevante!

Por esta altura, já toda a gente que lê este blog sabe que gosto muito de Paul Bowles e dos seus livros. É um autor que me inspira. Este livro que li agora, "The delicate prey", estava na prateleira há uns bons 3 anos... Infelizmente, começam a rarear nas minhas prateleiras livros que ainda não tenha lido! (há que renovar o stock) Este veio directamente de Paris, até porque não é assim tão fácil encontrar livros deste senhor cá em Portugal, e nem todos estão sequer traduzidos para Português.

"The delicate prey" é um livro de contos, ou pequenas histórias, se quisermos fazer uma tradução literal. Os primeiros dois terços de histórias têm cenários americanos (seja América do Norte ou do Sul), mas a última parte move-se em terrenos africanos (ou, pelo menos, fica essa ideia). Se as histórias são relativamente "avulsas", não tendo propriamente um fio condutor, há no entanto algo que salta à vista, e que se prende com a sua crueldade. Isso mesmo, crueldade. Há sempre um pormenor desagradável, algo que não bate certo, um final que não é feliz. Mas não é um livro triste ou depressivo, nem sequer mete medo. Dá-me a sensação que, se calhar, é um livro que retrata histórias que poderiam acontecer a qualquer um de nós, em qualquer altura. Histórias de pessoas que habitam este nosso mundo real (qual?...). Esse pensamento, sim, pode ser um tanto ou quanto assustador.

Gostei mesmo muito desta leitura. Bowles tem um estilo de escrita que me seduz, muito visual e descritivo - a minha imaginação voa, literalmente! Não sei se existe tradução deste livro para Português, mas aconselho vivamente a sua leitura. Vale mesmo a pena.

2012

Faz hoje uma semana que começou este novo ano. Impõe-se uma reflexão, por pequena que seja.

Dizem por aí que este será ano em que iremos, como país e sociedade, bater no fundo. Dizem, também, que este será o ano de todos os sacrifícios. Podemos acreditar que vai ser um ano difícil, sem sombra de dúvida.
Pessoalmente, será um ano cheio de decisões. Um ano muito importante, provavelmente o mais importante de sempre (até agora) em termos profissionais. Definitivamente, um ano de mudança(s).

Desejo a todos (e a mim também, já agora!) um ano de 2012 que corresponda a todas expectativas. Boas, está claro. E que a dita crise nos impulsione para todas as mudanças positivas que merecemos.

Feliz Ano Novo.