Crónica da semana (a primeira), e um pequeno resumo

Voltar à escrita é aparentemente mais difícil do que estava à espera. Agradeço desde já as notas de incentivo, é muito bom saber que existem aí desse lado pessoas que gostam de ler as minhas deambulações... Obrigada. Infelizmente, sinto-me um bocado perra nestas andanças, desabituei-me deste exercício. Mas vamos lá.
A última semana trouxe a Londres aquilo que a maioria de vocês está farta de sentir na pele: calor. Dias solarengos, temperaturas altas, até parece que por cá também há Verão. Espera, estamos no hemisfério norte, por isso devia mesmo ser Verão... Nestas alturas os parques repletam-se de gente, principalmente à hora de almoço, e eu não sou diferente na minha ânsia por um pouco de sol. De repente, as pausas de almoço tornaram-se em exercícios de "trabalhar para o bronze". Não que algum dia vá lá chegar... Uma semana em Portugal não chegou, por isso há que render-me às evidências (e à herança genética).
Por norma, acho que o tempo bom põe as pessoas bem dispostas. De bem com a vida. É verdade que tenho sido atingida por um pouco dessa boa disposição, mas não consigo deixar para trás a insatisfação de viver num país onde nunca se sabe o que o dia de amanhã vai trazer, em termos meteorológicos. Pensarão vocês, talvez com razão, que é sempre cinzento, por isso qual é a dúvida? Apesar de já lá irem quase 3 anos, ainda tenho ilusões de que é possível haver Verão por estas bandas... o meu optimismo recusa a render-se.
Então, por Londres tem sido assim. Traumatizada por não ter mais férias este Verão (as habituais perguntas sobre férias tornaram-se um tabu e quase sempre desencadeiam uma onda de tristeza), a tentar planear fins-de-semana que de alguma forma mitiguem esse facto. Tenho lido mais, o que me deixa feliz. No último mês li dois livros, e recomendo ambos. Primeiro, A Shepherd's Life de James Rebanks; e ontem acabei de ler Things Fall Apart, de Chinua Achebe. Estilos muito diferentes - o primeiro escrito por um pastor inglês sobre a sua história de vida; o segundo uma obra importante da literatura africana negra, sobre as disputas entre clãs e a administração britânica na Nigéria. Tenho que falar também na omnipresente música (ou não fosse ela uma das partes mais importantes do meu dia-a-dia). Este ano tem sido o ano do regresso ao passado. Consegui ver, desde o início do ano, três das minhas bandas mais favoritas de todos os tempos - em Fevereiro Massive Attack aqui em Londres, e agora em Julho Radiohead em Lisboa e Sigur Rós novamente aqui em Londres. Claro que a minha opinião é parcial, mas foram três momentos mágicos, a reiterar o facto de todas três bandas serem fantásticas, tanto no seu portofólio como nas suas capacidades de execução ao vivo. Estou de alma cheia e não preciso de ver mais nada até ao próximo ano! (mas claro que haverá mais concertos nos entretantos...)
Fica, então, aqui este pequeno resumo das minhas andanças, embora não seja bem este o ênfase que quero dar a este espaço... Aproxima-se a passos largos o meu aniversário, por isso da próxima vez que falar convosco será provavelmente já do alto dos meus 34 anos. Talvez notem uma maior maturidade... ou talvez não.
Escrevi umas notas aquando das minhas férias em Portugal no início do mês, talvez as partilhe por aqui, havendo tempo e vontade. Nos entretantos, deixem as vossas opiniões - gostam mais deste formato, do antigo, quais são os assuntos sobre os quais mais gostam de ler? Ah, lembrei-me agora que talvez devesse fazer uma pequena reflexão sobre o referendo à saída da UE que aconteceu aqui no Reino Unido... vou apontar para a próxima "crónica".

Até breve. (Hoje debaixo de chuva)

O regresso

É verdade. Estou de regresso. Não sei quem me irá ler desse lado, depois de mais de um ano de ausência. Mas finalmente percebi que me faz falta escrever e que este era, por definição, o meu espaço de escrita. Por isso aqui retorno.
No entanto, espero fazê-lo num formato um bocadinho diferente. Não me sinto com vontade para enumerar as minhas desventuras culturais e afins, por isso proponho-me a um exercício um pouco mais pessoal. A ideia é escrever algo como uma crónica semanal, reflectiva sobre os acontecimentos e sentimentos da semana. Algo que seja mais eu.

Por agora, fica o aviso à navegação. Para breve, mais algumas palavras.