Kosmos Farbe - uma exposição de Itten e Klee na Martin Gropius Bau

No meu último dia em Berlim (e durante uma das várias vagas de calor que presenciei na cidade, com as temperaturas a chegarem aos 36, 37ºC), resolvi ir até um sítio onde ar condicionado fosse uma garantia. E não há assim tantos em Berlim!
O escolhido, até porque já há muito tempo que queria lá ir, foi o museu Martin Gropius Bau. O facto de ter uma exposição dedicada a Klee foi uma razão extra. 
Não sei se sabem, mas sou muito básica na minha apreciação de arte. Querendo com isto dizer que tenho um gosto particular por cores e formas geométricas, o que significa que esta era uma exposição ideal para mim (Kosmos Farbe significa, numa tradução livre, o universo da cor). Tenho que confessar que adorei, formas e cores. Por várias vezes me deu vontade de arrancar as telas da parede para as poder levar para casa - ficariam mesmo bem nas minhas paredes. Uma sensibilidade infantil, mas que me deixa muito feliz.

L'étranger - Albert Camus

Com a minha mudança para um país estrangeiro (ainda Berlim e a Alemanha), achei que seria interessante reler uma das obras emblemáticas de um dos meus escritores favoritos. Refiro-me a "L'étranger" de Albert Camus - achei que fazia algum sentido. Não que o estrangeiro deste livro se refira a nacionalidades...
Como já provavelmente leram por aqui, gosto muito da escrita de Camus. Há algo na luz da sua escrita que me fascina. Por isso, foi muito bom voltar a ela. Como também foi muito bom voltar às leituras em francês (faz-me uma certa falta, essa língua). A leitura foi a duas velocidades: primeiro lenta, depois num ápice. É uma história estranha, esta do estrangeiro. Um homem que é estranho ao mundo, à sociedade e suas convenções, um homem que não pertence. 
Não posso dizer que me identifique com a história. Claro que não. Mas por vezes sinto esse desfasamento. Esse sentimento de não fazer parte, de ser estranha ao mundo que me rodeia... Nesse aspecto, sinto que esta história faz algum sentido. E é sempre um prazer (re)ler Camus. À bientôt.

Regresso (e adeus) ao Schokoladen

Uma semana depois, o regresso ao Schokoladen, para mais um par de concertos. Regresso este com carimbo (em forma de anjo) de despedida...
A boa companhia manteve-se (obrigada, miúdos!), a música revelou-se um pouco diferente da semana anterior. Primeiro, uma banda multinacional, de seu nome Sweet Paste, vinda de Madrid (mas em que apenas um dos membros é espanhol), com um estilo folk-rock do qual gostei. Depois, novamente uns habitués da casa - os franceses Coming Soon. O som mais intimista do passado (segundo me dizem) deu agora lugar a uma pop mais energética e dançável, com um vocalista aos saltos e a deixar a dúvida sobre que substâncias teria ingerido... O serão não foi tão agradável como da última vez, principalmente devido ao calor (humano e não só) que se fazia sentir na sala. Mas a conversa posterior no parque vizinho, programa tão tipicamente berlinense, compôs sem dúvida a noite.

Phoebe Kreutz @ Schokoladen, ou a epifania

Até ao lavar dos cestos ainda é vindima. O ditado português faz todo o sentido para descrever as últimas semanas em Berlim - aproveitar a cidade até ao último dia. E foi assim que rumei até ao Schokoladen para um dos múltiplos concertos que por lá passam. Sítio simpático, ambiente aparentemente familiar pelo que me foi revelado. Fui até lá por indicação, na companhia de gente simpática. Primeiro, um rapaz americano em palco, dedilha uma guitarra. Agradável, mas pouco  mais do que isso. Depois, a também americana Phoebe Kreutz (habituée por aquelas bandas) toma conta do palco, com a sua voz doce e canções fáceis. As letras, divertidas, são cantadas em uníssono por um grupo de fãs (de longa data?). O ambiente é sem dúvida acolhedor. E, no final do concerto, vem o momento da epifania em forma de canção. Walk me home podia ser uma história contada por mim, de uma noite quente que calhou ser a mais curta do ano. E a do início do Verão. As coincidências são engraçadas. Mas talvez as experiências de vida sejam mais sobreponíveis do que aquilo que uma pessoa normalmente esperaria... 
Um belo serão. Sem dúvida.

O fim de Junho e as últimas visitas


O fim do mês de Junho trouxe consigo muitas mudanças, mas trouxe igualmente uns amigos muito especiais até Berlim, naquela que foi a última visita que recebi. A disposição talvez não tenha sido a melhor (e por isso peço desculpa), mas foi bom ter caras conhecidas por perto nesse momento. Passear, conhecer novos sítios em Berlim, calcorrear aqueles que já são familiares... mas também conhecer pessoas novas, relaxar no canal. Um pouco de tudo. É por isso que é tão bom receber visitas, principalmente de gente amiga. Fazem-nos sentir mais nós, mais autênticos, e aproveitar melhor todos os momentos. Obrigada.

Les cousinettes à Berlin


As cousinettes gostam muito de passear. Juntas ou em separado. Mas quando uma delas calha de estar a viver por terras alheias, lá vai a outra fazer uma visita. É assim que tem sido até agora e assim espero que continue. O que trouxe, então, a Carol pela primeira vez a Berlim, para me fazer uma visita.
Gosto muito de andar no passeio com a Carol. Acho que nos entendemos particularmente bem - ambas somos curiosas, gostamos de pic-nics no parque e de calcorrear ruas com a máquina fotográfica a tiracolo. E os dias que passámos juntas (tão curtos) foram mesmo recheados destas coisas - programas culturais inesperados (como tocar um sino na torre de uma igreja!), novas zonas da cidade para descobrir, palácios de princesas para preencher a nossa imaginação... Momentos muito bem passados, para me lembrar de como é bom ter as pessoas que gostamos por perto. 

Next stop - London?...

Bonobo @ Astra Kulturhaus

Antes que Julho termine, deixa-me fazer mais algumas actualizações a este "arredado-para-segundo-plano" blog.
No dia de Santo António (e dia em que a prima Carol chegou a Berlim para passar uns dias comigo), o produtor musical inglês Bonobo passou pela cidade. É uma música à qual tenho algumas ligações emocionais e por isso era um concerto ao qual gostaria de ir. O problema é que, quando me decidi a comprar bilhetes, já eles estavam esgotados... No entanto, no próprio dia do concerto, e por algum acaso feliz, conseguimos comprar dois bilhetes, e lá fui eu e a Carol até à Astra Kulturhaus para ver o dito cujo. Tenho que confessar que, apesar da alegria que me deu termos arranjado bilhetes em cima da hora, não estava no meu melhor dia para apreciar um concerto daquele género. Cansaço, talvez. É sempre difícil perceber porque é que uns dias estamos em sintonia com algo, enquanto noutros dias não. O concerto não foi mau e até reconheci algumas músicas (embora não seja, de forma alguma, uma aficionada). Mas realmente não fiquei imbuída do espírito da coisa. É pena. Valeu pela experiência e pela companhia da minha cousinette. Ou, como diz o outro, a alma não é pequena.

O regresso a casa

o bolo de aniversário

Há razões, para além da mais-que-normal saudade, que me levam a regressar a casa, nem que seja por pouco mais de 48h. E uma delas é, sem dúvida, o aniversário da minha pequena princesa. Já lhe conto 4 anos... Posso usar todos os clichés possíveis e imaginários - "como o tempo voa", "parece que foi ontem que a vi nascer", entre tantos outros. Mas é mesmo verdade (como, aliás, é normal acontecer com os clichés). Parece-me inacreditável que já tenham passado 4 anos sobre aquela terça-feira de nervos e extrema felicidade. Regressar a casa trouxe-me também muita alegria. Rever a família, alguns amigos, os meus gatos queridos!!! Ouvir a Radar, conduzir - tudo coisas que parecem tão insignificantes mas que me faziam imensa falta. Foram, por isso, bons momentos, que aproveitei avidamente. Para guardar comigo, gravados na memória e no coração.

Antes da Meia-Noite

Vamos então ao primeiro update. Aproveitei a ida a casa e fui ver, com a minha querida mana, o terceiro e último capítulo desta história que começou bem lá atrás, há 18 anos. Na minha vida, chegou com um bocadinho de atraso, mas não muito. Lembro-me dos Verões passados a ver o "Antes do Amanhecer" em VHS, quando tinha 14, 15 anos... "Antes do Anoitecer" chegou quando andava eu por terras francesas, onde o vi na companhia da prima Carol. E agora "Antes da Meia-Noite" chega quando ando por terras alemãs... ele há coincidências engraçadas.
Mas então o que se pode esperar quando chega ao fim (não lhe chamaria um fim, mas um encerrar de portas, por assim dizer) uma história que nos acompanhou durante mais de metade de uma vida?... As expectativas são sempre muitas - boas ou más, talvez não interesse. Falei com gente céptica, cuja opinião é de que não deveria haver um terceiro filme, que a história já deveria ter acabado há muito tempo, etc., etc., etc.. O meu sentimento era diferente. Queria saber como a história de amor entre Jesse e Céline evoluiu depois daquele fim de tarde em Paris. Este filme é isso e muito mais. É a fase seguinte. É uma história de amor tornada real, com todas as suas limitações e defeitos. Digamos que o enfoque é, desta vez, na parte problemática das relações a dois - gestão familiar, gestão do tempo que passa e que nos faz envelhecer... Sinto que esta história cresceu comigo, faz intimamente parte da minha vida. E acompanha-me agora na "maturidade", sem as antigas expectativas românticas de outros dias... Nem de propósito. Talvez o amor seja assim. Não sei. Mas continuo a gostar de viagens de comboio.