Vinicio Capossela, ou a descoberta da música italiana

Faz hoje uma semana que voltei aos concertos. Já estava com saudades. Mas desta vez, contrariamente ao que é costume, não fui por minha iniciativa, mas sim convidada pela colega de trabalho italiana. À descoberta de um nome grande da música italiana, Vinicio Capossela. Completamente desconhecido para mim, mas muito bem recomendado.
O concerto começou com uma primeira parte por Piers Faccini & Vincent Segal. Um estilo muito próprio, com Segal no violoncelo e Piers na voz e guitarra. Por vezes fez-me lembrar Dead Can Dance, outras vezes pareceu-me ter recuado no tempo uns quantos séculos e estar de volta à Idade Média. Mas muito interessante, sem qualquer dúvida. Depois foi praticamente o delírio da sala repleta de italianos, quando Capossela subiu ao palco. E percebe-se bem porquê. Estamos na presença de um performer - ele não está ali apenas para cantar, ele está ali para interpretar um papel, para nos levar com ele numa viagem sonora. A música é variada, o grau de extroversão também, sempre com um sentido de humor apurado. Dizem-me que o concerto foi curto para aquilo que é costume, mas eu não me importo. Fiquei bem impressionada com o senhor Capossela. Foi um serão bem passado, divertido. Valeu realmente a pena, principalmente pela descoberta.

East is East

Numa temporada dominada pelas peças de teatro, vi também esta East is East. Conhecia a história pelo filme com o mesmo nome, de 1999. O que não sabia é que, esse mesmo filme, é baseado numa bem sucedida peça de teatro que estreou um pouco antes, a meio dos anos 1990. E que foi agora "re-editada".
Em relação ao enredo, conta a história de George, um paquistanês muçulmano emigrado em Inglaterra, onde casou com uma inglesa católica e de quem tem 7 filhos. A acção desenrola-se nos anos 1960 e basicamente foca-se no conflito entre a cultura paquistanesa e a realidade inglesa, e as consequências que tem nas relações familiares.
Já tinha gostado muito do filme e gostei igualmente da peça. Os lugares eram óptimos, na segunda fila, quase dentro do palco. Os actores são excelentes, alguns mais famosos que outros mas todos igualmente bons. E a história é interessante, ao mesmo tempo que é muito divertida. Sem ser tola, claro está. Um serão muito bem passado.

Frankenstein (ou como ver uma peça de teatro no cinema)

É fim-de-semana. Vamos lá aproveitar o tempo livre extra e o estado de espírito mais descansado para escrever um pouco neste blogue. Já vai sendo tempo.
Há umas semanas atrás tive a primeira experiência em algo que é bastante comum aqui em Londres: peças de teatro televisionadas em salas de cinema. O motivo foi um bom motivo e vinha recomendado. O clássico Frankenstein encenado pelo enfant terrible Danny Boyle, com Jonny Lee Miller e Benedict Cumberbatch nos papéis de Frankenstein e o seu criador Victor, em versões alternadas. Bastante apropriado para a dita Noite das Bruxas, não? Escolhi a versão em que Jonny Lee Miller é Frankenstein e Benedict Cumberbatch é Victor. Confio que ambas as versões serão fantásticas, mas não deixo de pensar que Miller é mais adequado para o papel do que Cumberbatch...
A peça é muito, muito boa. Os actores, os cenários, a música... tudo. É verdade que por cá sabe-se realmente fazer teatro. O que não me convenceu particularmente foi a parte de ver tudo isto numa tela de cinema (eu sei que já não são telas, mas fica mais bonito dizer assim). Filmado. Com ângulos de visão que nunca teria caso estivesse a ver a peça ao vivo, num teatro. Não sei, não me parece interessante. Ou verdadeiro. É quase como se fosse um filme (assim tipo o Dogville). Talvez o meu cérebro seja demasiado compartimentalizado e me faça gostar das coisas cada uma no seu lugar. Filmes no cinema, peças no teatro. E com actores que estejam realmente à minha frente.

Sunny Afternoon (ou uma história cantada sobre The Kinks)

O discurso é sempre o mesmo e já começa a parecer uma ladainha. Sim, é verdade, vou deixando acumular posts por escrever, por falta de tempo mas também por alguma falta de vontade... Espero que esta fase venha a acabar, eventualmente.
Há coisa de umas semanas atrás, fui ver este musical que me andava a piscar o olho há já alguns meses. Não me considero terrivelmente fã de musicais em geral, não que tenha grande experiência no campo. Mas pessoas a cantar em vez de falar normalmente é algo que me confunde, para utilizar uma expressão simpática. Neste caso, no entanto, a ideia é um pouco diferente. A peça/musical é sobre os The Kinks, banda inglesa dos anos 1960, da qual eu gosto bastante. A ideia é contar o percurso da banda através das suas canções. O que resulta num espectáculo muito interessante! Pude passar um serão a ouvir as músicas deles, ao mesmo tempo que aprendi um bocadinho sobre a história de vida da banda e seus elementos - coisas sobre as quais não fazia a mais pequena ideia. 
Percebo agora que talvez não seja assim tão difícil gostar de musicais, desde que à partida se goste da música. Depois disso é fácil - é quase como ir a um concerto, mas com actores a contar uma história pelo meio.