Os Todos Poderosos




No passado domingo, os jardins da Fundação Calouste Gulbenkian receberam os lendários Le Tout-Pouissant Orchestre Poly-Rythmo, do Benim. Estes senhores, oriundos de Cotonou, estão em actividade desde os anos 1960, misturando funk, soul e afrobeat, com um ritmo contagiante. Agora, praticamente 50 anos depois, ainda estão aí para as curvas, cheios de energia, a mostrar que a idade nada é mais do que um número numa folha de papel.
O concerto, ao fim da tarde, foi um pedaço de alegria. Ao fim da segunda música já havia gente por todo lado, incluindo no palco, a dançar. O anfiteatro transformou-se, assim, num local de comunhão, como se público e banda fossem todos uma grande família. E com muitas crianças à mistura!
Vale a pena poder usufruir da oferta cultural da capital. Principalmente, destas pequenas pérolas que por cá vão aparecendo, dando-nos a oportunidade de viver experiências únicas. É preciso é estar atento.

Em Roma



Na expectativa de me entreter enquanto esperava por uns e outros que chegavam de comboio, fui ver este "Em Roma", definido como comédia romântica (está bom de ver).
A história não prometia nada de extraordinário. Uma jovem curadora de arte, trabalhadora e bem sucedida, com azar no campo pessoal, vai a Roma ao casamento da irmã mais nova com um italiano, que conheceu duas semanas antes. No casamento, em Roma, interessa-se por um dos amigos do noivo e pensa ver o seu interesse correspondido, mas entretanto vê o rapaz atracado a uma fogosa italiana e a sua velha frustração volta. Em revolta, entra na dita Fonte dos Amores (local que eu não reconheço, apesar de já ter ido a Roma...) e resolve roubar moedas dos "tontos" que, na esperança de um amor, as atiraram para lá. E, assim, lança um feitiço, porque os donos dessas moedas vão apaixonar-se por ela e persegui-la! Voilà a história de tão belo filme!
Qualquer um teria percebido que esta sinopse não auguraria nada de bom, mas eu achei que sim e lá fui, sozinha, ver o dito filme. Que se revelou muito fraquinho... Os actores têm prestações sofríveis, a história é completamente previsível, e o suposto humor é do mais desinteressante que já vi. Mas, pronto, se era para passar o tempo, é verdade que ele passou. Foi uma hora e meia de "puro" entretenimento. E mais nada.
O aspecto positivo é que voltei às sessões de cinema sem companhia, o que já não acontecia desde os tempos de Montpellier. Espanta-se, então, esse fantasma. E valha-nos o cartão Medeia para estas "aventuras", porque, de outra forma, seria simplesmente uma perda de tempo.

Vencer




Aproveitando o facto de se aguentar em cartaz há já algum tempo, fui ver o mais recente filme de Marco Bellocchio. Apesar de ter no seu currículo filmes bastante emblemáticos, para mim foi uma primeira vez.
Este "Vencer" conta uma situação não muito clara da história italiana do século XX. A vida de Mussolini tem um segredo: a existência de uma mulher e de um filho, que foram apagados de todo e qualquer registo.
Ida Dalser, fantasticamente interpretada por Giovanna Mezzogiorno, é amante de Mussolini durante o seu período socialista, e é ela que vai fazer tudo para que o homem que ama atinja todos os seus objectivos. Mas com a sua ascensão, Mussolini vai fazer desaparecer esta realidade, e Ida, juntamente com o filho de ambos, vai ser perseguida pelo regime.
O filme é, então, o espelho de uma luta pela identidade. O que será sentir que o mundo à nossa volta nos engole e recusa a nossa verdade pessoal?... Claustrofobia. Acima de tudo. Um desespero atroz, ao ver aquela mulher desfazer-se em pequenos pedaços, sem nunca negar a sua verdade.
No meio disto tudo fica, naturalmente, a dúvida. De quem era o delírio?
Um filme muito bom, com prestações muito boas tanto em termos de actores, como da construção histórica. A valer inteiramente uma ida ao cinema, mas preparem-se, porque não é para qualquer um.

As Ervas Daninhas




Tenho andado cansada e pouco inspirada para a escrita. Mas tenho mesmo que pôr este blog em dia, ou daqui a nada tenho uma dúzia de filmes sobre os quais escrever! Vamos lá, então.

Na passada semana, foi ver o mais recente filme de Alain Resnais, conhecido realizador francês com quase 90 anos, de seu nome "Ervas Daninhas" (no original, Les Herbes Folles). O filme começa com Marguerite Muir a ter a sua carteira roubada em Paris. Mais tarde, Georges Palet encontra o porta-moedas dela caído à beira do seu carro, estacionado no parque de um centro comercial. Abre o porta-moedas e fica fascinado com a personagem que ali "vive" - através da documentação de Marguerite. Entrega o porta-moedas à polícia, mas não sem antes tentar contactar Marguerite, cujo número descobriu através das páginas amarelas... E assim começa uma obsessão, salpicada de toques humorísticos, mas algo assustadora, porque a mente de Georges é um pouco retorcida. A relação entre Georges e Marguerite irá ser tudo, menos normal.
Estamos, então, na presença de um filme peculiar. Um pouco estranho, até. Às vezes, os franceses (lá estou eu a generalizar) têm um sentido de humor algo transcendente, um pouco surrealista mesmo. E acho que este "Ervas Daninhas" está nesse registo. Tem humor, é verdade, mas de gosto um pouco duvidoso.
Assim sendo, não gostei particularmente, mas soube bem ver um filme francês, estava com saudades.

Wendy and Lucy



Demorei um certo tempo até escrever sobre este filme porque, apesar de a história não ser particularmente rica, nem o filme muito bonito (em termos fotográficos), acaba por ter uma beleza imensa que ultrapassa tudo isso, e que me pôs a chorar logo a meio do filme. Assim, foi preciso digerir um bocadinho para poder escrever por cá.
Vamos então à história. Wendy é uma rapariga, em viagem, à procura de uma oportunidade de vida no Alaska. Consigo traz Lucy, a sua companheira de sempre, uma mistura de Pointer com Labrador. Algures no Oregon, pára para passar a noite. Na manhã seguinte, o carro, um velho Honda Accord, não pega. É preciso que seja visto por um mecânico, que teima em não aparecer na oficina. Daqui se começa a perceber que toda a história será um seguimento de "pequenas" contrariedades. Que culminam no desaparecimento de Lucy, despoletando, assim, uma espiral de desespero. Mas Wendy não espelha esse desespero. A câmara segue-a, de forma quase obsessiva, e a sua expressão parece não se alterar, aconteça o que acontecer.
Mas a calma é aparente, e decisões precisam ser tomadas. Nesta altura, já eu chorava baba-e-ranho, com soluços e tudo (que vergonha!...). Mais que previsível, esta minha reacção...
Como é possível constatar, o filme não é muito rico. Aliás, a acção está praticamente dominada por Wendy, uma Michelle Williams seráfica. Por isso, não é um filme para todos os gostos. A mim, tocou-me particularmente, mas a minha sensibilidade em relação às relações com animais é conhecida...
Tenho é que me controlar mais, saí da sala de cinema com a cara toda às manchas. Não sou uma chorona discreta.

Renovação

Como podem dar conta, este blog tem novo aspecto. Graças às funcionalidades do Blogger, é agora possível alterar o design do blog quase automaticamente, por isso é provável que vá experimentar um pouco nos próximos tempos...
Para já, parece-me mais airoso com este aspecto renovado.

Um ano passou...

... sobre esse dia em que a magia aconteceu. Um ano de muitas aprendizagens e repleto de emoções. Para culminar num dia de muita alegria, em que a pimpolha esteve feliz e contente, rodeada da família que tanto a ama. Com muitos momentos "para mais tarde recordar", que para isso cá estaremos nós, sempre prontos.




Porque a Natureza nos transcende, em toda a sua plenitude.



E porque o melhor do Mundo são as crianças. Pelo menos, dão-lhe outro colorido.


Parabéns, meu amor pequenino.

Que Vergonha Rapazes!



Aproveitando o feriado do dia seguinte, na passada quarta-feira rumámos até ao Maxime (que é sempre um bom destino), para ver este espectáculo de Miguel Guilherme.
Partindo de uma compilação de textos de humor da autoria de Nuno Artur Silva e Inês Fonseca Santos, Miguel Guilherme constrói um espectáculo multivariado, recitanto Bocage, Miguel Esteves Cardoso, Alexandre O'Neill e Mário Cesariny, entre outros. Textos picantes, mais do que estava à espera. Aliás, todo o espectáculo tem uma forte conotação sexual - mas, realmente, o rapaz tem jeito para a coisa e descomplica a mensagem.
Assim, durante cerca de uma hora, vemos Miguel Guilherme, dono do palco, a "passear" de um lado para o outro, a misturar-se com o público - um autêntico animal de palco! Todo ele é um género único, e é uma hora bem passada. Forte, mas bem passada.

Tejo Internacional e arredores

Fim-de-semana prolongado por autorecriação, com destino ao Parque Natural do Tejo Internacional, que já há muito pedia uma visita.
Ficámos alojados na Casa do Forno, em Salvaterra do Extremo, uma vila pequenina e pitoresca bem na fronteira com Espanha (como será óbvio). A Casa do Forno é um turismo rural simpático, de gestão familiar - tudo gente acolhedora, embora não nos tenhámos alongado muito em conversas. Primeira coisa no sábado foi explorar a pequena vila, com direito a caminhada até ao Observatório da Caseta para ver o Rio Erges, que faz a fronteira com nuestros hermanos. Depois da caminhada matinal, rumámos até Idanha-a-Velha, aldeia histórica do tempo dos Romanos. A seguir, foi a vez de Monsanto, famosa aldeia que se localiza numa encosta, tendo assim um ar muito pitoresco - e significando grandes subidas para explorar o sítio! Depois de almoçarmos numa esplanada com uma vista fabulosa e de termos subido ao castelo, continuámos viagem até Penha Garcia, mesmo ali ao lado. Terra antiga, conta com uma rota dos fósseis, que fizemos na íntegra. Lá pelo meio, uma piscina natural onde nadava uma trilobite gigante fez-me roer de inveja por não ter fato-de-banho comigo... No dia seguinte, houve caminhada até ao rio Tejo, na sua zona internacional, o que obrigou a conduzir por um estradão de terra batida durante mais de meia hora. Depois, ainda houve caminhada para chegar ao Observatório de Alares e ver o belo rio serpenteando pelas encostas! Valeu bem a pena o esforço! No final do dia, e antes de regressar à capital, ainda fomos ao Ródão, para ver as suas Portas - duas escarpas a delimitar o rio, locais de eleição para a nidificação de rapinas. E houve uma boa dezena de grifos que resolveram ser simpáticos e sair para dar um ar da sua graça, enquanto admirávamos a paisagem.

Pena foi que, com tudo isto, pouca foi a fauna selvagem que observámos, porque as horas de passeio não foram as mais indicadas. Mas fica o conselho: é uma região de Portugal muito bonita e que merece ser visitada com tempo, até porque há imensos trilhos bem organizados e que permitem explorar os locais em todo o seu esplendor!



Vista do Tejo no Observatório de Alares


O Tejo visto do Castelo de Ródão


Rota dos fósseis em Penha Garcia


Monsanto


Monsanto


Papoila em Idanha-a-Velha


Oficina de gatos, em Idanha-a-Velha


Salvaterra do Extremo


Portas do Ródão

Fotografias por Rita Barbosa