Que viagem!

Pois é, meus amigos e caros leitores deste blog, estou de volta. Depois de umas férias bem passadas, com muito passeio, em que os meus olhos se consolaram de ver paisagens bonitas. Pena que já acabaram, mas deixam vontade para muito mais.
Aqui deixo, então, algumas impressões da viagem.
Primeiro que tudo, devo informar-vos que, como objectivo da nossa viagem era o norte de Espanha, com especial destaque para o Parque Nacional dos Picos de Europa. Mas acabou por ser muito mais do que isso.

1º dia
Parede - Campo do Gerês

Carregar o Yaris com a tralha toda necessária, incluindo tenda e sacos-cama para os nossos planos de campismo, e depois ala rumo do Norte, que está à nossa espera.Viagem grande, a atravessar a metade do país, com direito a andar "às aranhas" à procura da Pousada da Juventude de Vilarinho das Furnas... Que finalmente encontrámos, depois de atravessarmos o Gerês quase todo! Estavamos mesmo a precisar do GPS, que a minha Mãe me iria emprestar no dia seguinte. Boa.
Infelizmente, tivemos uma perda de peso, logo no primeiro dia. A máquina digital do Rui avariou e, assim, ficámos apenas com a minha, analógica, a consumir rolos.

2º dia
Campo do Gerês - Caldelas - Campo do Gerês

Dia mais calminho. Visita, pelo almoço, à Mãe e à tia Mana, que estão nas termas em Caldelas. Dois dedos de conversa, para matar saudades. Depois de almoço, caminhada perto da barragem de Vilarinho das Furnas, junto ao rio - muito bonito, muito agradável. Bom começo de férias! É mesmo isso que é preciso. Natureza.
Ah! Recomendo vivamente a Pousada, os quartos são bastante bons, a envolvência deslumbrante e o preço muito simpático - 5 estrelas!

Vista do nosso quarto, na Pousada de Vilarinho das Furnas, Gerês

3º dia
Campo do Gerês - Luarca

Acordar cedo para seguir caminho para Espanha. Saída de Portugal pela Portela do Homem, o que nos deu a oportunidade de atravessar a quase irreal Mata de Albergaria. Linda. Vale bem a pena os 1.50€ cobrados para se poder atravessar. Entrados em Espanha, seguimos sempre para Norte, a percorrer a Galiza, até chegarmos à costa. Paragem em Luarca, pequena cidade no começo das Astúrias. Descobrimos, por acaso, um parque de campismo com uma localização fantástica, no alto de uma escarpa com vista para o mar - e foi aí que decidimos passar a primeira noite em solo espanhol.


Parque de campismo, em Luarca

4º dia
Luarca - Ribadesella - Cangas de Onís - Covadonga - Arenas de Cabrales

E lá fomos nós, rumo aos Picos! Primeiro, paragem em Ribadesella, pequena cidade piscatória, igualmente pitoresca. Então, porta de entrada no Parque através de Cangas, cidade muito turística, mas bastante aprazível, repleta de lojas com toda a espécie de recuerdos alusivos aos Picos e às Astúrias em geral. Partida para Covadonga, o santuário no meio das montanhas, eregido em honra a Pelágio, o guerreiro que, dali, iniciou a batalha que conduziu à unficação da Espanha. Depois, ainda tentámos subir para os lagos de Covadonga, mas o nevoeiro era tanto que, a meio do caminho, tivemos que voltar para trás. Assim, seguimos caminho, a circundar as montanhas, até Arenas de Cabrales, onde, por grande sorte, encontrámos o mesmo hostal onde a família Resende ficou há uns anos atrás.
Ribadesella


Cangas de Onís
Covadonga

5º dia
Arenas de Cabrales - Sotres - Tresviso - Arenas de Cabrales - Potes - Fuente Dé - Riaño - Cangas de Onís

Grandes passeios! Tudo por estradas de montanha, muito bonitas e acidentadas (houve medo em algumas alturas de condução...). Em Fuente Dé, sítio onde existe um teleférico que sobe cerca de 800 metros em pouco mais de 3 minutos, através de um cabo com 1,5Km. Rondámos, olhámos, indecisos sobre o que fazer - até porque o teleférico não tinha sequer fim à vista, com as nuvens que havia nesse dia. Depois de muito hesitar, eu acabei por decidir não subir. Não sou grande amante de alturas... Acabámos por ficar os dois em terra, com pena, mas inteiros.
A viagem de Riaño para Cangas revelou-se como uma das mais bonitas que fizemos, através de um desfiladeiro profundo.

Fuente Dé

6º dia
Cangas - Lagos de Covadonga - Llanes - Comillas - Santillanda del Mar - Santander

E no dia em que partimos dos Picos, o sol apareceu! Assim sendo, lá fomos nós subir até aos Lagos. Desta vez, a viagem fez-se sem percalços, e quando lá chegámos foi uma maravilha ver aquela paisagem natural, com as montanhas de fundo e as vaquinhas a pastar. Um espanto.
Depois, foi dizer adeus aos Picos e regressar à costa. Primeira paragem em Llanes, onde o Rui já tinha estado antes. Um desses lugares à beira-mar, simpáticos. Continuando, Comillas foi uma surpresa. Uma pequena localidade onde se acumula um conjunto de obras de arquitectura moderna notável, incluindo até um edifício projectado por Gaudí, que é hoje um restaurante.
De seguida, Santillana del Mar. Ao contrário do que o nome indica, não fica à beira do mar! Vila medieval que mantém a sua traça, mas muito explorada pelo seu potencial turístico, o que a torna bem menos interessante. Assim, ala para Santander, que seria o nosso pouso por dois dias.

Cangas de Onís
Lagos de Covadonga

Comillas
Santillana del Mar


Santillana del Mar

7º dia
Santander

Passeios pela cidade, que parece uma versão espanhola da linha de Cascais, cheia de mansões imponentes. Ficámos no parque de campismo, que se situa à beira do farol, mesmo no Cabo Mayor, e por isso atravessámos quase toda a cidade ao longo do mar.
A nossa tenda, no parque de campismo de Santander

El Sardiñero, Santander

8º dia
Santander - Castro Urdiales - San Sebastian - Hondarribia

Deixámos Santander pela manhã, com um tempo algo nublado. Continuámos pela costa norte espanhola, de oeste para este, com direcção ao País Basco (isto depois de ter havido várias atentados da ETA...). Primeira paragem em Castro Urdiales, que é uma terrinha assim do género de Luarca e Ribadesella: piscatória, pitoresca, simpática. Demos uma voltinha, tomámos café, e seguimos viagem. Decidimos não ir a Bilbau, ficando com a ideia de depois irmos lá para visitar o Museu Guggenheim. O que acabou por não acontecer, porque não nos apeteceu voltar atrás... Assim, San Sebastian foi a nossa primeira paragem basca. A cidade é um espanto, cosmopolita e com grande atmosfera artística - e em pleno festival de cinema! Quase que nos cruzávamos com a Meryl Streep...
Destino final: Hondarribia, uma cidade muito bonita, quase na fronteira com França. Aliás, do outro lado da baía é França, Hendaye. Pusemos o "Joaquim" (o nosso GPS) a procurar o parque de campismo e, pelas indicações dele, fomos parar... a um descampado no cimo do monte!!! Verdade, verdadinha, o rapaz levou-nos a um miradouro, completamente isolado. Por sorte, ao descermos novamente para a cidade, passámos mesmo ao lado do parque... E, assim, tudo se resolveu pelo melhor.
Castro Urdiales

9º dia
Hondarribia - França - Roncesvalles - Pamplona

Pela primeira vez, tivemos "problemas" com vizinhos de acampamento, que não nos deixaram dormir, primeiro porque ressonavam imenso e, depois, porque eram um bocado mal-educados e falavam alto como tudo, independentemente das horas do dia (e da noite!). Enfim...
De manhã, visitámos Hondarribia, muito bonita, e depois resolvemos aventurar-nos em solo francês, porque assim era mais fácil chegarmos a Roncesvalles, local de entrada dos peregrinos europeus no caminho de Santiago. Deu para espreitarmos os Pirinéus Ocidentais, para falar um pouco de francês, e realmente foi bastante mais rápido irmos por França!
Roncesvalles foi uma pequena desilusão, porque é um sítio muito pequenino e movimentado, apenas com uma igreja e um mosteiro para acolher os peregrinos.
Assim, seguimos caminho para Pamplona, a terra dos touros. É bonitinha, mas nada de extraordinário. Encontrámos facilmente o parque de campismo, que não parecia muito simpático, mas acabou por não ser mau de todo. O pior foi o frio que se fez sentir durante a noite - um verdadeiro gelo, quase não conseguimos dormir graças a isso!

Loja em Hondarribia

10º dia
Pamplona - Logroño - Soria - Peñaranda de Duero - Aranda de Duero - Segóvia

Como de costume, aproveitámos a manhã para visitar a cidade. O dia estava bastante solarengo e nós tentámos fazer alguma fotossíntese para compensar o frio passado durante a noite! Somos uns campistas pouco preparados...
Estabelecemos o itinerário para o dia, tendo como destino final Segóvia. Temos muito que andar!
Primeira paragem, Logroño. Para nossa surpresa, há festa na cidade! Mal chegámos e somos envolvidos numa multidão bem-disposta, a passear pelas ruas. Ficámos a saber que festejavam o São Mateus, à semelhança de Viseu. A cidade é bonita, mas valeu principalmente pelo ambiente de festa e pela simpatia que pairava no ar.
Depois, Soria, que fez um contraste demasiado grande com Logroño. Como chegámos a meio da tarde, na altura na sesta, não se via ninguém nas ruas, dando ideia de passearmos numa cidade fantasma. Pouco tempo ficámos lá.
No caminho para Segóvia, fizemos um pequeno desvio para visitarmos Peñaranda de Duero, perto no nosso Douro, ainda em versão espanhola. O guia mostrava imagens muito bonitas, pelo que nos pareceu valer a pena. A localidade é bastante pequenina, com aquele ambiente de vila de interior, parada no tempo. À primeira vista, achámos que tínhamos feito mal em lá ir. Mas, ao subirmos até ao castelo, e ao vermos a paisagem lá de cima, percebemos que tinha valido a pena. A vila em si é muito bonita, vista lá de cima, quase que fundida na paisagem dourada das searas à sua volta. Com a luz de fim de tarde, o resultado foi maravilhoso.
Faz-se tarde e é preciso continuar. Fomos até Aranda de Duero, a cidade mais próxima, para tentarmos saber se há parque de campismo em Segóvia ou não. Tarefa difícil, uma vez que quase não descobríamos a oficina de turismo. Mas, mesmo depois de a termos descoberto, ficámos a saber o mesmo, uma vez que as pessoas lá não nos souberam dizer nada, tendo sido um pouco antipáticas... Enfim, vamos por nossa conta.
Novamente com um grande golpe de sorte, e ao termos percebido mal as indicações do "Joaquim" para entrar em Segóvia, demos de caras com o único parque de campismo, que é bastante simpático! Que fixe! Ainda fomos dar uma volta na cidade, que é linda, mesmo à noite.

11º dia
Segóvia - Ávila - Salamanca

Cá estamos, em Património da Humanidade. Que faz completamente juz à classificação. Desde a imponente Catedral, ao fantástico Alcazar, passando pelo Aqueduto, tudo é magnificente nesta cidade. Temos impressão de ter regressado ao passado, somos transportados para um cenário de príncipes e princesas, com todas aquelas muralhas e ameias... Muito lindo.
Seguindo a rota das cidade património da Humanidade, fomos a Ávila. Depois de um belo almoço, visitámos o centro histórico, dentro de muralhas. A catedral é muito bonita, assim como as diversas praças que se vão encontrando, com as suas igrejas - que são muitas! Já fora da cidade, há um miradouro muito bonito, que marca o local onde Santa Teresa foi encontrada quando fugiu de casa, com o objectivo de lutar contra os mouros (era ela uma criança). A vista sobre a cidade, do outro lado, é fantástica.
Continuando para Salamanca, a primeira coisa que fizemos foi procurar uma Decathlon para comprar um outro saco-cama, para ver se não passámos tanto frio desta vez!
Depois, nova aventura para descobrir o parque de campismo, em que fomos, mais uma vez, enganados pelo GPS... Mas, como de costume, conseguimos descobrir o dito cujo!

12º dia
Salamanca - Parque Nacional de Monfragüe - Cáceres

Salamanca é uma cidade espectacular. Já lá tinha estado uma vez, há uns bons anos atrás, e tinha gostado muito. Desta vez, numa visita curta, a opinião manteve-se. As catedrais (sim, são duas!), o Pátio das Escolas, a Casa das Conchas, a Plaza Mayor... Tudo imponente mas, ao mesmo tempo, acolhedor. Uma pessoa sente-se em casa.
Ao início da tarde, seguimos para sul. Embora o nosso destino fosse Cáceres, passámos primeiro pelo Parque Nacional de Monfragüe, um local de eleição para observação de aves. Depois de nos informarmos sobre as diferentes rotas, partimos à aventura. O parque é lindo, com grandes penhascos (que são os locais de eleição para as aves de rapina nidificarem). Vimos milhafres e outras rapinas (que eu não sei o nome), mas também muitos veados a passear pelos montes e até uma raposa, altamente civilizada, a conviver com visitantes do parque, num miradouro! Gostei muito, muito. Aliás, era isto que eu queria das férias - natureza. Descansar o espírito e a cabeça.
Em Cáceres, última noite antes de regressarmos a casa, a surpresa: cada espaço para acampar tem uma casa-de-banho privativa! Isto é que é luxo!

13º dia
Cáceres - Évora - Parede
Uma noite bem dormida, o que já não acontecia há algum tempo. Por um lado, faz muito menos frio a sul. Por outro, é realmente muito prático ter uma casa-de-banho só para nós. Gostei!
Visitámos Cáceres pela manha, também ela Património da Humanidade. O centro histórico é muito bonito, muralhado, com muitas igrejas. Aqui, já se começa a ter um certo ar de Alentejo. As paredes já não são todos de pedra, mas caiadas. É engraçado, estas semelhanças inter-nacionais...
E pronto, assim acaba a nossa aventura espanhola. Agora, é regressar ao bem-amado rectângulo!
Depois de enchermos o depósito antes de sair de Espanha (uma vergonha, esta diferença no preço dos combustíveis!), rumámos a Évora, cidade que eu nunca tinha visitado. Como não conseguimos arranjar um mapa no turismo, andámos um pouco perdidos, a vaguear pela cidade... Mas deu para ver que é bonita. O Templo de Diana é um pouco estranho, porque acaba por ser mais pequeno do que aquilo que se esperaria. Todas aquelas ruelas, estreitas, com as casas de paredes brancas, são deliciosas.

Só nos resta agora o regresso a casa. Até uma próxima vez.

Nota - A qualidade das fotografias não é muita porque foram tiradas com os nossos telemóveis. E é também por isso que só tenho fotografias de alguns dias, que é quando tínhamos bateria no telemóvel! Quando tiver as da minha máquina reveladas, terão oportunidade de as ver.

Férias!!!

E, depois de um momento árduo de trabalho e, principalmente, de stress, estou pronta para duas semaninhas de férias! Por isso, não se admirem com o meu silêncio.
Até breve.

Aventura no Japonês

No passado fim-de-semana, resolvemos ir jantar fora, a um restaurante japonês - Rock 'n' Sushi. Os meus manos já tinham experimentado e eu, como desconhecedora, estava com muita vontade para, finalmente, saber como é isso do sushi.

Olhem só o aspecto maravilhoso da comida:
Combinado de Sushi e Sashimi


Visto de outra perspectiva


E este foi o prato pedido pelo mano, que preferiu não se arriscar no sushi...

Pois, se os olhos comessem, esta comida seria espectacularmente maravilhosa. O problema é quando os olhos deixam de comer, e a cabecinha começa a entrar em acção! Eu provei, até comi dois pedacinhos. Aliás, três! Mas, ao terceiro, fiquei tão agoniada que não consegui continuar. E, assim, a minha irmã teve que comer o prato de sushi sozinha. Passado uns momentos, lá consegui pedir as espetadinhas de frango, que foi o máximo que o meu estômago aguentou. Eles ainda comeram umas sobremesas fantásticas, com um aspecto muito bom - crumble de morango e crumble de frutos silvestres. Tudo acompanhado com uma bela bola de gelado. Mas eu já não fui capaz. Talvez para a próxima.

O Vendedor de Passados - José Eduardo Agualusa



"O Vendedor de Passados" foi mais um presente de aniversário, oferecido pela minha amiga Carine. Nunca antes tinha lido um livro de José Eduardo Agualusa, por isso tinha alguma curiosidade. Assim, quando acabei o livro do Mia Couto, passei directamente para este.
O livro conta-nos a história de Félix Ventura, um homem que tem como ofício vender passados falsos a burgueses recentes, que precisam urgentemente de um passado com prestígio e solidez. Certo dia, bate-lhe à porta um estrangeiro esbaforido, necessitado de uma identidade angolana. E a partir desse momento, a vida da nossa personagem principal vai mudar.

Um dos factos mais curiosos sobre este livro é o seu narrador ser uma................ osga. Sim, perceberam bem. Uma osga. Cheia de sensibilidade e bom senso. Um amor de osga. :)

Gostei tanto, tanto, tanto deste livro que não resisto a recomendar a todos que o leiam. É divertido, bem escrito, com uma história super interessante, cativante, que nos prende na leitura. Tanto assim foi que li o livro nuns singelos 5 dias. E agora já estou noutra. Mas com saudades.

Mamma Mia!



No dia seguinte à estreia, um pouco que arrastada, devo confessar, lá fui rumo ao cinema para ver a adaptação cinematográfica do musical "Mamma Mia!". Estava bastante tristonha nesse dia e, por isso, não me apetecia nada sair de casa. Mas não tive grande escolha!
Não me arrependi absolutamente nada. É certo que, quando vi o trailer, fiquei com muita vontade de ver este filme, mas nada me fazia prever a onda de boa disposição que nos invade, quer queiremos, quer não.
Como já devem fazer, o musical foi escrito com base a músicas dos ABBA. Que, como toda a gente sabe, foram um dos grandes ícones da música do fim dos anos 1970. Com todos aqueles mega-sucessos cheios de energia!!! Então, imaginem um filme que tem essas músicas como fio condutor da história... Um espectáculo! É de cantar do início ao fim, só apetece levantar do lugar e dançar! Ainda para mais, para completar a onda de alegria, o filme foi rodado numa ilha grega, com paisagens de sonho, para as quais só nos apetece saltar e fazer parte daquela festa.
E é um gozo ver todos aqueles actores, excelentes por sinal, a assumir papéis tão diferentes dos que estamos habituados a ver. Meryl Streep é autêntica, sem deixar de assumir as suas fragilidades em termos vocais (o que é bastante querido), Pierce Brosnan surpreende com uma voz potente, Colin Firth é super divertido, sem qualquer jeito para a coisa. Quem tem mesmo muito jeito é a jovem Amanda Seyfried, muito talentosa. E onde é que eu já vi aquela cara?...
Há já muito tempo que algo não me deixava tão bem disposta, com a alma levezinha... Assim, este filme é como que um comprimido milagroso contra as depressões que começam a aparecer nesta altura do ano. Acho que ainda o vou ver outra vez.

O gato que comia flores

Há já algum tempo que não deixava aqui um pedaço de mim. Que é como quem diz, uma amostra da minha escrita.
Desta vez, em vez de poesia, fica a primeira parte de um conto que comecei a escrever há mais de um ano. Tem estado um bocado parado, desde então...
Resolvi colocá-lo aqui porque gostaria mesmo de ter a vossa ajuda. Não sei bem como continuar a história, por isso conto com a vossa criatividade para fazê-lo. Fico à espera de sugestões!


"Alberto era um gato gingão. Grande olho azul, cheio de bons modos, passeava o seu corpo alongado manchado de listas cinzentas como se fosse o dono do pedaço. Talvez o fosse, tudo depende de que pedaço estamos a falar! Mas, para Alberto, estas considerações filosóficas eram pura perda de tempo. O realmente importante era a sua extraordinária superioridade em relação aos demais felídeos.
Durante a semana era fácil. A ausência de rivais tornava a sua rotina um tanto ou quanto indolente. Os seus dias eram passados na procura incessante do melhor lugar ao sol, tarefa que o fazia andar às voltas pela casa, de divisão em divisão, enquanto as sombras se moviam, como que a convidá-lo para uma dança. Assim se passavam os seus dias, uma longa colecção de horas, até que, de repente, a caixinha azul anunciava a tão desejada viagem, rumo à casa da família! Assim, sim, tinha tempo e espaço para se passear pelos jardins, dedicar-se às aparentemente inofensivas brincadeiras com os outros gatos. Pela mãe, Nariz, era sempre bem recebido. Já os outros… A primeira reacção era sempre de desconfiança! Mas Alberto não se importava. Ele conhecia a sua superioridade e fazia questão de a demonstrar perante os outros. Principalmente ao seus tios, Miró e Branquinha, que tinham a mania que mandavam lá em casa! Parecia impossível, não lhe davam a mínima hipótese de se baladar pela casa, de forma a mostrar a todos o seu invejável charme. Que chatice! Ultimamente era assim: a família, que sempre o havia recebido com todos os mimos, agora virava-lhe as costas ou, então, pior ainda, arreganhavam-lhe os dentes, por entre tabefes nada amistosos. Que se passaria naquelas cabeças?...
Bem, mas nada disto incomodava demasiadamente Alberto. Conhecedor e reconhecedor das suas superioridades, assim seguia, ultrapassando os percalços destas desavenças familiares.
Nos longos e entediantes dias que passava sozinho naquele apartamento luminoso, Alberto tinha uma única coisa que lhe oferecia alento: as suas deliciosas flores. Os vasos, colocados estrategicamente em locais de difícil acesso, preenchiam os seus dias de complicados estratagemas – como chegar até eles? Desde que se tinham apercebido da sua paixão desmesurada por tais delicados seres, os vasos iam mudando de lugar. Como ultrapassar portas fechadas?... Questão complicada, esta. Sendo um gato cheio de recursos e ardis, ainda não tinha encontrado forma de contornar este problema e isso deixava-o deveras apoquentado. O facto é que não podia viver sem as suas flores. Os seus amores-perfeitos… hum, que sonho! De tão belas, só lhe apetecia comê-las. Devorá-las lentamente e sentir o seu sabor doce, delicado…Logo, interrompido, claro está, pela intervenção da dona! Chiça, que ninguém o deixava em paz! Pobre Alberto, que sina a sua. Ah, mas havia também as outras, aquelas que foram passeando pela casa (e, com elas, passeava Alberto), mudando de poiso de tempos a tempos. Belos tempos, aqueles em que estiveram plantadas no parapeito da janela! Mesmo ali, no lugar favorito de Alberto, onde o luminoso sol brilhava logo pela manhã. E onde ele se deixava ficar pelo dia a fora, dormitando…"

WALL-E



No fim de semana que passou, aproveitei o tempo meio cinzento e a falta de energia que abundava cá por casa para ir ao cinema ver a mais recente aventura da Pixar, essa mesmo sobre o robot mais fofo de todos os tempos!!!
Todos as críticas ao filme que li até agora são altamente positivas. No Expresso, chegam mesmo a defender que o filme deveria ser nomeado ao Óscar de Melhor Filme. Eu não vou tão longe.
Depois de ler isto tudo, esperava uma história fantástica, um grafismo deslumbrante. Basicamente, esperava ficar completamente rendida ao filme.
E não foi exactamente isso que aconteceu. Embora o robot WALL-E seja uma delícia, claramente inspirado no E.T. de Steven Spielberg, parece que algo da ideia se perde pelo caminho. É quase como se não houvesse puerilidade suficiente no filme, como se toda a história estivesse demasiado auto-consciente das ideias que quer transmitir.
No entanto, tudo isto é um sentimento que fica, assim como que o travo do vinho que permanece na boca depois de engolirmos... E não uma falha óbvia do filme. Por exemplo, a história de amor entre WALL-E e EVA é quase unidireccional, uma vez que ela quase não participa. E, com isso, a doçura dele fica um pouco esbatida.
Houve uma parte que gostei muito, e que eu acho estar muito bem conseguida como "crítica social", que se refere à forma como a humanidade evolui a bordo da nave espacial, enquanto espera pela Terra se tornar um planeta habitável novamente. Como não quero ser desmancha-prazeres, não vou revelar pormenores!
Assim, é um filme querido, com uma mensagem idealista que cai muito bem nos dias de hoje, mas que começa, de alguma forma, a soar a oco. Contudo, um bom filme.