Vais conhecer o homem dos teus sonhos



Sessão de cinema ao fim-de-semana, para não começar a acumular (demasiados) filmes para ver. Claro que não poderia faltar o mais recente filme de Woody Allen, esse mestre em retratar relações humanas...
You will meet a tall dark stranger ou, em português, "Vais conhecer o homem dos teus sonhos" (o título em inglês é, apesar de tudo, bem melhor) é um filme bem ao estilo do seu autor, repleto de encontros e desencontros de personagens a roçar o psicótico - que é exactamente o que nós (apreciadores dos seus filmes) tanto gostamos. Ora bem, temos a habitual teia de personagens, com suas histórias cruzadas, como não poderia deixar de ser. A saber: Alfie, antes casado com Helena, pai de Sally, está numa crise de meia-idade. Decide casar com Charmaine, uma prostituta de semi-luxo, que enche de presentes. Helena entra em depressão e procura ajuda em Cristal, uma pseudo-vidente, que vai ser a sua guia. Sally é casada com Roy, um escritor que teve um best-seller e nunca mais escreveu nada, estando a viver actualmente com o espectro do falhanço... Já estão deprimidos?
Bem, este conjunto de personagens vai envolver-se em situações tão caricatas que só podem ter piada ou, alternativamente, ser altamente trágicas. Eu optei pela primeira hipótese. Por isso, achei o filme muito divertido, acima de qualquer outra coisa. Embora não seja o meu filme favorito do Woody Allen.

Histórias daqui e dali - Luis Sepúlveda



Ler dois livros em menos de um mês é um feito que muito me agrada (até porque a pilha de livros em cima da minha secretária, planeados para 2011, só vai aumentando). Este foi também prenda de Natal, desta vez da minha mana. Colecção de crónicas de Luis Sepúlveda, trata principalmente de histórias passadas durante o seu período no exílio. O escritor passou por diversos países, tanto na Europa como na própria América do Sul. E acumulou uma riqueza de vida que dá para este livro e daria, provavelmente, para muito mais. É, portanto, mais um testemunho de vida do que outra coisa qualquer. Por isso, para além de ser um gosto ler a sua escrita, é também um óptimo livro para aprender sobre essa época perturbada da história do Chile, mas não só. Assim, proporcionou-me momentos de leitura ávida, enquanto passeou comigo neste última semana, no comboio de casa para o trabalho, e vice-versa.
Agora, é escolher o próximo.

Hereafter - Outra Vida



Regresso às sessões de cinema, depois uma semana de interregno. Começa a haver uma panóplia de filmes bastante interessante em cartaz, pelo que as sessões de cinema terão que se tornar mais frequentes, senão muita coisa vai ficar pelo caminho!
O mais recente filme de Clint Eastwood reparte a sua acção por três personagens: um operário norte-americano, uma jornalista francesa e um miúdo inglês. Como o filme trata, sobretudo, sobre a morte (com todas as suas consequências), as três personagens têm isso em comum: uma relação difícil com a morte. E, apesar de improvável, os seus caminhos irão cruzar-se e daí surgirá a solução para todos poderem seguir em frente com as suas vidas.
O tema é, à partida, um bocadinho fora daquilo que se esperaria de Clint Eastwood. Até a multinacionalidade das personagens é inesperada. Mas resulta bem e é credível. Aliás, todo o filme é extremamente credível (para quem acredita e para quem não acredita), o que o torna muito especial. Não é um filme lamechas, apesar do tema ser difícil de abordar (vida depois da morte, comunicação com os mortos, etc.). A abordagem é pragmática e desapaixonada e, talvez por isso, seja mais fácil não chocar susceptibilidades.
Devo confessar que não está estava muito à espera daquele final. Mas, agora que penso nisso, faz realmente todo o sentido.

Three Seconds - Anders Roslund e Borge Hellström



De volta aos thrillers policiais. E que belo regresso!
Presente de Natal da Íris (muito obrigada), 500 páginas a passar de uma escrita viciante e de uma história que nos consegue surpreender até ao fim. Passemos, então, à história. Piet Hoffman é um ex-criminoso que, depois de uma passagem pela prisão, se tornou um agente infiltrado da polícia sueca. Missão: infiltrar-se na Máfia polaca, que controla grande parte do tráfico de droga. Muito bem colocado na organização, Piet vai enfrentar o desafio da sua vida, ao voltar à prisão para colocar em prática o plano de tomar de assalto todo o tráfico de drogas nas prisões suecas...
Escrito em parceria entre um jornalista e um ex-criminoso, combina na perfeição as duas visões: a análise, o pormenor, o conhecimento da realidade. E uma dose de suspense tão no ponto que mesmo na última página conseguimos ser surpreendidos.
Não vou dizer muito mais sobre o livro, porque a ideia é mesmo que o leiam. Que eu saiba, ainda não há versão portuguesa. Mas, a julgar pelo sucesso que a trilogia Millenium, de Stieg Larsson, teve, não há-de faltar muito para este livro aterrar nas nossas livrarias.

Clubbing Optimus - Janeiro 2011



Primeiros concertos do ano, para que 2011 comece bem. Desde que me lembro que a Casa da Música (CdM) faz estas sessões de Clubbing, mas não tenho ideia de serem assim tão boas... Pois bem, falemos primeiro do conceito. Sábado à noite, a CdM é, em toda a sua plenitude, tomada de assalto por um conjunto de bandas e DJs, para contentamento de quem por lá escolhe passar a noite. Uma vez por mês, um sábado, e a CdM é nossa. :)

Janeiro trouxe-nos Jazzanova e Balla, na Sala Suggia e, entre outros, Noiserv na Sala 2. E trouxe-nos, também, uma lotação completamente esgotada. Muita gente pronta a entrar no espírito clubbing, incluindo as 3 estarolas (aka, nós).
Primeiro houve relax num dos bares, à espera dos concertos na sala principal. Depois, foi-nos barrada a entrada na Sala Suggia, estava supostamente cheia... Mas acabamos por entrar por outro lado e havia muitos lugares livres! Enfim... Jazzanova já estavam a tocar, cheios de energia. Muita gente em palco, um vocalista com um bambolear de anca muito sexy. O pessoal pôs-se de pé e... toca a dançar! Até porque o espírito é mesmo esse. No intervalo, aventura das aventuras ir até ao bar buscar uma cervejinha - nítida falta de organização, apenas 4 ou 5 pessoas a servir uma multidão sequiosa. Depois veio Balla, numa Suggia que metia uma certa dó, principalmente se comparando com o concerto anterior, em que estava completamente à pinha. Mas, pronto, sempre havia um pessoal (perceba-se, nós) cheio de energia a fazer a festa. Armando Teixeira comprovou ser um Senhor (sim, com maiúscula) do panorama musical português e, embora um pouco calmeirão, foi levando o espectáculo a bom porto. Ou Porto, como preferirem. Dois concertos que nos aguentaram até às 3h da manhã, o que prova que ainda cá estamos para as curvas.

E, em Fevereiro, há mais.


Mammuth



A conversa é sempre a mesma, e gira à volta do tempo excessivo que passo sem escrever neste blog. Desta vez, não o vou fazer (ou, por outra, vou esconder-me atrás deste parágrafo inicial, como quem não quer a coisa...).
Já passou mais de uma semana desde que fui ver este "Mammuth" com a prima Carol. Optámos por este filme porque já estava há algum tempo em cartaz e quisemos aproveitar vê-lo antes que se "fosse embora". A sinopse não era má. Um sessentão, recém chegado à reforma, descobre que lhe faltam declarações de trabalho para poder, efectivamente, reformar-se. Assim, pega na sua velha Mammuth, mota da sua afeição, e parte pelas estradas de França em busca dos ditos papéis, enquanto faz uma viagem ao seu próprio passado. Ora bem, não parece nada mal. Pois, mas a realidade revelou-se outra, fora dos cadernos de crítica cinematográfica e dentro da sala de cinema - Mammuth é um deplorável exercício de qualquer coisa que nem sequer me atrevo a chamar cinema. Dépardieu está um "pequeno" monstro com cabelo de Barbie, completamente bronco e sem qualquer tipo de profundidade enquanto personagem. A dita viagem, por incrível que pareça, consegue ser um chorrilho de situações completamente estapafúrdias. Mas sem piada.
O que torna esta ida ao cinema num verdadeiro desastre. Acontece...

O Mágico



Primeiro filme de 2011!!!
As expectativas eram altas para este novo filme de Sylvain Chomet, criador de "Les Triplettes de Belleville", um dos meus filmes de animação favoritos.
Um mágico francês vê-se obrigado a fazer uma digressão pela terras perdidas da Escócia, numa altura em que a magia está em declínio. Numa dessas terras perdidas, conhece Alice, uma menina que sonha com uma vida diferente e que vê nele a sua oportunidade. Esta relação irá mudar a vida de ambos...
Os desenhos são maravilhosos. A recriação de Edimburgo é, para quem nunca lá esteve (!), uma delícia. O filme, esse, é minimalista - diálogos fugazes, música simples. Talvez porque a história seja, a modos que, um "elogio do amor", neste caso de um amor paternal para com uma desconhecida... Ou talvez porque o importante seja mesmo a arte (e essa quer-se minimalista).
Devo dizer que fiquei um bocadinho desiludida, porque a história me pareceu, aparentemente, sensaborona. Talvez fosse bom repetir, tentar perceber se é mesmo assim, ou se será um caso de "primeiro estranha-se, depois entranha-se"...
De qualquer forma, mesmo que assim seja, vale bem a pena uma ida ao cinema. Porque o filme, em si, é uma bela obra de arte.