O Terceiro Passo completa-se


A caminhada iniciou-se há pouco mais de cinco anos, quando me mudei, de armas e bagagens, para Lisboa. Mais tarde, embarquei na aventura que agora culminou num dia de muitos nervos, mas também muita felicidade. Acaba então aqui a minha passagem profissional por Lisboa, da qual saio com  mais um canudo e com (muitos) cabelos brancos. Foram anos importantes, por vezes difíceis, mas que muito me ensinaram, sobre mim e sobre o mundo. Conheci muitas pessoas. Umas irão ficar para a vida, outras porventura se perderão na névoa da memória... Mas todas ficarão comigo, como parte integrante desta que foi uma etapa muito importante da minha vida. 

O fim de etapas é uma coisa interessante. Há o sentimento do "dever" cumprido, do atingir de uma meta. Mas há, ao mesmo tempo, também um vazio, uma noção de que nós paramos, enquanto o resto do mundo continua a girar. Sentimentos transitórios, com certeza... Porque a seguir a uma etapa, temos outra, e com ela novos desafios a enfrentar.

Por isso, quero, acima de tudo e neste momento, agradecer a todos os que fizeram parte da minha vida durante estes cinco anos, que contribuíram para que tenham sido cinco anos muito ricos. Muito obrigada.

E "O Terceiro Passo"? Que lhe acontece?... Embora a designação perca a validade, uma vez que a ilusão se completou, este blog faz parte de mim e da minha vida. Decidi, por isso, mantê-lo tal como está, até segundas núpcias. A ver vamos o que trará o "quarto passo"...


O futuro segue dentro de momentos.

Vodafone Mexefest @ Lisboa

É verdade que já lá vai algum tempo desde que "a música mexeu" na cidade de Lisboa. No seguimento daquela que foi uma intensiva época de concertos, a ida à versão lisboeta do Vodafone Mexefest (depois de, em Março, ter ido à versão portuense) foi o fim desse ciclo, e um fim muito feliz. O formato deste festival de música agrada-me. Claro que quando se quer muito ver um determinado concerto, particularmente se for concorrido, pode ficar-se um pouco frustrado... Mas o melhor de um festival com este formato é precisamente percorrer as diversas salas (algumas das quais nem sequer costumam receber este género de eventos) e deixar-se surpreender pelo que aí estiver a acontecer no momento. 
Foi com esta ideia em mente que rumei até à Avenida da Liberdade e zonas adjacentes. Claro que, em relação ao concerto dos britânicos Alt-J, o sentimento era diferente - não queria por nada perder a oportunidade de ver este quarteto ao vivo, que foi uma das melhores descobertas musicais deste ano de 2012. E não perdi. Antes houve tempo para assistir a cerca de metade do concerto de Samuel Úria, personagem que muito aprecio, e ouvir as músicas que em breve estarão por aí, no segundo álbum do cantor de Tondela. Depois, nem sequer houve um levantar da cadeira, não fosse alguém roubar o lugar!!! O concerto de Alt-J seguiu-se, com o público ao rubro. Passaram por todo o álbum de estreia, Awesome Wave, e ainda por algumas versões (por mim identificadas como "These Days", de Nico, e "Slow", de Kylie Minogue; mas posso sempre estar enganada!). Gostei muito do concerto, mas sinto que, de alguma forma, não estava no meu ambiente ou no melhor dos humores para poder usufruir plenamente do concerto. Após este concerto, ainda houve tempo para espreitar Gala Drop no Maxime, o que valeu bastante a pena, até porque é um espaço do qual gosto. Fim do dia 1, amanhã há mais.
Segundo dia de concertos, desta vez sem um objectivo principal, embora tivesse gostado de espreitar os Django Django, o que não aconteceu devido à lotação mais do que esgotada do espaço! Ainda assim, deu para conhecer a Casa do Alentejo, onde tocava The Nicotine's Orchestra (liderados por Nick Nicotine, personagem interessante do Barreiro), com um som do qual muito gostei. Depois, subir um pouco a rua, até ao Ateneu, para ver Petite Noir, esse sim o grande momento da noite (e, muito provavelmente, do festival). Este rapaz de 21 anos faz uma música de alguém que tem muito para dizer. E eu estou cá para ouvir... Denso, algo negro (ou não fosse fazer jus ao nome), vibrante. Tem futuro, com certeza. Erro nosso, resolvemos deixar este a meio e ir tentar a nosso sorte com Django Django, o que não aconteceu. Assim, vimos as últimos músicas de Noiserv no São Jorge e depois aproveitámos para ficar mesmo por lá. Primeiro, num concerto de uma banda holandesa meia folk meia qualquer coisa desinteressante, depois no concerto de Efterklang, que não sendo uma banda da qual goste particularmente, fez um espectáculo de se lhe tirar o chapéu!!! Verdadeiros entertainers, sabem como manter o público entusiasmado e a vibrar. Assim terminou o Mexefest da cidade de Lisboa, com um saldo muito positivo. Foi uma boa despedida. E obrigada aos primos queridos que ofereceram o bilhete e uma óptima companhia.

O frio da Primavera (ou como um festival de música invadiu o berço da nação)

Aberta que estava a temporada de concertos, foi tempo de rumar a Norte (sempre um bom sentido de orientação) e visitar a cidade que este ano recebe a Capital Europeia da Cultura (e à qual ainda não tinha prestado uma visita neste tão ilustre ano). Este evento Optimus Primavera deixou os grande círculos urbanos e veio até Guimarães, o que atraiu muitos melómanos num fim-de-semana de muito frio. Eu incluída. Ir de Lisboa a Guimarães é um caminho longo (não chega às 9h de viagem da outra música, mas não anda lá muito longe), pelo que os primeiros concertos de sexta-feira ficaram para segundas núpcias. O que não poderia mesmo perder era o regresso a Portugal de Sharon Van Etten, cantautora americana que me deslumbrou nos últimos meses. Regresso ao Centro Cultural Vila Flor (CCVF) (já lá vão uns anos desde que aí vi Susheela Raman), numa atmosfera intimista a (re)lembrar-me porque é que gosto tanto de ir a concertos... Tocou praticamente todas as músicas do seu mais recente álbum, Tramp, com excepção de Give Out, a minha favorita... Tristezas à parte, rumou-se até ao Centro de Artes e Espectáculos São Mamede (antigo cinema, segundo fiquei a saber) para continuar a onda dos concertos. Chegámos a meio do concerto de Destroyer (não conheço, ou se conheço não me lembro), que depois deu lugar a Ariel Pink, que deu um concerto algo alucinado mas muito bom. E assim acabou a rodada de sexta-feira. Sábado trouxe uma maior disponibilidade para assistir aos concertos, que chocou na capacidade limitada do pequeno auditório do CCVF... E o que culminou com na prática apenas ter assistido ao concerto dos Tinariwen. Mas que valeu por todo um dia de concertos!!! Assistir a um concerto deste grupo de tuaregues do Mali era um objectivo gorado há já uns bons anos, e finalmente consegui. Embora sem a presença do seu membro mais carismático, Ibrahim Ag Alhabib, o grupo deu um espectáculo caloroso, alegre e lânguido. Gostei muito, só não gostei mais porque mais uma vez saí do concerto sem ouvir uma das minhas músicas favoritas, Aldechen Manin... Não se pode ter tudo, não é?

O balanço foi muito positivo. Adorei ir a Guimarães, que é uma cidade que me encanta e onde já não ia há muito tempo. E onde fui muito bem recebida. Até gostei do frio! Que saudades me fazem as terras frias lá de cima...

The Black Keys ao vivo naquela que é provavelmente a pior sala de espectáculos do país

Finalmente chegou o tão esperado dia que trouxe os The Black Keys pela primeira vez a terras lusas. Não houve propriamente grande tempo para preparar o espírito para tal acontecimento, uma vez que os dias anteriores foram passados em ambiente de congresso científico e só regressei a Lisboa no próprio dia... mas adiante.
Então, concerto dos The Black Keys no Pavilhão Atlântico. Desde o dia em que tal notícia foi anunciada que achei uma má ideia. Não os The Black Keys virem a Portugal, mas o facto de fazerem o concerto no Pavilhão Atlântico. Nítido erro de casting. Só tinha visto um outro concerto em tal sala (Dave Matthews Band, em 2007), e não tinha corrido propriamente bem, principalmente em termos de som (a acústica é fraca e os técnicos de som também, aparentemente). Mas pronto, o concerto era único, por isso não havia neste caso uma opção. Por isso, lá fui eu. Coincidência, ou talvez não, a coisa não começou bem - logo na primeira música (dos The Black Keys, porque enquanto os The Maccabees estavam a tocar, nada de mal me pareceu acontecer...), Mr. Dan Auerbach começa a cantar e som de grilo. Não se ouve nada para além dos instrumentos... Eu não gosto de ser pessimista, mas foi mesmo assim. Na segunda música, o  problema foi parcialmente resolvido, mas durante o resto do concerto a voz de Auerbach ouviu-se sempre um pouco abaixo do registo instrumental (o que não favorece a música). Adiante. O concerto prosseguiu, eficiente, com o duo a passar um pouco por toda a sua discografia (pelo menos aquela que me é familiar), com versões rápidas e poderosas. Mas não levaria muito tempo até chegar ao fim - após uma hora de concerto, os The Black Keys retiraram-se, para voltar pouco depois para um encore de duas músicas, se não estou em erro.
Qual foi, então, o sentimento geral?... Soube a pouco, a muito pouco. O concerto foi demasiado curto, para uma banda que actuou pela primeira vez em Portugal, trazendo na bagagem uma discografia já bastante extensa. Talvez mais importante do que isso tenha sido o sentimento de que faltou algo... Não sei bem explicar, mas acho que faltou uma certa vitalidade, aquele sentimento que um concerto de blues rock deveria ter. O que, neste caso, não aconteceu. Fiquei desiludida.

Da escuridão fez-se música

Descoberta tardia, mas ainda fui a tempo para ver o espectáculo singular que a dupla maliana Amadou et Mariam trouxe à Gulbenkian - um concerto na mais completa escuridão. De forma a "homenagear" a cegueira que os afecta a ambos (e que os juntou para a música e para a vida), montaram um espectáculo em que o público é deixado em igualdade de circunstâncias, sem nada ver, com os sentidos plenamente concentrados na música. 
Se ao início o desconforto era muito (o que se notava nas reacções contidas do público, que praticamente enchia o Grande Auditório da Gulbenkian), com o desenrolar do concerto, que incluiu interlúdios biográficos sobre a dupla, a temperatura foi subindo (literalmente falando) e os ânimos foram ficando mais soltos. Houve uma abordagem a essencialmente todos os álbuns, de forma a fazer a dita contextualização biográfica, que acabou com Wily Kataso, do mais recente álbum Folila, a ser cantado com as luzes já acesas e todo o público de pé.
Um concerto quase comovente e, com certeza, envolvente. Uma experiência única, completamente fora da zona de conforto, mas que resultou muito bem. E fica o prazer enorme de ter visto novamente estes dois músicos ao vivo, o que me deixa muito feliz. Porque a música deles é daquelas que me põe imediatamente um sorriso no rosto.

Leffest - Io e Te

Finalmente, parece que voltei a ter um pouco de vida social! Consegui ir à edição deste ano do Lisbon and Estoril Film Festival (Leffest) (e talvez vá mais do que uma vez, grande audácia minha!), ver o mais recente filme de Bernardo Bertolucci, este Io e Te. Estava com um pouco de receio porque não sou particularmente fã deste realizador italiano... Mas até que nem correu mal.
Ora então, a história. Lorenzo é um adolescente de 14 anos, complicado como todos, ou talvez não. Na iminência de uma viagem escolar, resolve forjar a sua ida e, em vez disso, refugia-se na cave do prédio onde mora. Tudo corre bem até que a chegada de Olivia irá deixar tudo de pantanas...
Contrariamente ao que estava à espera, as insinuações de teor sexual não são muitas (ou então era eu que estava distraída) e o filme até está bem conseguido, apesar da cara acneica do protagonista (a adolescência é muito triste...). Gostei do filme e gostei de ir a uma sessão do Leffest - é sempre bom ver uma sala de cinema cheia de caras desejosas de serem surpreendidas. A ver vamos se haverá mais. 

Regresso aos trabalhos manuais

Gola azul (ainda por coser)

O trabalho dos últimos tempos está finalmente a dar frutos. Voltei a tricotar, ainda em projectos simples, como esta gola azul que já está pronta, só à espera de ser cosida. Foi a oportunidade de seguir os ensinamentos do livro que a minha irmã me ofereceu no Natal passado, com este padrão alternado de liga e meia, a formar belos losangos.

Camisola estampada com gatos

Foi igualmente com muita motivação que enveredei pelo caminho da estampagem de camisolas. Fiquei muito contente com o resultado do meu primeiro teste, com estes adoráveis gatos pretos (homenagem ao meu Mequinho, está visto!). Apesar das dificuldades, acho que correu muito bem. Estou agora cheia de ideias para executar, o que vem mesmo a calhar nesta altura próxima do Natal. Haja tempo e ajudem os dedos, que às vezes cismam em não me querer obedecer...

Galinha com Ameixas

Regresso às salas de cinema, numa altura em que por lá não andam filmes particularmente interessantes (do meu ponto de vista, claro está). No entanto, a visita da prima Catarina "obrigou" a que encontrasse este "Galinha com ameixas", título pouco ortodoxo para este filme dos mesmos realizadores de "Persépolis". O filme conta a história do violinista Nasser-Ali quando, em consequência da sua mulher destruir o seu violino, decide deixar de tocar e toma a decisão voluntária de morrer (mas não tem nada a ver com suicídio). Durante este processo de auto-destruição, Nasser-Ali faz uma viagem ao seu passado, reconstituindo os factos que o conduziram até aquele momento.
Não vi "Persépolis" e como tal não tenho ponto de comparação. Ainda assim, gostei do estilo do filme, misturando real e imaginário para melhor veicular a mensagem. A história é engraçada, embora sinta faltar-lhe qualquer coisa que não consigo identificar... Não gosto particularmente de Mathieu Amalric (aqueles olhos esbugalhados tiram-me do sério, mais ainda neste filme!), mas o elenco é competente. A prestação de Maria de Medeiros no papel de esposa de Nasser-Ali (aquela que destrói o seu violino) é muito boa, há algo de desesperado nela que funciona bastante bem.
Assim, não sendo um filme fantástico, é um filme agradável, que serve os seus propósitos.

Itália no Outono

Florença

Siena
Este ano só houve viagens para participar em congressos científicos. Nada mau que foram dois... E os dois em Itália! Se o primeiro foi numa Itália insular (Sardenha), desta vez foi mesmo para a parte continental, repleta de arte e de história. A maioria do tempo foi passada em Florença, cidade onde era o congresso. Foi um regresso algo emocionado, nove anos depois daquele Verão do interail... Tenho que confessar que trouxe muitas lembranças, mas isso é provavelmente natural. Depois de Florença, houve umas passagens breves por Siena e Roma, mas que foram muito bem aproveitadas. 
Nunca tinha estado em Siena e é uma cidade linda, com o seu cariz medieval parece quase parada no tempo. É uma maravilha passear por aquelas ruas sombrias, descobrir recantos a cada tropeçar de passos... 
Roma
Roma é uma cidade magnificente, não há palavras para a descrever. Caótica, desarrumada, mas cheia de encanto, com ruínas, prédios, fontes, tudo misturado numa amálgama de cores e sons. E ter a oportunidade de ver uma exposição de fotografia de Robert Doisneau... Foi algo de muito especial.

Foi uma boa semana. Gostei muito de voltar a Itália, ainda que a minha opinião de há nove anos não se tenha alterado (sobre a pouca simpatia do povo italiano). Definitivamente, uma boa forma de fechar a época das viagens de 2012 (independentemente de todos os percalços). E, para o ano, haverá mais.

Irmã - Rosamund Lupton

Na continuação da febre literária (de leitura, perceba-se), li este "Irmã", de Rosamund Lupton, recomendado e emprestado pela Adriana. Não conhecia a autora nem nunca tinha ouvido falar do livro (que creio ser o seu primeiro trabalho), mas fiquei agradavelmente surpreendida.
A história começa com a comunicação a Beatrice de que a sua irmã mais nova, Tess, desapareceu. Inglesa radicada em Nova Iorque, Beatrice regressa a Londres para tentar perceber o que aconteceu com a sua irmã e é a partir daí que a história se constrói. A narrativa, que não é temporalmente linear, está muito bem conseguida, criando no leitor uma curiosidade que o obriga a não parar de ler para conhecer o passo seguinte. E, depois, tem um daqueles fins em aberto para que possamos escolher em que é que preferimos acreditar...
Gostei muito, foi uma leitura simples e escorreita, sem percalços. Dois dias e já está. O problema é que parece que desde então atingi um ponto em que não consigo ler nada... A ver se a febre regressa (aceitam-se sugestões).

Para Roma, com amor

Na minha última ida ao cinema, e para me inspirar para os eminentes dias em Itália, fui ver o mais recente filme de Woody Allen, "Para Roma, Com amor". Como gosto sempre dos filmes dele, estava relativamente descansada quanto à minha opção para sessão de domingo à tarde... mas estava enganada. Posso dizer, sem a mais pequena sombra de dúvida, que odiei o filme. E se estão a pensar que "ódio" é um sentimento um bocadinho forte para definir a impressão que este filme me deixou, desenganem-se. É mesmo mau. Mesmo. E eu não costumo dizer isto com frequência. A história não tem pés nem cabeça, não tem mesmo ponta por onde se lhe pegue, é um despropósito total. Nem sequer tem piada... E também não faz propriamente jus à magnificência da cidade de Roma, por isso também não funciona particularmente bem como cartão de visita. Resumindo e concluindo, não faço ideia do que se passa com o senhor Woody Allen, se está a ficar um pouco velhote ou se se está mesmo a marimbar para aquilo que faz e só quer ganhar dinheiro. Uma coisa é certa, se é para fazer uma coisa deste género, deixem-no estar na sua casinha e ele que não venha fazer filmes para Portugal...

O Executor - Lars Kepler

Viciada como ando em livros de suspense, não pude deixar de comprar este "O Executor", da mesma dupla sueca de que já falei aqui anteriormente. Tenho que dizer que li o livro um pouco na diagonal, tal era a avidez! Acontece-me muito, mas não gosto muito quando acontece porque acabo por não aproveitar convenientemente a leitura e não apreciar devidamente o livro. Mas pronto.
Logo o início do livro é inquietante, para dizer o mínimo. Tudo um conjunto de acontecimentos que parecem ter algo em comum, sem que se perceba muito bem o quê... Uma mulher encontrada morta num barco, sem que se perceba exactamente o motivo da morte. Um casal que é perseguido numa ilha. Um político enforcado na sua própria casa... Não vai ser linear perceber o que liga todos estes acontecimentos, e o suspense, como não poderia deixar de ser, irá ser mantido bem até ao fim da história. Aliás, acho até que descobrir o mistério não é o principal neste leitura, é quase como se fosse um anti-clímax. O importante mesmo é lá chegar. Com todos os arrepios de espinha que provoca (e a vontade de fechar os olhos e não ver/ler o que vem a seguir).
Para quem gosta do género, é um livro muito bom. E creio que dará uma boa adaptação cinematográfica (é daquele estilo de escrita que se presta a isso).

De partida

O blog seguirá dentro de momentos. Que é como quem diz, uns dias. Por agora, é tempo de viagens. Ciao!!!

Amigos Improváveis

As idas ao cinema têm sido poucas, como provavelmente já se deram conta. Mas a última teve como objectivo ver este "Amigos Improváveis", em cartaz há já alguns meses mas que continua a ter um número de espectadores bastante aceitável...
Descrito como o "filme sensação do ano", e sendo um filme francês, a curiosidade era mais do que muita! Não é muito comum ver estas duas ideias juntas numa só frase (e referindo-se ao mesmo filme, claro está).
A história. Philippe é um homem de meia idade que ficou paraplégico em virtude de um acidente enquanto praticava parapente. Dono de uma situação financeira muito confortável, contrata Driss, um jovem dos bairros sociais, para cuidar de si, diariamente. A amizade que se desenvolve entre os dois é, com certeza, uma relação improvável (daí o título), mas que proporciona todo um conjunto de situações hilariantes e, ao mesmo tempo, tocantes. Aliás, é nestas duas tónicas que o filme assenta. Muito bem filmado, com interpretações muito boas e uma história fora-de-série, principalmente se pensarmos que é baseado em factos verídicos (eles existem mesmo!!!). Recomendo para lá de tudo o que possa aqui verbalizar. Vale muito a pena.

The terrible privacy of Maxwell Sim - Jonathan Coe

Outro presente dos 30 anos, outra leitura de férias. Este, no entanto, já estava há muito na calha da vontade, muito por culpa de um qualquer artigo lido no Ypsilon...
The terrible privacy of Maxwell Sim conta a história (como não poderia deixar de ser) de Maxwell Sim, homem de meia-idade recentemente divorciado e que se vê a braços com o terrível vazio que assola a sua vida, num mundo em que, supostamente, todos vivemos "em companhia".
Ora bem, até aqui, tudo bem. Aliás, foi precisamente esta a premissa que me levou a interessar pelo livro. A "exploração" da solidão nos dias que correm, com tantas redes sociais, grupos e clubes de todo o tipo. Mas a ideia acerta um bocadinho ao lado, na minha opinião, porque não é que Maxwell se veja dessa forma, só no meio da multidão. Não, ele tenta desesperadamente fazer parte dessa mesma multidão. E é aí que eu começo a entrar ligeiramente em rota de colisão com a história.
Não posso dizer que o livro seja mau, apenas "promete" algo que não cumpre. E o final parece realmente estar um pouco fora do contexto, qual anti-clímax... Resumindo e baralhando: não gostei. (sem qualquer prejuízo para a pessoa que, com tão boa vontade, mo ofereceu)

Nunca me deixes - Kazuo Ishiguro

Esta prenda de 30º aniversário veio mesmo a calhar, visto que não tinha propriamente nenhum livro em vista para as férias. Não conhecia o autor e nunca antes tinha lido algo da sua autoria, embora Os Despojos do Dia me fosse um título familiar...

Primeiro, convém dizer que há neste livro um toque de ficção científica, que muito me fez lembrar o estilo de Aldous Huxley em Admirável Mundo Novo. Digamos que é o mesmo grau de ficção, por assim dizer. Nunca me deixes conta a história de Kathy, Ruth e Tommy, três adolescentes que cresceram no colégio interno de Hailsham, algures no meio da província inglesa, educados de forma, no mínimo, especial. Kathy tem agora 31 anos e recorda os tempos que ali passou, fazendo com que  acção alterne entre esses dois períodos temporais. Aos poucos, Kathy vai percebendo o porquê da sua educação estrita, onde o futuro a irá conduzir...
Esta é uma história particularmente comovente, emocionante mesmo. Devo confessar que não estava preparada para o desenrolar da história, mesmo. Embora o início seja difícil e demore até despertar a atenção do leitor, a partir de determinada altura o difícil é parar de ler! Li mais de metade do livro numa tarde de preguiça...
Agora, mal posso esperar para ver o filme que resultou da adaptação cinematográfica desta história.

Uma leitura que recomendo.

Moonrise Kingdom

Antes das férias, houve uma sessão de cinema "obrigatória" para ver o mais recente filme de Wes Anderson, que é um dos meus realizadores favoritos. Moonrise Kingdom conta a história de dois adolescentes (ou deveria dizer pré-adolescentes?...) que resolvem fugir para poderem estar juntos e que, assim, desencadeiam todo um conjunto de peripécias associadas às buscas que são, entretanto, postas em marcha.

Em termos formais, este é um típico filme de Wes Anderson - visualmente muito forte, muito icónico. Nada é deixado ao acaso, ou pelo menos assim parece. Os uniformes dos escuteiros, o colorido da roupa dos anos 1960 (ou por volta dessa época), tudo faz parte do filme e o filme vive disso. Disso e da história comovente dos adolescentes que descobrem o amor (não em sentido literal, amigos!). Sinto-me voltar um pouco aos tempos de "The Royal Tenenbaums", filme de 2001 que vi no início da faculdade (já lá vai tanto tempo...). Foi esse o filme que me fez apaixonar pela estética de Wes Anderson e a sua forma de filmar a disfuncionalidade das emoções do ser humano. Com Moonrise Kingdom temos um regresso em grande a essa temática, depois de os últimos filmes terem sido um pouco diferentes. Conta, igualmente, com alguns dos actores "fetiche" de Anderson, como Bill Murray e Jason Schwartzman, mas também com nomes algo imprevistos, como Edward Norton e Bruce Willis. Mas que se adaptam lindamente ao estilo de Anderson. Uma palavra sobre os desempenhos de Kara Hayward e Jared Gilman, estreantes nestas lides do cinema e que estão impecáveis nos papéis principais.

Gostei muito. Não sei se ainda se encontra em cartaz, mas, se sim, não deixem passar. Faz querer voltar atrás no tempo...

Fim-de-semana de música e história


No último fim-de-semana de Julho fui até ao Alentejo, regressando ao Festival Músicas do Mundo (FMM), em Sines, após 4 anos. A ida ao FMM foi também desculpa para uma estadia no Eco Suites Resort, perto de Santiago do Cacém, um sítio muito bonito e agradável. Assim, para além da música, houve passeio, banhos de sol e (muito!) boa comida.

Na sexta-feira, o palco no Castelo de Sines acolheu (entre outros, mas só vimos estes) Dhafer Youssef, Mari Boine e Zita Swoon Group. O que mais gostei foi Dhafer Youssef, com um jazz quente e envolvente. Devo confessar que fiquei um pouco desiludida com o novo projecto de Stef Kamil Carlens, gosto bem mais dos Zita Swoon sozinhos, do que a mistura que faz com sonoridades mais africanas. Na minha opinião, os dois estilos não se coadunam. Não obstante, adorei voltar a Sines e ao FMM, é um ambiente do qual gosto muito, muito descontraído e menos pseudo-intelectual que outros festivais de música que se vêm pelo país fora.

Para além da música, a parte cultural do fim-de-semana foi complementada por uma visita a Santiago do Cacém e às ruínas de Miróbriga. Santiago é uma vila (acho eu!) bonita, onde se come bem, e as ruínas, situadas a uma curta distância, são muito dignas de uma visita. Descobri que estou a ficar fã de sítios arqueológicos. Se bem que este gosto não seja particularmente recente, acho que sempre gostei, mas agora começo a descobrir um certo fascínio... 

Em conclusão, um fim-de-semana muito bem passado e em bela companhia. E a provar que o nosso pequeno país tem muito para nos mostrar e ensinar.

O regresso

Estamos hoje no penúltimo dia de Agosto. Longe vai o dia em que fui ao concerto de Bon Iver, o que deu origem ao último post deste blog... Chegaram os 30 anos, as férias. Foi um mês recheado, com jantares de amigos, convívios familiares, e até um baptizado. Houve trabalho (porque a tese não pode esperar), mas também tempo para pôr leitura em dia (que mais tarde irei falar por aqui). Banhos de sol, banhos de piscina. Nem rio nem mar, que as águas são muito frias no Norte do país.

Agora, o regresso. A Lisboa, ao bulício, à confusão. Que, para já, não vai sendo muita (para a semana já será diferente, com certeza). Regresso também ao trabalho, ao laboratório. À rotina. A ter no pensamento pouco mais do que a bendita tese (quase, quase...). E o regresso ao meu querido blog. Já tinha saudades...


Pinheiro (Cinfães)

O menino que queria ser estrela de rock 'n' roll

O mês de todos os concertos trouxe consigo a estreia em Portugal de Bon Iver, alter ego de Justin Vernon, que entretanto meteu ao barulho uma boa mão cheia de outros músicos talentosos.
Quem me conhecer um bocadinho sabe que a música de Bon Iver é daquelas que me emociona. Assim, as expectativas de uma boa choradeira durante o concerto eram elevadas! Depois de uma primeira parte um pouco sofrida (ou então era a ansiedade de ouvir Bon Iver), de um calor insuportável dentro do Coliseu dos Recreios (apenas amenizado pela oferta gentil de copos de água del cano, que foram muito bem-vindos!), e de uma espera que parecia não terminar, o concerto lá começou, com uma densidade talvez um pouco inesperada. A complexidade musical foi grande, derivada do uso de um elevado número de instrumentos. E a voz de Vernon... Bem, com o início do concerto fiquei um pouco preocupada que este seguisse a via da musicalidade mais poderosa, mais encorpada, com muitas guitarras (qual mago do rock), e que perdesse a natureza etérea da música de Vernon. Felizmente, estava enganada. Com a chegada de Re: Stacks, Justin ficou sozinho em palco com a sua guitarra e calou o Coliseu (finalmente...), ao mesmo tempo que fui atingida no meu âmago - respiração sustida, para não fazer figuras tristes... Logo de seguida veio Skinny Love, o golpe de misericórdia, para acabar com dúvidas que restassem de que este seria, provavelmente, o melhor concerto do ano. Seguindo a velha máxima, primeiro estranhou-se, para depois se entranhar. Bem fundo, por todos os poros. Para ficar a fazer parte de mim. E já ninguém mo rouba.

O regresso aos festivais de Verão (ou ao concerto de há 10 anos atrás)

nostalgia...

Depois de meses de indecisão, resolvi voltar a um concerto de Radiohead, passados 10 anos sobre esse mítico 27 de Julho de 2002, data do último concerto que deram em Portugal (num Coliseu do Porto à pinha). A decisão foi particularmente difícil dada a minha há já muito anunciada vontade de não mais pôr os pés em festivais de Verão. Mas claro que estes senhores tinham que vir pôr à prova as minhas inabaláveis decisões...
Bilhete arranjado à última hora através de amigos (muitas gracias!!! apesar de inflacção) e lá fui eu rumo ao Passeio Marítimo de Algés, nesse fim de tarde de domingo, acompanhada pela Marta, companheira indispensável num momento como este.
Fico contente em ter ido. Foi um concerto lindo, emocionante, apesar de não ter conseguido vislumbrar o palco que não pelo ecrã gigante. Foi divertido e contagiante, apesar do maralhal de gente à nossa volta. Houve quem não tivesse apreciado o concerto. Talvez tenham achado muito electrónico, com poucas referências ao passado mais longínquo. Mas para uma banda com todos estes anos de carreira (e já lá vão 20 anos desde que Creep foi apresentado ao mundo), e com tudo o que eles têm "arriscado" em termos de sonoridade, seria impossível ficarem sentados à sombra da bananeira a cantar golden oldies. Em vez disso, fizeram um concerto bastante equilibrado, em que predominaram, como seria de esperar, os dois últimos álbuns The King of Limbs e In Rainbows, mas em que passaram por todos os álbuns anteriores, com excepção do primeiro. Gostei particularmente de ouvir Exit Music (for a film) e Lucky, de OK Computer, e Reckoner, de In Rainbows. Mas foi, acima de tudo, um prazer estar na presença de uma banda tão talentosa e que faz, incondicionavelmente, parte da banda sonora da minha vida.

The Hypnotist - Lars Kepler

Finalmente, um livro que não seja da autoria de Jo Nesbo!!! De qualquer forma, mantém-se a temática: thriller policial. (Porque parece ser a única coisa que consigo ler por estes dias...)
Apesar da temática se manter, o estilo de escrita de "Lars Kepler", pseudónimo do casal sueco Alexander e Alexandra Coelho Ahndoril (será portuguesa?) é completamente distinto do de Jo Nesbo. Nem todos os pormenores descritos ao longo da acção têm um papel no desfecho final, por exemplo. O enredo é muito mais negro, com recurso a muito mais violência "visual". Quase como se fosse um filme de terror.
Pessoalmente, gostei muito. Acho que deixa o leitor completamente agarrado à história, a querer saber o que vem a seguir, mais e mais. É um bocado assustador, mas também isso serve para manter o interesse. O livro conta a história de como Erik Maria Bark, médico psiquiatra que no passado empregou o hipnotismo como forma terapêutica, se vê envolvido na investigação de um assassinato macabro. E mais não digo.
Aconselho vivamente a todos aqueles que gostam de este género de literatura, será com certeza uma óptima leitura para estas férias de Verão!

Um sábado à maneira

É preciso desanuviar a cabeça, com tanta leitura e tanta escrita! A tarde de sábado foi um desses momentos, com uma ida familiar a Sintra. O pretexto foi ver a peça de teatro "Estória da Gaivota e do Gato que a ensinou a voar", pelo grupo de teatro Tapa-Furos. A encenação do texto de Luís Sepúlveda, numa vertente mais infantil, estava verdadeiramente deliciosa, com a representação de todas as personagens com recurso a apenas quatro actores. Os maneirismos linguísticos, a linguagem corporal, tudo muito bem conseguido para divertir e emocionar os espectadores, miúdos ou mais graúdos. A história é fantástica, por isso fica a recomendação. E porque estávamos em Sintra e era hora do lanche, seria imperdoável não fazer uma "visita" à Piriquita para comer um maravilhoso travesseiro. Já não me lembrava que eram assim tão bons... Realmente, foi um bom programa para uma tarde bem passada.

A Pesca do Salmão no Iémen

Finalmente, o regresso a uma sala de cinema!!! Não quero exagerar, mas acho que se passaram uns bons dois meses desde a última vez... Algo de muito errado se passa, com certeza.
Ver um filme no Atlântida Cine é uma experiência especial, para quem gosta de cinema. A sala pequena, quase familiar; o ecrã escondido por uma cortina que abre ao sinal das luzes coloridas... A experiência cinematográfica é ainda mais autêntica.
O filme escolhido foi o mais recente do realizador sueco Lasse Hallström, A Pesca do Salmão no Iémen. O enredo é algo rebuscado: um especialista em pescas, tipicamente inglês na sua postura rígida, é contactado por uma advogada para ajudar na realização do sonho de um sheik árabe, de introduzir a pesca de salmão no deserto do Iémen. A ideia, aparentemente disparatada e megalómana, vai mudar a vida dos seus intervenientes. E, através de aventuras e desventuras, vai provar que, na vida, a persecução dos sonhos é o mais importante.
Pronto, ok, é uma comédia romântica, mas bastante engraçada por sinal. Tem piadas inteligentes, paisagens magníficas da Escócia e de Marrocos, protagonistas carismáticos. Funciona bem, mesmo que o final lembre uma qualquer história de Jane Austen (oh Mr Darcy...). Mas suponho que até nem fique mal. E cumpre o seu maior objectivo, que é entreter o espectador durante aqueles momentos mágicos em que a luz se apaga e ficámos só nós e a história que passa no ecrã.

The Devil's Star - Jo Nesbo

E mais um capítulo lido da série Harry Hole de Jo Nesbo! Pronto, talvez se esteja a tornar um bocadinho repetitivo, mas o que é certo é estes livros proporcionam uma leitura refrescante, principalmente em alturas de stress como aquela que estou a viver...
The Devil's Star é o terceiro livro desta "saga", o que quer dizer que estou definitivamente a ler isto da frente para trás. Mas, como vos disse da última vez, até é um ponto de vista interessante, porque talvez dê para me aperceber melhor da evolução na escrita. Desta vez, estamos de volta ao ambiente de serial killer à solta, mas talvez seja mais interessante a história paralela entre Harry e o seu colega Tom Waaler. Dá todo um outro colorido à acção... 
Claro que não me posso alongar em detalhes da história, mas posso acrescentar que é um pouco desconcertante "ver" Harry a lidar com a sua dependência do álcool. E como isso, a pouco e pouco, vai destruindo a sua vida.  Aqui está um ponto a favor de ler os livros na ordem errada!
Mais uma vez, recomendo vivamente a leitura destes livros de Jo Nesbo. Mal posso esperar, eu própria, por ter mais um volume desta história... Mas, para já, vai ter que esperar.

Os anos da (minha) princesa

O tempo passa a correr. Parece que ainda foi ontem que me tornei tia e, afinal, já passaram 3 anos desde essa bela terça-feira de Junho...
Este foi o bolo para assinalar a ocasião, decorado com a Minnie, como não poderia deixar de ser. Obrigada, Juanita, pela obra de arte - ficou lindo e a aniversariante adorou (bem como os crescidos!).

Só posso desejar tudo, mas realmente tudo, de bom à minha sobrinha querida, e que eu a possa ver crescer saudável e feliz. 
Parabéns.

Passeio pela jardim das princesas

Num destes fins-de-semana, a família foi passear até Sintra e um dos seus muitos lugares mágicos para visitar: o Chalet da Condessa d'Edla.
Inserido no parque adjacente ao Palácio da Pena, é um cenário saído de um qualquer livro de princesas. Não há como não sonhar, sair da realidade monótona do dia-a-dia, quando se está num lugar assim.

O Chalet ainda está em "remodelação" (ou deveria antes dizer reconstrução), mas pelo andar das coisas vai ficar lindo. Ainda assim, vale a pena uma visita, quanto mais não seja para conhecer a história deste que foi o refúgio de D. Fernando com a sua segunda mulher, a Condessa d'Edla. Os jardins são lindos e oferecem uma vista única do Palácio da Pena. E o parque, esse... é para uma pessoa se perder.

Antígonas pelo TUT

Lá estou eu a atrasar-me nas actualizações deste blog! Mas, pelo menos desta vez, foi por uma boa razão, porque coisas para fazer não têm faltado (e, consequentemente, a mente tem estado deveras ocupada...). Mas vamos ao que interessa.

O TUT teve nova peça em cena, desta vez uma junção de diferentes "Antígonas", diferentes versões feitas ao longo dos tempos com base no texto de Sófocles. A encenação teve estreia no Teatro da Malaposta, passou depois uma temporada no Teatro do Bairro até "regressar" ao poiso habitual do TUT, o Palácio Burnay. E foi nesta última morada que eu finalmente vi a peça. 
Não sei como funcionou, cenicamente falando, nos outros espaços. Mas duvido que tenha sido melhor do que no átrio do Palácio Burnay, com a sua imponente escadaria e os seus gessos pintados. 
A adaptação desta tragédia grega foi muito bem conseguida, porque, ao juntar diferentes versões, permitiu que todo o vasto elenco que constitui o TUT participasse na peça. As diferentes personagens tiveram vários intérpretes, o que também ajudou a criar o ambiente tão especial que rodeou esta apresentação.

Mais uma vez, muitos parabéns a todos, mas com um ênfase especial para a Ana Rita Pires e a Andreia Pinto, que fizeram duas Isménias muito especiais. Parabéns, meninas! E muito sucesso.

The Redeemer - Jo Nesbo

Mais uma "aventura" de Harry Hole que acabo de ler. Parece que ando a ler ao contrário, porque agora saltei para o 4º volume da série (depois de ter lido o 5º e o 6º).
O estilo mantém-se, se bem que, neste caso, a história é um pouco diferente porque não envolve nenhum serial killer. O que acaba por ser, na minha opinião, mais interessante (em termos de credibilidade de narrativa). 
Acaba por ser engraçado ler os livros fora de ordem. Como vos disse, as histórias são auto-contidas, embora haja sempre pormenores com sentido temporal. Por isso, há desfechos que se antevêem, mas não creio que a leitura perca interesse por isso. O estilo de escrita teve uma evolução ao longo das histórias, pelo que a leitura desencontrada permite ao leitor aperceber-se disso, quando de outra forma seria difícil. 
Os mistérios de Harry Hole são electrizantes como sempre. Para quem gosta do estilo thriller policial, continua a valer muita a pena. E o resto, só lendo. Porque, senão, perde a piada.

Para a minha irmã grande

o bolo dos anos
Uma nota pequenina para deixar um grande beijinho de parabéns à minha irmã, que faz hoje 34 anos.


Que sejas muito feliz.


:)

Exposições em Lisboa










O fim das férias trouxe consigo o regresso à capital e ao ram-ram da vida dita normal. E uma das coisas boas que tem viver na zona de Lisboa é ter acesso à "fervilhante" vida cultural da cidade. Assim sendo, na última semana visitei duas exposições das quais gostei muito.
A primeira, Game On, patente no Museu de Arte Popular, é descrita como "a maior exposição de videojogos do mundo". Não sei se é verdade, mas que é muito divertida, é. É contada a história dos videojogos, desde os seus primórdios, mostrando a sua evolução ao longo dos tempos e as diferentes modalidades existentes hoje em dia. Mas o que é mais interessante é que a exposição tem uma forte componente interactiva e, portanto, é possível experimentar praticamente qualquer jogo em exibição! Foi um verdadeiro regresso ao passado poder jogar Space Invaders, Pacman ou Doom. E esse é o trunfo desta exposição, que tem tudo para cativar miúdos mas, especialmente, graúdos saudosistas.
A segunda exposição foi a (já) habitual World Press Photo (que falhei no ano passado), em exibição no belo Museu da Electricidade. Gosto muito de ver os destaques fotográficos do ano, que desta vez têm muito a ver com a denominada "Primavera Árabe". Mas a parte que normalmente prefiro é aquela que se refere a histórias do quotidiano (não sei bem como se chama a categoria), porque aí sim se vê a capacidade do artista (fotógrafo) enquanto contador de histórias através da sua lente.


Duas boas razões para sair de casa. Game On estará patente até 15 de Julho, enquanto a World Press Photo fica apenas até dia 20 de Maio.
Aproveitem.

Duas semanas na ilha

Metade do mês de Abril foi passado fora de portas. Primeiro, uma semana de trabalho. Mas depois, houve direito a férias e muito passeio!!! A Sardenha é uma ilha muito bonita e interessante, há de tudo um pouco: mar azul (a rodos), comida fantástica (como dá para comprovar pelas fotografias), cidades encantadoras, pessoas simpáticas, natureza especial. Foi uma bela semana a passear pela ilha, ao volante de um Fiat 500, quais Bond girls, cheias de estilo!

Fica uma pequena amostra, através desta visão fotográfica.















                                             



Bosa multicolor e a nossa machina





The Snowman + The Leopard - Jo Nesbo























Já se passou bastante tempo desde que "entrei" na leitura dos livros do norueguês Jo Nesbo sobre as desventuras do detective Harry Hole. Aliás, já li dois volumes e encontro-me neste momento a ler o terceiro! Mas falta de oportunidade fez com que ainda não tivesse escrito sobre eles aqui.
Comecei por ler The Snowman, o quinto volume da série. Embora haja algumas referências a acontecimentos passados, os livros são bastante auto-contidos, pelo que é possível ler qualquer um deles de forma independente. Assim, comecei por aquele que me foi oferecido, e que também é o mais famoso (segundo me disseram). De seguida, encomendei mais dois volumes pela Amazon e li o sexto livro, The Leopard! Em ambos os casos (como, provavelmente, em toda a série), Harry Hole vê-se a braços com múltiplos assassínios, perpetrados por um mesmo assassino... Estamos a falar de thrillers onde o suspense é, nitidamente, rei! Os livros estão muito bem escritos (embora, à terceira, já se consiga perceber um certo modus operandi), o mistério é mantido até bem perto do fim (normalmente) e estes livros são, portanto, uma verdadeira maravilha para quem gosta do estilo mistério policial. Eu, pessoalmente, adoro.
As comparações a Stieg Larsson somam-se. Não acho que os estilos sejam muito semelhantes, para dizer a verdade. Nesbo tem uma forma característica de incluir referências culturais, musicais e não só, o que torna a sua contextualização bastante diferente da de Larsson. E, pelo menos nesta série, temos nitidamente um (anti-)herói, alguém que carrega nas costas todo o peso destas histórias. Por isso, acho que o paralelismo com Larsson se esgota na categoria literária em que ambos se incluem, e no facto de serem ambos autores escandinavos. Não que um seja melhor do que o outro. Gosto muito de ambos. Mas este (Nesbo), pelo menos, ainda está vivo e disponível para continuar a dar-nos (boas) aventuras do lobo solitário Harry Hole.

Tabu


Isto de ficar uma quase eternidade sem escrever neste blog tem muito que se lhe diga. Entre falta de tempo, falta de vontade, e duas semanas fora, o resultado foi este!
Antes de ir de férias (e antes mesmo da Páscoa), fui ver este "Tabu" com a Raquel, de passagem pelo nosso Portugal. Dia de estreia, imagine-se lá!!! :)
Claro que havia expectativas, boas e más. Por um lado boas, por todo o reconhecimento internacional que o filme de Miguel Gomes teve, nomeadamente no Festival de Berlim. E más porque sou um bocadinho desconfiada em relação a todo o cinema português (e sim, sei que é muito triste e preconceituoso da minha parte afirmar uma coisa destas - estou a tentar mudar a minha opinião). Mas é com filmes como este que a minha opinião vai começando a mudar.
Ao início, desconfiei. Uma espécie de introdução meia teatral deixou-me pouco à vontade. Mas, entretanto, o filme começa a desenvolver-se. Duas partes, uma num qualquer presente próximo, a segunda num passado longínquo em África. No sopé do monte Tabu. Na primeira parte, temos um filme "normal", com personagens e diálogos, na segunda parte apenas temos narrador e ruídos de fundo. 
Nem sequer me tinha apercebido deste facto, no início. E não, não é de todo estranho. Porque a perspectiva que o realizador (permito-me pensar assim) quer dar é de uma certa distância emocional em relação ao que aconteceu nesse passado - como se fosse um recalcamento.
A memória já não me deixa falar de muitos pormenores. Mas gostei muito do filme, tanto em termos estéticos como em termos de história e a forma como é contada. Gosto das imagens a preto-e-branco, tão saturadas que quase transpiram para fora da tela. E gosto da história de amor.

Há bom cinema português por aí. Só é preciso não ter preconceitos.

Quinto Império apresenta "A Mente Agita a Matéria"


Na passada sexta-feira, dia 30 de Março, fui assistir ao concerto-encenado "A mente agita a matéria", com música pelo Quinto Império, quinteto de metais, e encenação de Andreia Pinto, com a ajuda da Ana Rita Pires. Com base na poesia d"A Mensagem", de Fernando Pessoa, e através da música de compositores variados, assistimos a um belo espectáculo. Gostei muito da música, do ambiente, da sala de espectáculos (belíssimo Palácio Burnay!) e, principalmente, de ver aquelas duas miúdas tão desenvoltas neste "novo" papel de organização e encenação.

Passei um serão muito agradável, com companhias simpáticas. Agora é esperar pela próxima aventura.

Parabéns, meninas!!!

Doces de fim-de-semana

Mais uma vez, fui buscar inspiração ao blog Mão na Massa para cozinhar a sobremesa para este sábado.
Desta vez, escolhi estes muffins de chocolate e laranja, que é uma combinação que eu adoro.

Apesar de não ter todo o material que precisaria para fazer isto bem feito (o que resultou em massa a verter para fora das formas...), os muffins ficaram muito bons (modéstia à parte), fazendo as delícias da família que voltou a casa depois de uma semana de férias. Que me deixaram cheia de saudades...

Para repetir, sem dúvida, até porque não vão durar muito. :)

Passeio no Porto em família

No passado sábado, houve dia de passeio no Porto para a família Resende. Já há muito tempo que tal não acontecia, e realmente é pena, porque são oportunidades maravilhosas de fazer o que mais gosto: (1) passear, (2) estar com a família, (3) tirar fotografias.

O passeio começou no Palácio de Cristal e prolongou-se pela freguesia de Massarelos, com uma descida até à beira-rio para almoçar, e consequente subida até ao Campo Alegre onde visitei, pela primeira vez (apesar de ter trabalhado na zona durante mais de um ano!) o Jardim Botânico do Porto.

Pelo meio, muitas flores, para todos os gostos, ou não estivéssemos nós na Primavera. Eu, como o sangue que me corre nas veias tem, com certeza, alguma coisa em comum com o do Avô Dino, gosto de fotografar flores. No chão, nas paredes, caídas ou a trepar por um muro. E, neste passeio, fiz o gosto ao dedo, como se costuma dizer. "Modelos" não faltaram e, apesar de o sol não se ter mostrado muito amigo, a chuva não apareceu, proporcionando-nos um belo dia de passeio.

Agora, é marcar o próximo.

Vergonha

A vontade para escrever neste blog tem sido menos que pouca. Ando "desinspirada". Desinteressada.

Finalmente vi, há uns dias, o dito "filme do ano", segundo no currículo de Steve McQueen, polémico realizador britânico. Não, não vi o primeiro, "Fome" de seu nome. Por isso não estava familiarizada com o estilo do realizador, nem sabia muito bem o que esperar. Mas antes assim.
Não sei muito bem como falar sobre este filme. Como o próprio nome do filme sugere, vergonha é o sentimento que o domina. Vergonha pela vida que Brandon, personagem-mais-do-que-principal do filme (brilhantemente interpretada por Michael Fassbender), vive. Brandon é um predador sexual, vive imerso num mundo onde não existem pessoas nem sentimentos, mas apenas corpos e volúpia. No mundo real, Brandon é um tipo quase tímido, que rejeita qualquer contacto emocional mais íntimo, desajeitado. É assustador pensar que alguém é capaz de viver uma vida assim (e estou certa que os haverá entre as pessoas que me rodeiam). A vertigem é tal que chega a ser nauseante... Mesmo, ao contrário do que estava à espera (afinal sempre tinha expectativas), não havendo sexo explícito. Muito pouco é mostrado, mas não é preciso, porque o filme é de tal forma denso que não precisa de recorrer a isso.
Fiquei realmente repugnada. Acho que essa é a melhor palavra para descrever o que senti. O filme é muito, muito bom, está filmado de forma fantástica (há uma anonimidade latente que funciona muito bem na ideia geral), Fassbender é soberbo. Aliás, posso até dizer que é um actor que achava muito interessante (fisicamente). E digo "achava", porque depois de ver este filme, e enquanto me lembrar, não vou conseguir desligar da repugnância que me suscitou. Chega a ficar fisicamente feio, velho, deformado. Como se o exterior quisesse espelhar o que tem por dentro... É um filme fantástico, mas não um filme de que se goste (e a arte nem sempre se rege por esses princípios).

No fim, só espero que haja esperança, e que seja essa a mensagem final. Que o mundo em que vivemos não seja um mundo de cínicos.

Uma Doce Mentira

Duas idas ao cinema na mesma semana é algo muito raro hoje em dia. Mas esta semana aconteceu. Desta vez, as três primas foram ver (mais) um filme francês, mas agora uma comédia romântica com Audrey Tautou, bem ao estilo francês.
Então: Emilie, a personagem interpretado por Tautou, é uma "solteirona" dona de um cabeleireiro no sul de França. Um dia, recebe um bela carta de amor anónima, mas que não lhe desperta o interesse. No entanto, resolve reenviá-la à mãe, que ainda não recuperou do facto de ter sido abandonada pelo marido, o seu pai... Aqui começa um conjunto de mal-entendidos muito divertidos e caricatos.
História simples, fórmula ganhadora. Mas os pormenores fazem a diferença. Como, por exemplo, o facto de o filme ser rodado em Sète, cidade costeira no sul da França que eu visitei várias vezes enquanto vivi por esses lados... Lindo.

Declaração de Guerra

De volta às sessões de cinema. Domingo à noite trouxe consigo este filme francês da autoria de Valérie Donzelli, a mesma de "La Reine des Pommes". Vem novamente acompanhada do "seu" Jérémie Elkaïm, para ambos protagonizarem uma história comovente: como toda vida se altera quando descobrem que o filho de ambos, com apenas 18 meses, tem um tumor cerebral extremamente agressivo. A história é tão mais comovente sabendo que é baseada na experiência pessoal dos protagonistas (enquanto casal na vida real), que têm realmente um filho que passou pela doença.
Tinha curiosidade em perceber como essa história dramática seria contada, onde é que a tónica seria colocada. Mas a verdade é que, talvez por ser uma história tão próxima dos actores que a protagozinam, acaba por ser contada com aquilo que me parece ser grande superficialidade. Talvez o objectivo seja desdramatizar, mas não foi bem isso que senti. Foi quase como se, nos momentos mais difíceis, eles não conseguissem ser convincentes porque, no fundo, sabiam que a história iria acabar bem. Não sei...
A verdade é que acabei por não gostar muito. Quer dizer, não é que não tenha gostado. Mas não gostei muito. Ficou um bocado aquém das minhas expectativas.