Do sol, do mar e das pequenas coisas da vida


E, de repente, ir a Portugal de férias passou a estar na categoria das viagens... É a sina do emigrante.

Já lá vai um mês mas, como provavelmente já deram conta, não tenho andado muito faladora nem inspirada, e este blogue tem sofrido as consequências.
Ir a casa é sempre um prazer agridoce. Passa num instante, o tempo nunca é suficiente para todas as coisas que quero fazer, ver as pessoas amigas com quem passo cada vez menos tempo... Acaba por ser um pouco frustrante. Desta vez, no entanto, o objectivo primordial era fazer um pouco de praia (é preciso sintetizar vitamina D, principalmente quando se vive num país com pouco sol) e estar com a família. E embora tenha sido um ápice, foi precisamente isso que fiz e soube-me muito bem. Tinha realmente saudades da praia e do mar, da calma das férias em Odeceixe. Estar com os meus pequenotes é a cereja no topo do bolo, principalmente nesta altura em que tudo acontece tão depressa e cada vez que os vejo parece que cresceram 10cm! Ser tia à distância não é fácil e, acima de tudo, não quero ser uma tia distante. Por eles, que são a coisa mais importante do meu excessivamente-complicado-e-caótico mundo.

Dentro do Segredo - José Luís Peixoto

Veio pelo correio, prenda de aniversário antes de tempo. Mas eu portei-me bem e só abri no dia. Este "Dentro do Segredo" de José Luís Peixoto é o relato que o escritor fez da sua viagem à Coreia do Norte, em 2012, e foi-me oferecido pela minha cousinette querida.
Vinha recomendado, por isso interesse redobrado. E não, não me desiludiu. Nunca anteriormente tinha lido aquilo que se apelida de literatura de viagens. Por isso, não conheço os estilos (se é que os há). Mas gostei particularmente deste, porque é muito simples e real. Quase como que um diário de viagem, que inclui não só as descrições das ditas cujas, mas também as expectativas e opiniões do autor. Tratando-se da Coreia do Norte, foi tudo uma grande novidade. Assim, cumpriu-se também algo que gosto nestas coisas de ler, que é aprender (ou aumentar o meu conhecimento sobre um assunto em particular). Fiquei frequentemente impressionada pelos relatos. Aliás, por muitas vezes me esqueci que o que lia não era ficção, mas realidade - uma realidade longínqua, mas que nem por isso é menos real. É assombroso aperceber-me que hoje em dia, nos tempos da globalização e do big brother que tudo sabe e tudo vê, existem sociedades completamente alienadas, como que paradas num tempo que já passou.
Gostei muito. Gostei de aprender. Gostei de abrir os meus horizontes em relação a algo que não conhecia e sobre o qual nunca verdadeiramente me interessei. Gostei da perspectivação que me permitiu. Obrigada, minha prima, pelo presente.