O menino que queria ser estrela de rock 'n' roll

O mês de todos os concertos trouxe consigo a estreia em Portugal de Bon Iver, alter ego de Justin Vernon, que entretanto meteu ao barulho uma boa mão cheia de outros músicos talentosos.
Quem me conhecer um bocadinho sabe que a música de Bon Iver é daquelas que me emociona. Assim, as expectativas de uma boa choradeira durante o concerto eram elevadas! Depois de uma primeira parte um pouco sofrida (ou então era a ansiedade de ouvir Bon Iver), de um calor insuportável dentro do Coliseu dos Recreios (apenas amenizado pela oferta gentil de copos de água del cano, que foram muito bem-vindos!), e de uma espera que parecia não terminar, o concerto lá começou, com uma densidade talvez um pouco inesperada. A complexidade musical foi grande, derivada do uso de um elevado número de instrumentos. E a voz de Vernon... Bem, com o início do concerto fiquei um pouco preocupada que este seguisse a via da musicalidade mais poderosa, mais encorpada, com muitas guitarras (qual mago do rock), e que perdesse a natureza etérea da música de Vernon. Felizmente, estava enganada. Com a chegada de Re: Stacks, Justin ficou sozinho em palco com a sua guitarra e calou o Coliseu (finalmente...), ao mesmo tempo que fui atingida no meu âmago - respiração sustida, para não fazer figuras tristes... Logo de seguida veio Skinny Love, o golpe de misericórdia, para acabar com dúvidas que restassem de que este seria, provavelmente, o melhor concerto do ano. Seguindo a velha máxima, primeiro estranhou-se, para depois se entranhar. Bem fundo, por todos os poros. Para ficar a fazer parte de mim. E já ninguém mo rouba.

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