Há já algum tempo que não deixava aqui um pedaço de mim. Que é como quem diz, uma amostra da minha escrita.
Desta vez, em vez de poesia, fica a primeira parte de um conto que comecei a escrever há mais de um ano. Tem estado um bocado parado, desde então...
Resolvi colocá-lo aqui porque gostaria mesmo de ter a vossa ajuda. Não sei bem como continuar a história, por isso conto com a vossa criatividade para fazê-lo. Fico à espera de sugestões!
"Alberto era um gato gingão. Grande olho azul, cheio de bons modos, passeava o seu corpo alongado manchado de listas cinzentas como se fosse o dono do pedaço. Talvez o fosse, tudo depende de que pedaço estamos a falar! Mas, para Alberto, estas considerações filosóficas eram pura perda de tempo. O realmente importante era a sua extraordinária superioridade em relação aos demais felídeos.
Durante a semana era fácil. A ausência de rivais tornava a sua rotina um tanto ou quanto indolente. Os seus dias eram passados na procura incessante do melhor lugar ao sol, tarefa que o fazia andar às voltas pela casa, de divisão em divisão, enquanto as sombras se moviam, como que a convidá-lo para uma dança. Assim se passavam os seus dias, uma longa colecção de horas, até que, de repente, a caixinha azul anunciava a tão desejada viagem, rumo à casa da família! Assim, sim, tinha tempo e espaço para se passear pelos jardins, dedicar-se às aparentemente inofensivas brincadeiras com os outros gatos. Pela mãe, Nariz, era sempre bem recebido. Já os outros… A primeira reacção era sempre de desconfiança! Mas Alberto não se importava. Ele conhecia a sua superioridade e fazia questão de a demonstrar perante os outros. Principalmente ao seus tios, Miró e Branquinha, que tinham a mania que mandavam lá em casa! Parecia impossível, não lhe davam a mínima hipótese de se baladar pela casa, de forma a mostrar a todos o seu invejável charme. Que chatice! Ultimamente era assim: a família, que sempre o havia recebido com todos os mimos, agora virava-lhe as costas ou, então, pior ainda, arreganhavam-lhe os dentes, por entre tabefes nada amistosos. Que se passaria naquelas cabeças?...
Bem, mas nada disto incomodava demasiadamente Alberto. Conhecedor e reconhecedor das suas superioridades, assim seguia, ultrapassando os percalços destas desavenças familiares.
Nos longos e entediantes dias que passava sozinho naquele apartamento luminoso, Alberto tinha uma única coisa que lhe oferecia alento: as suas deliciosas flores. Os vasos, colocados estrategicamente em locais de difícil acesso, preenchiam os seus dias de complicados estratagemas – como chegar até eles? Desde que se tinham apercebido da sua paixão desmesurada por tais delicados seres, os vasos iam mudando de lugar. Como ultrapassar portas fechadas?... Questão complicada, esta. Sendo um gato cheio de recursos e ardis, ainda não tinha encontrado forma de contornar este problema e isso deixava-o deveras apoquentado. O facto é que não podia viver sem as suas flores. Os seus amores-perfeitos… hum, que sonho! De tão belas, só lhe apetecia comê-las. Devorá-las lentamente e sentir o seu sabor doce, delicado…Logo, interrompido, claro está, pela intervenção da dona! Chiça, que ninguém o deixava em paz! Pobre Alberto, que sina a sua. Ah, mas havia também as outras, aquelas que foram passeando pela casa (e, com elas, passeava Alberto), mudando de poiso de tempos a tempos. Belos tempos, aqueles em que estiveram plantadas no parapeito da janela! Mesmo ali, no lugar favorito de Alberto, onde o luminoso sol brilhava logo pela manhã. E onde ele se deixava ficar pelo dia a fora, dormitando…"
Durante a semana era fácil. A ausência de rivais tornava a sua rotina um tanto ou quanto indolente. Os seus dias eram passados na procura incessante do melhor lugar ao sol, tarefa que o fazia andar às voltas pela casa, de divisão em divisão, enquanto as sombras se moviam, como que a convidá-lo para uma dança. Assim se passavam os seus dias, uma longa colecção de horas, até que, de repente, a caixinha azul anunciava a tão desejada viagem, rumo à casa da família! Assim, sim, tinha tempo e espaço para se passear pelos jardins, dedicar-se às aparentemente inofensivas brincadeiras com os outros gatos. Pela mãe, Nariz, era sempre bem recebido. Já os outros… A primeira reacção era sempre de desconfiança! Mas Alberto não se importava. Ele conhecia a sua superioridade e fazia questão de a demonstrar perante os outros. Principalmente ao seus tios, Miró e Branquinha, que tinham a mania que mandavam lá em casa! Parecia impossível, não lhe davam a mínima hipótese de se baladar pela casa, de forma a mostrar a todos o seu invejável charme. Que chatice! Ultimamente era assim: a família, que sempre o havia recebido com todos os mimos, agora virava-lhe as costas ou, então, pior ainda, arreganhavam-lhe os dentes, por entre tabefes nada amistosos. Que se passaria naquelas cabeças?...
Bem, mas nada disto incomodava demasiadamente Alberto. Conhecedor e reconhecedor das suas superioridades, assim seguia, ultrapassando os percalços destas desavenças familiares.
Nos longos e entediantes dias que passava sozinho naquele apartamento luminoso, Alberto tinha uma única coisa que lhe oferecia alento: as suas deliciosas flores. Os vasos, colocados estrategicamente em locais de difícil acesso, preenchiam os seus dias de complicados estratagemas – como chegar até eles? Desde que se tinham apercebido da sua paixão desmesurada por tais delicados seres, os vasos iam mudando de lugar. Como ultrapassar portas fechadas?... Questão complicada, esta. Sendo um gato cheio de recursos e ardis, ainda não tinha encontrado forma de contornar este problema e isso deixava-o deveras apoquentado. O facto é que não podia viver sem as suas flores. Os seus amores-perfeitos… hum, que sonho! De tão belas, só lhe apetecia comê-las. Devorá-las lentamente e sentir o seu sabor doce, delicado…Logo, interrompido, claro está, pela intervenção da dona! Chiça, que ninguém o deixava em paz! Pobre Alberto, que sina a sua. Ah, mas havia também as outras, aquelas que foram passeando pela casa (e, com elas, passeava Alberto), mudando de poiso de tempos a tempos. Belos tempos, aqueles em que estiveram plantadas no parapeito da janela! Mesmo ali, no lugar favorito de Alberto, onde o luminoso sol brilhava logo pela manhã. E onde ele se deixava ficar pelo dia a fora, dormitando…"
1 comentário:
Gostei! E agora só me apetece ler o resto das aventuras do Alberto! Espero que retomes o conto em breve. Beijinhos. carol.
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