Fim-de-semana de concertos

O passado fim-de-semana foi um fim-de-semana de concertos. Para matar saudades e repôr energias. Para lembrar que a vida, de vez em quando, pode ser mais do que trabalho.
No sábado, fomos ver J.P. Simões ao Cabaret Maxime. Um dois-em-um, portanto. Por um lado, o prazer que é poder ouvir um dos autores portugueses mais interessantes e, por outro lado, ir ao Maxime, essa lenda da noite lisboeta, de decoração sublimamente kitsch, com todos os brilhinhos e sofás de veludo vermelho... O concerto, esse, era suposto começar às 23h30, mas só se ouviu o rapaz já passava da meia-noite. Muita conversa, como é costume, muito cigarro e vinho tinto. Temos boémio, portanto. O concerto foi seguindo, lento, a acústica não era a melhor, e estar de pé com visibilidade reduzida foi cansando. Houve intervalo "para mudar a água às azeitonas", tendo a segunda parte do concerto trazido repetições, talvez pelo adiantado da hora... Entretanto, sempre nos conseguimos sentar para ver o resto do concerto. Mas o senhor J.P. foi um bocadinho chato, é preciso que se diga. Talvez por ser a despedida do amigo de longa data, Sérgio Costa... não sei.

No domingo, mudámos de cenário e fomos até ao Campo Pequeno (uma estreia) para ver a segundo dia de concertos em Lisboa dos Massive Attack. Para o R. uma primeira vez, para mim o quarto concerto dos miúdos de Bristol. Confesso que a vontade para mais um concerto não era imensa, mas ainda bem que decidimos ir, porque foi muito bom. A primeira parte foi assinada por Martina Topley Bird, de quem não conheço muito, mas gosto do pouco que conheço - e que bem que esteve ao vivo. Fiquei surpreendida pelo aspecto dela, não estava nada à espera de uma diva loura em vestido comprido e saltos altos a cantar música tão rockeira.
Martina voltou para cantar com os rapazes, que trouxeram igualmente o habitué Horace Andy, esse personagem delicioso. A primeira parte do concerto foi dedicada a músicas do novo álbum (ainda sem data de lançamento), que me pareceram bastante bem, com ritmo e força a fazer lembrar tempos antigos. Depois, começaram a desfilar os temas emblemáticos que marcaram os anos 90 (ou deveria dizer 1990...) e toda uma geração - incluindo a minha adolescência, marcada por esse concerto no Sudoeste de 1999.
O espectáculo visual de um concerto de Massive Attack é um espanto. Entre as mensagens, em Português, e as luzes a encadear o público ao ritmo da música, o concerto foi crescendo em intensidade - a lembrar-me porque é que sempre gostei tanto dos Massive Attack. E que saudades tinha de os ouvir.

Fica algo em comum dos dois concertos: uma citação de Henry David Thoreau. Referida por J.P. Simões no sábado, e passado no ecrã do concerto dos Massive Attack no domingo.
"Com um governo que prende alguém injustamente, o lugar do homem justo é na prisão. A prisão é, num estado esclavagista, o único lugar onde um homem livre pode viver com honra."

Caramulo

Há duas semanas atrás, num fim-de-semana passado em Viseu, fomos passear até à Serra do Caramulo. O tempo não estava completamente simpático, mas deu, de qualquer forma, para ficar deslumbrada pela paisagem agreste. A vila do Caramulo tem aquele charme das terras de termas e afins (neste caso, um sanatório), mais ainda acentuado pelo nevoeiro... Subimos ao Caramulinho, ponto mais alto da serra, o que exigiu alguma coragem, porque estava bem fresquinho!
Ficam, então, umas fotografias ilustrativas da beleza do local.







fotografias por Rita Barbosa

As Loucuras de Brooklyn - Paul Auster



"Tendo como pano de fundo as polémicas eleições americanas de 2000, este romance conta-nos a história de Nathan e do seu sobrinho Tom. Ainda que de formas diferentes, são ambos solitários, atormentados... e vizinhos. Tendo acabado a viver no mesmo subúrbio de Brooklyn, juntos vão inesperadamente descobrir uma comunidade que pulsa de vida e lhes oferece uma imprevisível possibilidade de redenção. Sob a égide de Walt Whitman, desfila neste livro toda a dimensão e multiplicidade de Brooklyn: os personagens típicos de bairro, drag queens, intelectuais frustrados, empregadas de café decadentes, a burguesia urbana, tudo isto sob o olhar ternurento que Auster lança da mítica ponte de Brooklyn." (sinopse do livro)

Já lá vai algum tempo desde que li um livro do Paul Auster, um autor que muito aprecio. Este foi-me oferecido pela minha Mãezinha pelos meus 27 anos, mas só agora chegou a sua vez, porque a lista de espera vai longa e lenta...
Pela sinopse, já têm uma ideia da história do livro. A escrita, essa, é a que Auster nos habituou: fluida, coloquial, com o narrador a confundir-se com o autor, o que faz com que, na minha cabeça, todos os livros dele sejam um só!
Ao início, custou-me um bocadinho a arrancar com a leitura, quando Nathan se instala em Brooklyn e a história se começa a desenrolar. Mas quando Tom entra em cena, com os seus desaires pessoais, há toda uma dinâmica que se cria e que acaba por prender o leitor. E, talvez por causa disso, acabei o livro a ler umas 80 páginas de enfiada, numa noite em o que o sono teimava em não aparecer.
Muito bom. Até me deixou com vontade de conhecer Nova Iorque. O que, por si só, já é dizer bastante.

Fica, como amostra, uma frase que me tocou particularmente:

"Todas estas coisas me inundam a cabeça e fazem-me lembrar que é impossível fugir à infelicidade que assola o mundo."

Serra da Arrábida

Por motivos profissionais, tive oportunidade de passar dois dias no Convento da Arrábida, um lugar perdido no meio da serra com o mesmo nome, onde o tempo parece não ter tempo e o pensamento teima em divagar. Muito bonito. Pena o contexto não ter sido o mais apropriado, mas fica a vontade de voltar e ter uma verdadeira visita guiada com o sr. Quirino, guardião do Convento, onde vive sozinho. Um aventureiro.
Fica a informação: é possível marcar visitas, de quinta-feira a domingo, às 15h. É só ligar e marcar. Para mais informações.

Ficam algumas fotografias para abrir o apetite ao passeio.











fotografias por Rita Barbosa

Marialva

O passado fim-de-semana foi de (algum) passeio por terras da Beira Alta. Terras muito bonitas, por sinal, e que quero conhecer melhor e com mais calma.
Para vos aguçar o apetite, aqui ficam algumas fotografias de Marialva, vila histórica onde passámos a noite, num turismo rural chamado Casa das Freiras. Só vos digo que o pequeno-almoço é maravilhoso.
Ficou a vontade de voltar.












fotografias por Rita Barbosa