Walden ou a vida nos bosques - Henry David Thoreau



Após alguns meses na companhia deste livro, chegou ao fim a sua leitura. Da grande curiosidade inicial, ficaram uns belos momentos de reflexão sobre a vida e a sociedade. Publicado pela primeira vez em 1854, mantém um actualidade ao mesmo tempo vibrante e desconcertante. Este livro resulta da experiência do autor nos dois anos que viveu numa cabana ao largo do lago Walden, durante os quais viveu única e exclusivamente daquilo que a Natureza que providenciava.
Ficam aqui alguns excertos, pensamentos e reflexões que, espero, vos despertem o interesse para tão notável obra.


Que tipo de espaço é o que separa um homem dos seus semelhantes e o torna solitário? Descobri que nenhum movimento das pernas pode aproximar muito uma mente da outra.

Nunca encontrei companhia que fosse tão companheira como a solidão. Na maioria das vezes somos mais solitários quando circulamos entre os homens do que quando permanecemos no nosso quarto.

Se construístes castelos no ar, não terá sido em vão esse vosso trabalho; porque eles estão onde deviam estar. Agora, por baixo, colocai os alicerces.

Se um homem não acerta o passo com os seus companheiros é porque talvez ouça um tambor diferente.

Um Homem Singular



Domingo foi dia de mais cinema. Não há fome que não dê em fartura, já diz o ditado. Por vezes, tem razão. Finalmente, houve tempo para ir ver este "Um homem singular", o filme que revelou ao mundo Tom Ford como realizador de cinema.
Este filme não é um filme. É uma obra de arte. Um objecto de admiração. Não há um só pormenor deixado ao acaso, desde as filmagens (com diferentes gradientes de cor), aos cenários, ao guarda-roupa... Tudo belíssimo.
Colin Firth, então, está fenomenal no papel de George, um homem de meia-idade que, de um momento para o outro, vê a sua vida virada do avesso, pelo "simples" facto de o seu companheiro de 16 anos, Jim, morrer num acidente de automóvel. Como diz a personagem: "For the first time in my life, I can't see my future. (...) but today I have decided will be different."
E é este dia que nos é dado a seguir. Com um nó na garganta, à espera do desfecho. Intercalado com imagens do passado, recordações dolorosas...

Em termos de história, o filme não é brilhante. Não tem nada de especial. Mas a forma como é contada, como as situações são construídas... É de pura beleza.

O que mais me irritou, porém, é a forma como um filme como este nos faz acreditar em todas essas coisas: amor irredutível, beleza, sensibilidade. Onde está tudo isso? Apenas quando preso a uma tela de ecrã, porque na vida real... Ilusões, é o que é. Por isso, acabei por sair deprimida do cinema! Mas, ao menos, que seja por uma boa razão.

À espera de um futuro...

Uma Outra Educação, ou, mais concretamente, Um Homem Sério



Sexta-feira foi um dia complexo. Começou bem e depois foi andando por aí abaixo... Uma das situações mais caricatas aconteceu na ida ao cinema com a prima Carol. Confusões com o estacionamento, mas lá comprei os bilhetes e fiquei à espera que a Carol chegasse. Entrámos para o cinema (El Corte Inglès) e lá fomos nós em direcção à sala 2. Sentámo-nos e quase imediatamente começou o filme.
Dois camponeses a falar yiddish, ou algo do género, um homem que está morto mas não está morto... "Estranho, este filme não parece nada o que vínhamos ver..." 5 minutos passam, e a situação continua. "Ah! Não é mesmo o filme que queríamos ver (Uma Outra Educação), mas sim o último filme dos irmãos Coen!!! Ok, vamos ficar e vê-lo, já que aqui estamos."
E assim foi. Larry Gopnik é judeu (como todas as personagens do filme, bem como toda a temática do filme), um homem que apenas quer ser "um homem sério". Professor universitário de Física, tem um método único altamente incompreendido pelos seus alunos. E todos os seus problemas começam quando um dos seus alunos, indignado com o chumbo à cadeira, tenta todos os métodos para o convencer a passá-lo. Logo depois, a sua mulher quer o divórcio, para casar com um dos seus amigos - e o homem acaba por morrer, tendo que Larry ainda pagar o funeral! Enfim, todo um conjunto de absurdos se desenrolam, e culminam num desfecho... aberto. Aberto às considerações de cada espectador.
Quanto à minha opinião, não sei o que diga. Às vezes, acho que não tenho sentido de humor para acompanhar estes dois irmãos realizadores. É que passei 3/4 do filme completamente irritada com todas as personagens! É que não faz bem ao espírito!
Mas não deixa de ser um filme interessante, com uma perspectiva de vida diferente. É quase como que o comodismo-mor: aceitar sempre a vida tal como ela é. Quem é que consegue?



Ah, claro que não estávamos na sala 2, mas sim na 3...

Num dia igual aos outros



"Dois irmãos, separados abruptamente na adolescência, reencontram-se após 15 anos e descobrem a verdade sobre o seu passado. No espaço fechado de uma divisão, entregam-se a uma viagem sobre as suas vidas, onde recordam uma história negra sobre o misterioso desaparecimento do pai. John Kolvenbach assina este drama psicológico onde se traça o retrato de uma família disfuncional à procura da redenção."

Com encenação de Marco Martins, o realizador de "Alice", esta peça conta com a interpretação de Gonçalo Waddington e Nuno Lopes, e está em cena na Sala Estúdio do Teatro Nacional D. Maria II. Foi a minha primeira visita a este Teatro, e gostei muito do pouco que pude ver da arquitectura do espaço. A Sala Estúdio, essa, é bem pequenina, com lugar para cerca de 70 pessoas. Tão pequena que não quis ficar na primeira fila, que está basicamente dentro do cenário!
Acho que posso dizer que esta não é uma peça qualquer, porque a actuação está muito mais próxima do coloquial, ou do cinematográfico (se preferirem), do que propriamente do que estamos habituados a ver no teatro. E ao longo de cerca de uma hora e meia, vamos assistindo ao diálogo destes dois irmãos, gastos pela vida.
Gostei muito. Já há muito tempo que não ia ao teatro (como podem perceber pelo que escrevo por cá), e acho que até posso dizer que não sou assim muito fã. Mas deste gostei mesmo a sério.

Esta em cena até 18 de Abril. Por isso, aproveitem.

A luta dos bolseiros

Na passada quinta-feira, os bolseiros de investigação científica manifestaram-se em frente à Assembleia da República. O grande objectivo: a revisão do estatuto do bolseiro, com direito a contratos de trabalho. Porque chega de precariedade.




A imprensa foi um pouco "vaga" na atenção que deu a este assunto, mas aqui fica, de qualquer forma, os links para a notícia publicada no Público online e para a notícia no portal TVI24.
Deixo, igualmente, o link para a o site da Associação dos Bolseiros de Investigação Científica (ABIC), para poderem saber mais sobre esta causa.

Crónica de um fim anunciado



Sábado, dia 6 de Março. Mark Linkous, aka Sparklehorse, decidiu que era um bom dia para pôr fim à sua vida. Há muito que se adivinhava este dia. Principalmente desde 1996, quando, devido ao consumo excessivo de álcool e antidepressivos, ficou inconsciente durante várias horas, de pernas dobradas, o que levou a que estivesse oficialmente morto durante alguns minutos e quase tivesse ficado sem ambas as pernas.
A sua música, densa e intimista, sempre transpareceu esse sentimento.
Passou uma única vez por Portugal, em 2006, pelo Festival para Gente Sentada. Tive a felicidade de lá estar e assistir a esse concerto, muito, muito negro...

Um momento que não se repetirá.



"May all your days be gold, my child."

Lisboa Restaurant Week


Ontem foi noite de Jantar de Primos. O grupo esteve reduzido, por motivo de doença do elemento mais novo, mas, ainda assim, animado.
Resolvemos aproveitar a iniciativa do "Lisboa Restaurant Week", em que restaurantes de alto gabarito propõem menus pela módica quantia de 20€. Ou 19+1€, uma vez que, em cada edição, 1€ de cada menu é doado a diferentes instituições. Este ano, calhou na sorte a CAIS e a Associação Viver a Ciência.
Assim sendo, fomos até à Travessa do Alecrim, junto ao Cais do Sodré, ao restaurante Alecrim às Flores. O menu proponha 2 entradas, 2 pratos principais e 2 sobremesas, à escolha. Da minha parte, a escolha foi:

Entrada:
Cogumelos gratinados com queijo com confit de cebola

Prato Principal:
Medalhões de vitela com queijo da Serra e legumes salteados

Sobremesa:
Afogatto de Tangerina em Champanhe


A entrada não me agradou muito mas, de resto, as escolhas foram boas. Se bem que me pareceu um bocadinho simplista para o dito gabarito do restaurante...
Para a próxima há mais!

Fica a nota para aproveitarem também esta iniciativa, porque é bem interessante.