O fado de ser português

Começo a descobrir que isto de ter nascido em Portugal tem muito que se lhe diga. Somos um povo tendencialmente complicado, emotivo, pessimista. E, para onde quer que vamos, carregamos essa carga emocional connosco. Talvez não seja a ideia que outros povos têm de nós, talvez não se apercebam. Porque, mais importante, somos tendencialmente boas pessoas, de bom coração (embora, está claro, haja de tudo por aí).
Faço esta pequena introdução para vos contar do meu primeiro concerto de fado. A Mariza veio cá cantar ao Barbican e, muito embora não seja grande apreciadora do estilo (sacrilégio!), não poderia faltar. Para não manchar por completo a minha herança lusa, tenho que dizer em minha defesa que tenho uma grande, quase completa, predilecção por vozes masculinas, e isso inclui também o fado. Dêem-me um Carlos do Carmo e a coisa muda de figura.
Gostei muito de ver a sala cheia, seja de portugueses ou não. Gostei de ouvir a minha língua ser cantada e homenageada durante quase 2 horas. Gera um conforto cá dentro que é difícil de explicar. É bom ver o público a vibrar, a bater palmas, a tentar acompanhar. Apesar do dramatismo (ah, também somos muito dramáticos, é verdade), ressoa cá dentro a força dos sentimentos transmitidos pelo fado. Porque isto de ser português traz consigo toda a nostalgia do mundo. 

O que vale é que daqui a nada vou matar saudades...

1 comentário:

Anónimo disse...

No Fado sou mais virada para as vozes femininas... Gosto muito da Amália e mais recentemente a voz da Gisela João aquece-me a alma.
Beijocas da M