Crónica da semana (a quinta), ou a das mudanças

Pois é, pois é, mais uns tempos sem escrever. Perdoem-me a falta, mas houve pouco tempo nos últimos fins de semana, entre uma ida ao rectângulo e umas passeatas por cá. Aqui estou eu de volta para vos entreter por um bocadinho.

Começo a escrever-vos no momento em que o relógio do computador me diz que são 19h24. São boas horas de ir para casa, algo que farei depois da escrita. Estou na minha segunda semana no novo instituto, para onde nos mudámos na semana passada, e o que vos posso dizer é que é estranho. Não acho que seja propriamente resistente a mudanças (até as procuro com alguma assiduidade), mas esta está definitivamente a custar - não porque não esteja a gostar, mas porque estou com dificuldade em sentir este como o meu novo local de trabalho. É tudo novo, super sofisticado (ou a tentar ser), caras novas a passear-se pelos corredores. Mas não me entusiasma. Nem sequer os omnipresentes sofás, espalhados por todos os cantos, me fazem sentir o ambiente como convidativo. Mais parece um centro comercial do que um local de trabalho. Mas adiante. Talvez me esteja a faltar voltar à bancada, pipetar um bocado e tudo fará sentido novamente! Vamos fazer figas para que isso aconteça, porque esta sensação de não pertencer a este sítio está a deixar-me vagamente nervosa...

Ir a Portugal a um congresso foi também uma experiência algo estranha, especialmente ali no Estoril, bem no meio dessa área que foi a minha área de influência durante um bom período de tempo. O meu cérebro sentiu-se particularmente confuso com a alternância entre Inglês e Português, mas foi interessante e sem dúvida muito bom poder matar saudades da família. Desta vez foi mesmo só da família, não houve mais nada para ninguém. Mas daqui a nada vou novamente ao rectângulo, desta vez à zona norte, para matar as saudades todas que me vão preenchendo há já 8 meses... Estar fora do país, ou esta condição de emigrante, não é algo de fácil adaptação. É difícil gerir expectativas (minhas e exteriores), o tempo é tão curto de cada vez que regresso ao país que quase sinto precisar de uma secretária a tempo inteiro para poder organizar o meu tempo! E às vezes só me apetece não complicar, não esforçar e apenas relaxar, aproveitando o pouco tempo que passo por lá. Consciente de que, quando não faço o esforço para ver aqueles que me estão mais perto do coração, certamente passarão mais dois ou três meses até que surja nova oportunidade para tal. Mais de três anos passaram desde que saí de Portugal e ainda não me consegui adaptar a esta minha condição. Será que algum dia acontecerá? Será que deixarei de me sentir neste limbo, nem cá, nem lá?...

Reflexões à parte, parece que o meu bom momento de leitura veio para ficar. Acabei de ler O Jogador, de Dostoievski, que já havia mencionado por cá. Leitura interessante, cativante, mas que não conseguiu ainda convencer-me sobre a reputação do autor. Sei que é a minha primeira abordagem, e talvez a tradução não tenha ajudado. Não desistirei por aqui, porque a minha curiosidade é mais forte (quando me dizem que é um dos melhores escritores a descrever a mente humana). De momento dedico-me a Boris Vian, com uma obra muito polémica e que está a puxar muito pelo meu Francês. Diverte-me, sem dúvida.
Continuam também as caminhadas, com o objectivo primordial de fortalecer pernas e costas. No passado domingo foi vez de rumar a sul até às Seven Sisters (que também já mencionei por cá), numa caminhada longa mas muito bonita. Este país tem realmente algumas coisas boas...

São agora 19h59 e digo-vos adeus. Horas de deixar esta gaiola dourada e ir ver a vida lá fora.
Até breve.

2 comentários:

Anónimo disse...

Mais de três anos e eu sem te visitar uma única vez. Gostava de ir um dia e quem sabe levar a pimpolha comigo. Dás uma bela babysitter ;)

irRita disse...

Fico à espera. :)