Dos Homens e dos Deuses



O filme desta semana foi este recém-estreado "Dos Homens e dos Deuses", filme francês realizado por Xavier Beauvois que venceu o Grande Prémio do Júri no Festival de Cannes, e que será o candidato francês ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro. Muitos atributos para, pelo menos, despertar o interesse dos cinéfilos.
A história desenrola-se no início dos anos 1990, durante um período conturbado (que ainda assim continua) da Argélia. Num mosteiro perdido nas montanhas do Atlas, oito monges cristãos franceses vivem em plena harmonia com os habitantes da aldeia que os rodeia, muçulmanos. Mas a crescente agitação que abala o país, acompanhada por um fundamentalismo religioso, vai colocar em risco esta co-existência harmoniosa. A dúvida instala-se sobre o futuro do mosteiro e dos seus monges: devem ficar ou partir de regresso a suas casas?... E essa dúvida, aparentemente simples, acaba por ser uma questão "maior do que a vida", um símbolo de fé e de idealismo.
Inspirado em acontecimentos reais, ocorridos em Tibhirine, sul da Argélia, entre 1993 e 1996, o filme tenta dar a perspectiva dos monges destes acontecimentos trágicos. Não sei se é propositado, mas a forma como o faz é de tal forma distanciada, que o espectador não sente uma especial comoção. Pelo menos, foi o que aconteceu comigo, e creio que é uma forma de mostrar que, na vida, devemos ter ideais a seguir, e que, se os seguirmos, estaremos em paz connosco e com as consequências que daí advierem. O que, por si só, já é uma mensagem muito importante que nos é transmitida por este filme.
Outro ponto que gostei foi as paisagens. Filmado em Marrocos (suponho que na Argélia fosse impossível filmar), nas encostas do Atlas, tem planos de uma beleza absoluta.
O que me lembra da falta que sinto de paisagens assim, que me façam sentir pequenina e admirar a grandeza do mundo à minha volta...

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