Este ano vive-se a quarta edição do Estoril Film Festival - e a primeira em que, finalmente, fui ao festival (muito embora já noutros anos houvesse bons motivos para passar por lá). São vários os filmes que despertaram o meu interesse, nesta edição, mas constrangimentos de disponibilidade (e vontade) fizeram com que este "Copie Conforme", o mais recente filme de Abbas Kiarostami, fosse o único a constar dos meus visionamentos (até ao momento mas, provavelmente, também até ao final do evento).
Abbas Kiarostami, realizador iraniano de renome, conta com uma vasta carreira cinematográfica, do cimo dos seus 70 anos de vida. Embora reconheça o seu valor, creio não conhecer muito da sua obra. Aliás, na minha cabeça paira ainda (e sempre, talvez) a confusão sobre ter ou não visto "1o", filme de 2002... Não consigo perceber se foi este o filme que vi, ou antes "O Círculo", filme do também iraniano Jafar Panahi... As temáticas não são muito diferentes, devo dizer, em abono da minha pessoa.
"Copie Conforme" é quase que uma Torre de Babel. Filmado em Itália, tem como protagonistas uma actriz francesa e um actor inglês. Os diálogos vão percorrendo as três línguas, sem grandes fronteiras. Ele, William Shimell, é um escritor autor de um livro sobre o valor e dignidade das cópias enquanto veículos da arte em si. Ela, Juliette Binoche, é dona de uma loja de antiguidades e uma mulher intrigante. A história, esse, vamos percebendo com o desenrolar do filme e, como tal, não convém aqui desvendá-la. Apenas posso dizer que é um filme sobre a natureza das relações a dois e suas expectativas. Muito bem filmado, muito bem interpretado, cenicamente muito bonito, e extremamente tocante. Muito bom, assim sendo. A sua edição em circuito comercial está para breve, pelo que soube, por isso estejam atentos.
Depois da exibição do filme, seguiu-se um sessão de perguntas e respostas com o realizador, que durou cerca de 1 hora e meia, e que foi muito interessante. Kiarostami é um artista de uma simplicidade que assombra.
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