PJ Harvey e o concerto mais curto da história



Bem, talvez não tenha sido o concerto mais curto da história da música, mas foi curto que chegue para os espectadores notarem. Miss PJ fez os seus primeiros concertos de sempre na capital do país (por aquilo que me foi dado a perceber), a propósito do seu novo álbum, "Let England Shake". Um álbum muito interessante e diferente do que a senhora tem feito até agora, mas do qual tenho gostado muito. O concerto incidiu, principalmente, nas músicas do último álbum. Mas, quando digo "principalmente", significa que apenas reconheci duas músicas que não fossem desse mesmo álbum, a saber "Down by the water" e "C'mon Billy". É provável que tenha havido mais umas quantas, mas não as reconheci, até porque a roupagem estava bastante diferente.
Ainda assim, o espectáculo foi um bom espectáculo, a senhora é realmente uma profissional (nem se esperaria outra coisa). Mas foi um espectáculo frio, sem grande sentimento. Miss PJ recusou-se a dirigir a palavra ao público até o concerto chegar ao fim, altura em que disse algo como "thank you and goodnight". Quando voltaram para o encore, apresentou a banda - os suspeitos do costume John Parish e Mick Harvey, e Jean-Marc Butty na bateria. Eles foram responsáveis por uma das partes muito boas deste concerto, a competência instrumental. Era tanta que às vezes nem parecia estarmos num concerto, mas sim a ouvir algo gravado em estúdio, tamanha era a "perfeição" estética das músicas. Isto foi, ao mesmo tempo, um ponto positivo e negativo, uma vez que fez com que o concerto perdesse alguma força e espontaneidade.
Foi, acima de tudo, um concerto competente de um álbum com fortes raízes no folk, com uma sonoridade que muito me agrada. Agora que a senhora anda deslumbrada com os agudos que é capaz de produzir, anda. E isso não é muito positivo...

Volta, PJ gutural! Tens mais jeito para cabra do rock do que para ser etéreo e angelical.

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