O nosso anfitrião disse-nos que não era boa ideia porque andam a construir uma central hidroeléctrica e de abastecimento de água no caminho que leva ao glaciar, mas nós, teimosos, resolvemos ignorar e seguir caminho.
Os primeiros 8/9km são basicamente planos, e primeiro que deixemos de ver a vila passa-se quase uma hora, com passagem pelo aeroporto com o seu edifício minúsculo onde todos os dias vemos pequenos aviões a aterrar e a levantar voo.
É verdade que o caminho é feito por uma estrada de terra batida onde o fluxo de camiões de todos os tipos é estonteante. Tal como os escapes que atingem os nossos pulmões! Lá se vai a mais-valia de andar pela natureza... Temos que dar a mão à palmatória e admitir que não foi o passeio mais agradável que fizemos. Mas, ao chegar ao ponto de acesso ao glaciar, saímos da estrada principal e enveredamos por um trilho de floresta junto ao rio, por demais pitoresco. Mais parecia uma floresta encantada, onde poderíamos a qualquer momento ver fadas a saltitar de arbusto em arbusto.
O rio, que resulta do degelo do glaciar (segundo julgo), tem um caudal impressionante e quase que assusta. Há uma zona em que podemos experimentar molhar as mãos, e a água é gelada!
A determinada altura, saímos da floresta e o caminho é então feito equilibrados em pedregulhos (também eles resultado da erosão do glaciar). O cenário é estranho, quase desolador (de tão árido). Um forte contraponto à vegetação luxuriante que deixámos para trás.
Embora não me tenha informado devidamente, parece-me que o glaciar há-de ter recuado muito em tempos recentes. Talvez o resultado de um Verão extraordinariamente quente... Vemos a língua do glaciar lá em cima, na montanha, enquanto que cá em baixo há apenas pedras, e o rio que brota de uma espécie de caverna. Vemos pedregulhos a rolar pela encosta e a mergulhar nas águas. Há algumas pessoas que miram o espectáculo com impassividade! Nós por ali ficamos um bocado. A observar. Natureza e pessoas. Há um rapaz que ensaia uns passos de breakdancing encavalitado numa rocha, enquanto o amigo o filma com o telemóvel.
O regresso é pelo mesmo caminho, novamente com o sol a descer. Temos tempo e, por isso, paramos para uma cerveja no bar de beira de estrada, a observar o burburinho dos trabalhadores em final de dia.
Ao chegarmos à vila, esfomeados, vamos novamente ao café "Panorama". Mas desta vez, para além das cervejas, pedimos um mini-banquete: um pão recheado com carne (kudbari), frango com molho de natas e alho (um frango inteiro!), carne de porco frita com batatas (que muito me fez lembrar a nossa carne de porco à portuguesa), acompanhados com salada de tomate e pepino, mais um pão de milho típico. Não conseguimos terminar tudo, mas quase!
E lá fomos novamente enfrentar o frio até à outra ponta da vila, para aquela que seria a nossa última noite em Mestia.
Puri (o pão típico) |
Vista parcial de Mestia pela manhã |
A igreja de São Jorge |
A floresta encantada na subida para o glaciar |
O rio |
A nascente de onde brota o rio |
Mestia ao final no dia |
O nosso mini-banquete, com kudbari em primeiro plano |
Todas as fotografias por Rita Barbosa
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