A aventura no Cáucaso (dia 7, ou o regresso à "civilização")

Como estamos alojados num AirBnB, não há direito a pequenos-almoços com omoletes e bolo, como tínhamos nas montanhas. Por isso, tivemos que fazer uma breve pesquisa de sítios onde tomar pequeno-almoço. Encontrámos um sítio perto, no coração da cidade velha, com um estilo bastante ocidental (e café Illy!). Aí enchemos a barriguinha para irmos explorar a cidade.

Decidimos seguir um itinerário algo aleatório, mas que basicamente nos leva em direcção a norte, ao longo do rio. Um passeio que se revelou muito compensatório, porque nos permitiu ter uma visão muito abrangente da cidade. Passámos por ruas pitorescas repletas de restaurantes, bem ao estilo do sul da Europa, igrejas, e até encontrámos a velha torre do relógio, suportada por uma viga de metal, tal é a inclinação! Também atravessámos a Ponte da Paz, pedonal, até ao outro lado do rio, onde temos o parque Rike, com o seu futurista Centro de Exposições e Auditório. Que, curiosamente, não parece estar a funcionar...
Regressámos à outra margem e continuámos caminho, absorvendo o recente e o antigo numa cidade de contrastes. Junto a rio encontrámos um café adorável, de seu nome Book Lovers - adequado à posição que ocupa, junto a bancas de alfarrabistas. Uma pausa para uma bebida refrescante com vista para o rio, que veio mesmo a calhar - faz calor!

Mesmo ali, à distância de um lanço de escadas, está o mercado da Dry Bridge (Ponte Seca), onde encontrámos uma panóplia de objectos, principalmente antigos (dos tempos da USSR), que exploramos brevemente. O J. anda à procura de relógios e quer dar uma vista de olhos.

Dali seguimos um bocadinho mais para norte, em direcção à galeria da arte Photographia - como o nome indica, a fotografia ali é rainha. É um espaço pequeno e interessante, com algumas belas fotografias para venda. Há uma que me chama a atenção, tirada em Tusheti (uma outra região montanhosa da Geórgia), de um fotógrafo chamado Maurice Wolf. Às vezes acho que devia investir nestas coisas... mas ainda não tive coragem para me permitir gastar dinheiro nessas coisas!
Somos barrados à saída porque aparentemente anda um cão zangado no átrio do edifício! Ali passamos uns cómicos 5 minutos à espera que nos deixem seguir caminho.

Agora numa zona bastante diferente da cidade, encontrámos a livraria Prosperous Books, fundada por um senhor que escreveu o guia de caminhada na Geórgia que trazemos connosco. É a maior loja em Tbilisi para encontrar livros em inglês (e outras línguas) e tem também um simpático café. Passámos os olhos pelas prateleiras, ansiosos por descobrirmos preciosidades locais... mas tal não aconteceu e saímos um pouco desiludidos.

Com o dia a avançar e nós sem termos almoçado, resolvemos andar mais um pouco, novamente até à outra margem do rio, para fazermos uma visita a um dos melhores restaurantes de Tbilisi, segundo pudemos apurar. Chama-se Barbarestan e tem um ambiente calmo e antiquado (de forma positiva). Na Geórgia não há restaurantes com estrelas Michelin, mas este seria um bom candidato. O menu é distintivamente diferente (perdoem-me o pleonasmo), misturando ingredientes tipicamente georgianos com uma abordagem singular. Baseia-se num famoso livro de receitas elaborado por Barbare Jorjadze, declaradamente feminista, na segunda metade do século XIX. Barbare é uma personagem muito acarinhada no país, e a ela é dedicado o nome do restaurante.

Começamos com uns croquetes de lagostim e uma sopa do mesmo, como entradas para partilhar. A apresentação e serviço são impecáveis. Para prato principal, pedimos um salmão cozinhado em papelote numa cama de vegetais, servido com molho de mel e romã; e um rolo de coelho com coração de espinafres, acompanhado com pequenos marmelos confitados e queijo-creme. Pode parecer uma combinação estranha, mas estava tudo maravilhoso! Para terminar, pedimos duas sobremesas, com toques tradicionais, mas de abordagem diferente: a minha, uma sinfonia de sabores, incluindo um semicrocante de nozes, dois tipos de creme de uva (algo tipo mosto), morangos, notas de chocolate branco e pequenos discos gelatinosos de algo que agora não me lembro. Uma explosão de sabores!

De barrigas cheias e almas consoladas, voltámos ao nosso alojamento atravessando a cidade a pé, num passeio agradável de início de noite.

O interior do nosso edifício

Igreja no centro antigo de Tbilisi

Centro de Exposições e Auditório no parque Rike

A torre do relógio, suportada por uma viga de metal

Alfarrabistas à beira-rio

Mercado de Dry Bridge

O nosso manjar no Barbarestan!

Todas as fotografias por Rita Barbosa

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